por Renato Pastene
“dos filhos de Issacar, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, duzentos de seus chefes e todos os seus irmãos, que seguiam a sua palavra”
A “ciência dos tempos” (1 Cr 12.32) é uma das mais importantes. Compreender os períodos espirituais será cada vez mais essencial, conforme nos aproximamos do fim. Em Eclesiastes 8.5, lemos que “o coração do sábio discernirá o tempo e o modo”. Se formos sábios de coração, daremos atenção a importância de discernir os tempos e desenvolveremos esta habilidade.
Relaciono abaixo alguns motivos que tornam o discernimento dos tempos tão importante para nós:
- Quando você sabe o que vem pela frente, você tem maiores condições de se preparar adequadamente.
Como exemplo disto, pode ser citado o conselho de José a Faraó. Sabendo que viriam 7 (sete) anos de fartura e, em seguida, 7 (sete) anos de fome na terra do Egito, José disse: “E ajuntem toda a comida destes bons anos, que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó […] Assim, será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome” (Gênesis 41.35-36).
- Saber o prazo para terminar determinado período de tempo fortalece a esperança e revigora a alma.
Em Provérbios 13.12, está escrito: “A esperança demorada enfraquece o coração”. Esta é uma das razões por que o Senhor revelou que a grande tribulação irá durar 3 (três) anos e meio (Apocalipse 11.2, 12.6). Durante este período tão difícil, o mais difícil da história humana, a Igreja poderá saber que o sofrimento presente tem uma data final pré-estabelecida. Em Daniel 12.12, está escrito: “Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”. Isto é, também, para incentivar os filhos de Deus à perseverança naqueles momentos do fim.
- Fazer a coisa certa no momento certo produz o melhor resultado.
O profeta Elias, por exemplo, se apresentou ao rei Acabe no momento certo (1 Reis 18). Sua atuação profética no momento exato proporcionou o resultado vitorioso, podendo inclusive ser interrompido o período de seca que durará 3 (três) anos e meio.
Yadha
Quando Eclesiastes diz que “o coração do sábio discernira o tempo e o modo” (Eclesiastes 8.5), a palavra hebraica para “discernira” é yadha. Ao falar sobre os filhos de Issacar, a Bíblia também utiliza a palavra yadha. Na expressão “para saberem o que Israel devia fazer”, a palavra original para “saberem” é yadha.
Quando nenhum sábio da Babilônia soube interpretar o sonho de Nabucodonosor, o Senhor concedeu a ‘sabedoria yadha’ a Daniel. A Bíblia diz que Daniel louvou a Deus, dizendo: “Ó Deus de meus pais, eu te louvo e celebro porque me deste sabedoria e força; e, agora, me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber (yedha *) este assunto do rei” (Daniel 2.23).
Sabedoria de Coração
O “coração do sábio discernirá o tempo e o modo” (Eclesiastes 8.5). A palavra hebraica aqui, para coração, é lebh. Esta palavra é utilizada para referir-se ao interior do ser, local central da natureza interior da pessoa. O discernimento dos tempos e do modo, portanto, não é resultado da simples análise técnica dos fatos e acontecimentos, mas procede de uma dimensão mais profunda. Para ter este discernimento, é necessário adquirir sabedoria de coração.
No Salmo 90, Moisés pede a Deus: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Salmo 90.12). Moisés sábia que existia uma sabedoria mais importante do que aquela relacionada com o conhecimentos teórico e técnico. Ele desejava a sabedoria que poderia ser encontrada em seu coração. Somente com esta sabedoria, Moisés poderia viver para um padrão eterno.
Foi por causa desta sabedoria de coração que Moisés “sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado, tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé, deixou o Egito, não temendo a irá do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hebreus 10.24-27).
A sabedoria do coração nos levará a não edificarmos coisas que serão destruídas diante do julgamento de Deus. Se discernirmos o tempo e o modo, seremos levados a construir coisas permanentes. Não seremos como aqueles homens que edificaram a Torre de Babel (Gênesis 11.1-8), mas estaremos realmente edificando a Casa do Pai (Hebreus 3.-5-6).
* Correspondente na língua aramaica para yadha.
Blog do autor: http://ministeriotorredevigia.wordpress.com