O fanatismo que leva à intolerância contraria os pensamentos de Jesus
John Wesley, em seu ministério no século XVIII, explanou uma das mais completas definições sobre fanatismo em seu sermão 37, denominado “A natureza do Entusiasmo”. Nele, John afirma que os racionais desprezam as coisas do coração e julgam os pietistas como: “estás fora de ti!”, pois os julgam irracionais, entusiasmados. Mas, contrapondo-se a isso, quando o entusiasmo é usado em sentido depreciativo é uma desordem da mente, não loucura, mas rancor, raciocinando sobre premissas falsas. É a fobia religiosa. Fanatismo.
Os fanáticos são os que imaginam que têm a graça, quando não a têm. Conversões superficiais. Ardente zelo mundano erroneamente tomado como religião. Ritos exteriores falsamente tidos como religião.
Os fanáticos são os que imaginam que possuem dons que na verdade não possuem. Buscam conhecer a vontade de Deus por métodos antibíblicos irracionais, constituindo quebra do terceiro mandamento.
Os fanáticos esperam atingir os fins sem os meios, como esperar compreender a Palavra de Deus sem usar de estudos e de auxílios, ou pretender falar em público de improviso.
Os fanáticos não entendem que a crença em uma Providência particular tem garantia bíblica e que Providência de Deus é tanto geral como particular, e tanto particular como universal.
O fanatismo gera orgulho e obstinada confiança de espírito, e desprezo pelos outros, portanto devemos nos acautelar-nos do entusiasmo do fanático ardente e perseguidor, do iludido que se fantasia cristão por causa de obras exteriores, dos que imaginam e desprezam o uso dos meios.
Aqui passamos a entender como a ausência da razão, e foco central nas emoções, despreza o bom senso e a inteligência. O fanatismo tem se espalhado por diversas religiões. Haja vista, os feitos dos talibãs, osamas, judeus, muçulmanos, cristãos, cruzadas, árabes… enfim!!
O desprezo pelo outro tem tomado conta desses corações, e não entendem que o diálogo e o bom senso são a marca para bons relacionamentos.
Impor uma fé não é civilizado, nem Jesus fez isso! Ao contrário, ele orientava, alertava e mostrava caminhos. Aliás o bom senso predominava nos sermões de Cristo. O equilíbrio de Cristo é a tônica em seu ministério. Para tanto não desprezou as viúvas, pecadores, publicanos, nem o rabinato judeu, mas valorizou o ser humano, mesmo preso pelas amarras sociais, econômicas, políticas e religiosas. Mostrou o “caminho, a verdade e a vida”, sem impor-lhe à força, mas através do amor, do diálogo, do equilíbrio.
Fé e armas: dicotomia que tem levado muitos para bem distante de Deus. O fanatismo está relacionado dentro do caráter cristão? Como o cristianismo deve comportar-se diante das explosões fanáticas e extremistas, internas ou não? Essa reflexão é imprescindível para dirigir nossa fé no relacionamento com o outro.
Será utopia, sonhar com o dia em que as perseguições e as guerras “em nome de Deus” acabem, e os humanos voltem a dialogar com Deus e o próximo?! Será que as ditas “guerras santas” são o prenúncio escatológico dos tempos do fim.
Não importa! O que vale é a impressão que o senhor Jesus, nosso salvador e melhor exemplo de tolerância que deve focada no ser humano (não nas ideologias religiosas), nos demonstra. Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Quem é o próximo? Jesus afirma: “…Amai os vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes quem vos ama, que recompensa tereis? Os publicanos também não fazem o mesmo? E, se cumprimentardes somente os vossos compatriotas, que fazeis de especial? Os gentios também não fazem o mesmo? Sede, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mt. 5.44-48).
Intolerância leva ao fanatismo e ao extremismo. Portanto aceitemo-nos, uns aos outros. Nas relações humanas a ênfase está no humano: menos intolerância e mais tolerância ao ser humano!