Os cristãos utilizam-se da música para comunicar-se, desde há muitos séculos, com ênfase na Reforma Protestante, quando Lutero e outros pastores europeus e de movimentos avivalistas, utilizaram-se dessa forma de comunicação para ampliar seus objetivos.
Assim através da música, comunica-se com Deus, entre eles e com os incrédulos. Com a popularização das canções (melodia e letra simples) o padrão protestante brasileiro aperfeiçoou essa ferramenta e usa-a na evangelização, reforço de mensagens e nos momentos de adoração. Assim os cultos tornaram-se mais informais e emocionais, um dos fatores da penetração dos evangélicos nas diversas camadas da sociedade.
Gospel: mudanças de valores. A explosão gospel, desde 1990, que é sinônima de música religiosa moderna – ou contemporânea – oriunda da sociedade religiosa norte-americana, foi transportada para o Brasil, onde passou a designar um gênero musical, pois foram desencadeadas a partir da profissionalização de músicos.
Ocorre que esses enfatizam o valor superior do louvor e da adoração no culto. Assim temos: o privilégio ao lugar da musica no culto; utilização de tecnologia para o canto congregacional; desaparecimento de conjuntos musicais evangélicos; e o surgimento de ministérios de louvor no culto; adoção de diferentes gêneros e estilos musicais; inserção de apresentações de danças; surgimento de “louvorzões”; difusão predominante das rádios evangélicas; status de artistas gospel; e, os programas evangélicos que passam a ser programas de lazer e entretenimento. Será essa uma das formas da consolidação da igreja evangélica no Brasil? – questiona-se.
A música através da explosão do movimento gospel foi redefinida em seu sentido na sua utilização no culto: ela passou de uma forma de expressão para a mediação do sagrado. Valorização dos “levitas” e a ênfase pelo modelo culto do A.T. ignoram o modelo de culto do Novo Testamento, marcada pela teologia da Nova Aliança que é ignorada.
Esse movimento precisa ser refletido, pois ele nos remete ao fato de que as celebrações musicais são momentos mágicos “que faz acontecer” e o viver diário fica em segundo plano, abrindo um grande abismo entre o viver cristão e o que se quer dizer na “adoração” cínica nos cultos de nossas igrejas.
Os momentos de louvores e adorações saem da esfera do serviço cristão e passa a ser uma forma de aproximar de Deus para resolução de problemas vários. Deus é apresentado como muito distante e é alcançado pelos “adoradores”. Aí entra a questão do individualismo, pois a busca dependerá exclusivamente de “você”, independente da justiça, do serviço e do compromisso concreto e coletivo. Devemos rever as práticas musicais para realizar um culto agradável a Deus.
Para refletir: A música evangélica tem fortalecido, realmente, as comunidades cristãs em suas celebrações ou são apenas formas de entretenimento e negócio nessa fase do cristianismo no Brasil?