“Visto, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: porque aquele que padeceu na carne já deixou o pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão,” (I Pedro 4.1-4)
O apóstolo aponta nesta passagem a necessidade que temos de mortificar o pecado. Paulo havia dito em Romanos que nós morremos juntamente com Cristo, e que os Seus sofrimentos e morte foram considerados por Deus como sendo nossos, de maneira que nos encontramos identificados com a sua morte e sofrimentos.
E a causa daqueles sofrimentos e morte que Jesus padeceu, não foi por algum pecado Seu, próprio, mas em razão dos nossos pecados. Ora, se o pecado foi morto pela morte de Cristo, então importa que o mortifiquemos em todo o nosso viver, a par de todos os sofrimentos e renúncias que isto possa nos trazer, porque afinal, Jesus que não tinha pecado, suportou tudo e renunciou a tudo por nós.
Assim, o sentido é: “Como Cristo sofreu em sua natureza humana, vocês, de acordo com o seu voto batismal e profissão, façam a sua natureza corrupta sofrer, colocando à morte o corpo do pecado pela abnegação e mortificação, porque, se você não agir assim, você não será conforme a Cristo na sua morte e ressurreição, e não deixará o pecado.”
Negue as paixões do Seu ego. Negue seus desejos carnais. Renuncie aos prazeres mundanos pecaminosos, e viva de modo criterioso e sóbrio para Deus. O início de toda verdadeira mortificação está na mente, não em penitências e flagelações do corpo. A mente do homem natural é carnal, cheia de inimizade contra Deus.
Deste modo, o apóstolo nos convoca a termos isto sempre presente em nossa mente, ou seja, estarmos com o nosso pensamento previamente armado para esta necessidade de suportar os sofrimentos e renúncias com paciência, sabendo que isto é o que contribuirá para uma efetiva mortificação dos nossos pecados pelo Espírito Santo, que trabalhará em nós segundo a aplicação da nossa vontade em tal direção.
O crente morreu com Cristo para o pecado, então a conclusão óbvia é que o pecado deve também morrer em nós. Pedro considera que o que o crente já praticou de pecado antes da sua conversão debaixo da direção de Satanás já foi mais do que suficiente para que ele continue negligentemente fazendo concessão ao pecado mesmo depois da conversão.
Ele já não é mais escravo do pecado e nem do diabo, mas da justiça e do Deus vivo. Não importa que os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem ao Senhor e nem aos mistérios revelados da santidade da vida cristã, porque não amam a Deus e a Bíblia, pensem que esta forma de viver em santificação é algo estranho, e com isso façam duras críticas ao viver dos crentes, quando estes seguem a vontade de Deus e deixam de lhes acompanhar em suas devassidões.
Esta rejeição é mais uma das muitas formas de sofrimento que o cristão terá que enfrentar em sua fidelidade a Cristo.