Certa vez, eu estava num dos tantos congressos de adoração nos quais tenho ministrado e participado, e comecei a observar as pessoas ali presentes. De repente me veio uma tristeza profunda ao coração, porque vi alguns rostos familiares, conhecidos de outros congressos e eventos, se comportando de maneira estranha, como se fossem crianças de colo. O ministro encarregado de conduzir o louvor naquela hora induzia as pessoas a correr para o colo de Jesus, e as pessoas corriam de um lado para o outro, às vezes atropelando umas às outras. E a impressão que dava era que estavam como que hipnotizadas. De repente o pastor principal da igreja chamou para o momento da oferta. E aí houve uma transformação total. As pessoas pararam de correr e imediatamente se sentaram, de maneira automática, como se tudo que havia acontecido antes fosse apenas “um momento” de brincadeiras.
Eu não tenho nada contra brincar, aliás, eu amo brincar. Mas quando se trata de adoração, eu procuro adorar o Senhor “em espírito e em verdade”. O que me chamou a atenção foi que tudo acontecia de forma automática e mecânica. E o pior é que a canção não falava quase nada a respeito do Senhor, mas era voltada exclusivamente para “a noiva”. Como se o alvo principal fosse alcançar “um momento de prazer”, e não alcançar o coração de Deus com a nossa adoração.
Eu tenho momentos em que preciso literalmente de me aconchegar “no colo” do Pai. Quando acabo de passar por uma grande luta, ou quando estou atravessando um deserto, entre outras coisas. Mas é apenas um momento em que paro para refletir, e buscar direção do Senhor para tomar alguma decisão. Eu tenho mais de duas décadas andando com o Senhor. E sei muito bem qual é meu chamado e o propósito da minha vida nesta terra. Algumas canções que cantava quando era novo na fé, hoje já não fazem mais sentido. Talvez façam sentido para outras pessoas. Mas nesses congressos, tenho visto pessoas que se comportam assim, há mais de dez anos. Como se não quisessem crescer. E um pouco isso é culpa dos ministros que insistem em alimentar o povo apenas com “leitinho” espiritual. Não há desafios, não há confrontos, praticamente não se fala da cruz. Apenas se ministram coisas como: Você é um vencedor, Seja feliz, seja prospero, seja O CENTRO!
I Corintos 14: 20. Irmãos: deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos.
Eu vejo que de dez anos para cá, a palavra ministrada tem sido muito fraca. Muitos têm ministrado mais para se manter no topo do que para alimentar o povo. Como se apenas quisessem vender seu “peixe”. Lançando doutrinas e modas, que o povo segue cegamente.
O apostolo Paulo fala claramente do propósito da igreja em Efésios 4.
Efésios 4
11) E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,
12) com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado,
13) até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo.
14) O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por
todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro.
15) Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.
16) Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada
parte realiza a sua função.
Será que nós, os ministros e pregadores, estamos preparando os santos, para a obra do ministério, ou apenas estamos guiando eles para serem cada vez mais dependentes de nós?
Será que estamos caminhando para a unidade da fé? Ou apenas queremos nos dar bem e que os outros se “danem”?
Muitos se dizem profetas, outros se dizem apóstolos, outros mestres. Mas estão realmente cumprindo essas funções?
O problema que vejo, (e que me incomoda mais), é a astúcia de alguns ministros para manter o povo debaixo de uma “nuvem de gloria” falsa.
Eu vejo mais como uma nuvem de emoção, nuvem de fantasia, nuvem de ilusão. Quando a verdadeira Nuvem de Glória se manifesta, a coisa é diferente.
2 Crônicas 5: 13) Os que tocavam cornetas e os cantores, em uníssono, louvaram e agradeceram ao SENHOR. Ao som de cornetas, címbalos e outros
instrumentos, levantaram suas vozes em louvor ao SENHOR e cantaram: “Ele é bom; o seu amor dura para sempre”. Então uma nuvem encheu o templo do SENHOR,
14) de forma que os sacerdotes não podiam desempenhar o seu serviço, pois a glória do SENHOR encheu o templo de Deus.
2 Crônicas 7: 1) Assim que Salomão acabou de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios, e a glória do SENHOR encheu o templo.
2) Os sacerdotes não conseguiam entrar no templo do SENHOR, porque a glória do SENHOR o enchia.
Quando a Nuvem vem, nenhum sacerdote tem como continuar ministrando ou conduzindo alguma coisa, porque a Nuvem, simplesmente toma conta de tudo.
Mas enquanto mantermos o povo sendo alimentado com leitinho espiritual vamos continuar tendo cultos de “brincadeira”, onde nosso objetivo é atingir o máximo de prazer possível. Quando conseguimos “manter” o povo de Deus como crianças, conseguimos fazer com que eles dependam de nós e não de Deus.
“Venha amanha, que vou lhe dar um pouco mais desse leitinho”.
“Fica no colinho, sempre no colinho”.
Meus amados: está na hora de largar as fraldas espirituais e começarmos a crescer, para que possamos cuidar de outros também, e não apenas sermos cuidados.
Conheço gente de mais de vinte anos de crente que ainda reclama que não estão sendo pastoreados. Eu respondo:- Fala sério!, era para você estar pastoreando. Eu concordo, com termos uma cobertura espiritual, mas eu creio nessa cobertura mais em nível de amizade, de poder abrir o coração, de orarmos uns pelos outros. Alguém com o qual você possa contar. Eu tenho um pastor, a quem presto contas, e é quem ora por mim e por meu ministério, mas não fico o tempo todo ligando para ele, pedindo oração e aconchego. Tem horas que preciso de conselho, e procuro conversar com ele, para ter um esclarecimento. Mas às vezes Deus me usa também para aconselhá-lo.
Podemos nos pastorear mutuamente. Quando você vai ao culto da sua igreja, esta sendo pastoreado. Mas essas pessoas “carentes”, na verdade estão procurando ser o centro. Por isso levam mais de vinte anos se queixando de que não são pastoreadas. Isso realmente é coisa de criança.
Este texto visa abrir os olhos, tanto do povo como dos ministros.
Vamos crescer, para que o Reino cresça.
Paz para o teu coração.
Por Jorge Russo
Fonte: Portal Adorando