Não é de hoje que a igreja do Senhor percebe com tristeza o afastar-se de muitos de seus membros. Crentes que participavam dos trabalhos da igreja, que dizimavam com fidelidade e de repente desapareceram.
Jesus na parábola do semeador mostra alguns ‘tipos de crentes’ e pelo que podemos compreender dos que ouvem a palavra de Deus, apenas um permanece e é de fato servo de Deus. Em todos os exemplos o semeador lança a semente na terra, onde o semeador é o pregoeiro da verdade, a semente é a Palavra de Deus, o Evangelho de Jesus e a terra somos nós simples mortais. No primeiro exemplo a ‘semente’ cai na beira do caminho e vêm as aves e a arrebata, Jesus referia-se àqueles que ouvindo num culto ou mesmo por outro meio a Palavra, logo em seguida, tinham essa Palavra arrebatada, não chegando nem mesmo ao coração, mas apenas na mente. No segundo, a Palavra até era aceita, mas como a terra era pedregosa, não havia enraizamento do que se tinha ouvido e em vindo o ‘sol’ representado pelas tribulações, perseguições e outras dificuldades, secam-se rapidamente, são aqueles crentes que desvanecem depois de algum tempo na igreja. No terceiro exemplo, Jesus fala de um grupo que permanece mais tempo, talvez até os seus últimos dias de vida, mas que na verdade estão tão envolvidos com as coisas desta vida que Deus e a igreja estão no último lugar, são crentes nominais apenas. E o ultimo são os crentes convertidos e comprometidos com a obra.
Ainda nos dias dos apóstolos conforme percebemos, um grupo de pessoas estava abandonando a congregação, as razões não estão explícitas, mas levou o autor da carta aos Hebreus incluir nos seus escritos e instruções esta recomendação “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”.
Hoje, enfrentamos a mesma situação. Crentes têm abandonado a igreja por razões tão insignificantes. Muitos não creram de fato, outros não permitem que a Palavra mude sua vida, alguns estão sufocados com as flores da vida terrena, são membros, são chamados de crentes, mas não vivem o verdadeiro cristianismo. Tenho percebido que o homem na sua imperfeição tem requerido da igreja aquilo que ele não pode dar.
A igreja de Corinto era uma igreja muito problemática, coisas terríveis aconteciam no meio daqueles cristãos, como por exemplo: o rapaz que mantinha relacionamento amoroso (um caso) com a sua madrasta, a balbúrdia na ora do culto em que todos queriam falar em línguas estranhas ao mesmo tempo, e quantos mais que não foram relatados nos escritos sagrados, problemas que talvez levassem muitos crentes de hoje a abandonarem aquela igreja se vivessem naquele tempo. Quantos não têm abandonado a igreja só porque discordou do pastor ou porque de repente se deparou com um escândalo, algo que lhe feriu a alma. Conheço pessoas que decidiram ser ‘crentes em casa’, dizem que estão servindo a Cristo mesmo distanciado da igreja, como se Cristo estivesse divorciado dela. Estes pensam: o que importa é Cristo, a igreja não tem nenhum valor, em outras palavras ‘Cristo sim, igreja não’. Esquecem de bom grado que foi a igreja quem Deus usou para alcançá-lo, a mesma igreja da qual Cristo é o fundador e sobre a qual deu a ordem ‘e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’. O apóstolo Paulo, contrariando tais pensamentos, não abandonou a igreja de Corinto e nenhuma outra, antes exortava e permanecia firme buscando a restauração de cada uma.
Até quando seremos meninos em Cristo? Precisamos pautar nossas atitudes no verdadeiro evangelho, que não só me ensina a receber misericórdia, mas a exercê-la também, que as pessoas que erram na minha igreja hoje podem ser as que me ajudarão amanhã se eu vier a errar, por isso preciso ajudá-las e não abandoná-las. Não estou conclamando ninguém a concordar, aceitar ou praticar o erro, mas a sermos maduros como foi o apóstolo Paulo e o escritor de Hebreus.