Exortação e admoestação
“Eu repreendo e disciplino a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apocalipse 3.19)
Neste versículo de Apocalipse, nosso Senhor Jesus Cristo revela a nossa necessidade de repreensão e disciplina, e que Ele faz isto porque nos ama, uma vez que sendo pecadores, nossa condição natural é a de estarmos desviados do caminho de Deus – o pecado nos tirou da posição em que deveríamos ser achados – e assim, tendo adquirido o hábito do pecado, necessitamos de correção e disciplina para a formação do novo hábito da santificação, de modo que se afirma que todos os crentes têm sido feitos participantes da disciplina de nosso Pai celestial (Hebreus 12.8).
E, muito desta disciplina e correção é feita por Deus, através da instrumentalidade daqueles que tem chamado para liderar a Sua Igreja.
Há muitas coisas que os cristãos devem obedecer e guardar.
Por isso, depois de ter apontado alguns dos deveres da Igreja no quinto capitulo de I Tessalonicenses, quanto à necessidade de vigilância e santificação, com vistas ao encontro com o Senhor, Paulo lhes exortou que se submetessem aos líderes que o Espírito Santo constituiu sobre eles, para velarem por suas almas, uma vez que Deus lhes tem preparado e suprido com dons e talentos espirituais, para regerem Seu povo, e cuidarem dos interesses do Seu Reino através da Igreja.
Eles devem reger, não com rigor, mas com amor. Eles não devem exercer domínio como senhores temporais; mas reger como guias espirituais, servindo de exemplo para o rebanho. Eles estão em governo sobre os cristãos, não como os magistrados civis, porque são auxiliares de Cristo, e devem reger pelas leis de Cristo, e não pelas próprias leis.
Então, com vistas a facilitar o trabalho destes líderes relativo ao aperfeiçoamento dos cristãos para a obra do ministério, Paulo exortou os tessalonicenses a terem aqueles que presidiam sobre eles, em máxima consideração, isto é, lhes dando a devida honra que devem receber, conforme é da vontade de Deus.
O trabalho dos pastores deve ser reconhecido, porque como está no original grego, a expressão “que trabalham entre vós”; significa trabalhar até à exaustão.
Os que presidem o rebanho, no Senhor, devem trabalhar desta forma, fazendo-o entre os irmãos, na convivência com eles, e não distantes como supervisores seculares.
Muito do trabalho destes líderes consiste em admoestar, isto é, disciplinar o rebanho através de conselhos e repreensões (I Tes 5.12). Como velam pelas almas dos cristãos devem receber grande estima e amor de suas ovelhas, por causa do trabalho que realizam. Este trabalho deve ser feito em paz entre os pastores e as ovelhas (I Tes 5.13).
Grande parte deste trabalho dos pastores consiste em prevenir o rebanho dos muitos perigos espirituais, através da Palavra de Deus.
A exortação citada em I Tes 5.14 visa também a consolar os desanimados, que podem estar recuando na fé por causa das suas perplexidades, diante das tribulações e provações que estejam experimentando; ou que por qualquer outro motivo estejam perdendo o seu fervor por Cristo. Exortar significa incentivar, para que se faça progresso seguindo adiante.
Os que são fracos no corpo de Cristo devem ser amparados, e não repreendidos. Devem ser amparados especialmente por nossas orações, até que aprendam a prevalecer com a própria fé.
O exercício da repreensão dos crentes insubmissos deve ser feito com mansidão, segundo a sã doutrina, ou seja, o motivo de serem repreendidos visa à sua restauração; a um andar ordenado segundo a Palavra de Deus.
Tão importante é o exercício da disciplina na Igreja, que nosso Senhor chegou mesmo a ordenar que fosse considerado como gentio e publicano todo aquele que se dizendo crente e participando da comunhão de determinada congregação local viesse a se tornar endurecido no pecado, negando-se ao arrependimento de forma deliberada.
Desde os dias do Velho Testamento, Deus determinou ao Seu povo o exercício da disciplina, de modo que consideraria culpado todo aquele que deixasse de repreender seu irmão por alguma falta cometida (Levítico 19.17).
O ato de disciplinar e repreender traz glória para o nome do Senhor, porque vindica Sua santidade e justiça, com demonstração de zelo e amor por Ele. Como disciplinar e repreender não são procedimentos agradáveis de serem realizados, e colocam em risco a popularidade de quem a isto se aplica, sendo também algo trabalhoso e desgastante em sua própria natureza, então é uma grande prova de amor para com o Senhor, e de desapego a nós mesmos obedecê-Lo neste particular, cooperando para o aperfeiçoamento espiritual de nossos irmãos em Cristo.
Como já dissemos anteriormente, isto deve ser feito no Espírito, com mansidão, brandura e segundo a sã doutrina, e não propriamente por nossos critérios pessoais, ou por motivo de irritação, ou qualquer outro de natureza diferente.
Lembremos sempre que o alvo da disciplina e repreensão não é o de castigar, porque no passado esta palavra traduzida em determinados textos em nossas bíblias tinha o sentido de instruir, e não o de produzir propriamente dor, humilhação, perda e sofrimento, como é a atual conotação da palavra castigar. O alvo é de conduzir ao arrependimento, e de formar o caráter cristão segundo a Palavra de Deus.
Isto pode ser observado especialmente no livro de Provérbios, onde a mesma palavra hebraica para instrução ou correção foi traduzida como castigo.
Você pode ler alguns versículos bíblicos com as seguintes palavras destacadas do texto original:
1 – paideia (grego) – disciplina, instrução;
2 – elegcho (grego) – repreender, admoestar, reprovar;
3 – yakach (hebraico) – repreender, reprovar;
4 – parakaleo (grego) – exortar, incentivar, estimular, confortar, encorajar;
5 – musar (hebraico) – correção, instrução, disciplina; relativas ao assunto, acessando o seguinte link:
http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=33551
Pr Silvio Dutra