Por William Macdonald
Introdução:
O que você pensa de uma pessoa que diz: “Meus pais eram membros desta denominação. Eu nasci nela e eu morrerei nela”. Você dirá: “Penso que ela está errada ao dizer isso” “Sim, mas porque ela está errada? ”
“Suponho que seja porque ela assume que sua denominação está certa e sempre estará certa”.
“Bem, então, a qual denominação ou grupo ela deve ser leal?” “Suponho que ela não deva ser leal a nenhuma denominação, porque nenhuma denominação é perfeita”. “Uma questão final. Se ela não deve ser fiel a nenhuma denominação ou grupo cristão, a que ela deve ser leal?” “Ela deve ser leal ao Senhor e aos princípios de Sua Palavra”. Sim, naturalmente! Esta é a única resposta correta. É um erro desenvolver uma lealdade eterna a qualquer comunhão cristã, não importa o quanto escritural ela possa ser naquele momento.
Mesmo supondo que você rejeite toda a ideia da denominação. Suponha que você se reúna com cristãos que rejeitam qualquer nome sectário. Suponha, por exemplo, que eles se refiram a eles mesmos pelo nome inócuo de “a assembléia”. Busquem se aderir ao ensinamento da Palavra. Deveria você lançar todo sua sorte com eles permanentemente e ser leal somente a eles?
Se você o fizer, descobrirá que está em uma posição difícil. Você está entregue a um grupo que quase invariavelmente muda com o passar dos anos. Esta tem sido a história de quase toda comunhão cristã. Tendências liberais se arrastam para dentro dela. O zelo e a carnalidade dá lugar ao formalismo. Uma hierarquia denominacional se desenvolve. Logo se pode escrever “Icabo” sobre todas as coisas – a glória se foi.
Então mais uma vez, se você é leal a um grupo ou assembléia, sempre se levanta a questão: “Com quem particularmente devo concordar?” Há uma grande diferença entre os grupos de igrejas locais, bem como há grande diferença entre os indivíduos. Alguns são abertos, outros são exclusivos. Alguns conservadores, outros liberais. Alguns têm pastor que preside sobre a congregação, outros repudiam o ministério de um só homem. Não existem duas assembleias exatamente iguais.
Assim, existe um problema real. A que assembleias devemos ser leais? Devemos nós cegamente nos subscrever a todas as assembleias que podem estar listadas em um catálogo de endereços semioficial? Parece óbvio que não podemos consistentemente fazer isso. Devemos julgar cada assembléia individualmente pela Palavra de Deus, quanto ao que diz respeito à nossa própria afiliação pessoal.
Aqui está um outro problema. Se a minha lealdade deve ser a um grupo particular das igrejas locais, qual deve ser a minha atitude em relação a outros grupos cristãos que podem de alguma forma ser tão restritos ao padrão do Novo Testamento quanto o meu? Como posso avaliá-los? Simplesmente aceno para eles
dizendo: “Eles não estão entre ‘nossas’ assembleias”. Eu os aceito ou os rejeito pelas suas atividades que são relatadas em uma das ”nossas” revistas?
Então existe o assunto dos obreiros cristãos individuais “fora do nosso círculo”. Como podemos avaliá-los? Pergunto: “Ele foi recomendado por uma das nossas assembleias?” “Ele está conosco?” Ou inquiro se ele está servindo o Senhor de acordo com os princípios do Novo Testamento?
Certamente a política mais fácil é julgar indivíduos ou grupos por estarem ou não “conosco”. Isso não requer exercício espiritual ou discernimento. Mas é uma falsa e perigosa base de julgamento. Ela suplanta a Palavra de Deus com a nossa autoridade final. Ela assume um antecedente de que “nós” estamos corretos em nossa posição e que todos os demais devem se conformar conosco.
Ela nos conduz à inconsistência, embaraçamento e confusão. Os cristãos devem ser ensinados a testar todas as coisas pelas Escrituras. Esta é a nossa única autoridade. A questão não é: “Como fazemos em ‘nossas assembleias’?” mas “O que a Bíblia ensina sobre isso?” Nossa lealdade deve ser primeiro, último e sempre ao Senhor e aos princípios de Sua Palavra. E não devemos nunca assumir cegamente que qualquer grupo de crentes tem um monopólio da verdade, está apegado ao Novo Testamento em sua totalidade, ou está imune ao desvio ou afastamento.
Toda geração deve se guardar contra o perigo de escorregar para dentro da forma denominacional e sectária de pensar. Através dos séculos, tem havido grandes movimentos do Espírito Santo no qual certamente verdades têm sido recuperadas do entulho da tradição, formalismo e ritualismo. A primeira geração, isto é, os vivos no tempo destes movimentos foram adestrados com relação aos princípios escriturais envolvidos. Mas então a segunda e a terceira geração tenderam a seguir o sistema rotineiramente porque seus pais estavam ali, e porque eles mesmos foram criados ali. Houve um declínio da verdadeira convicção e um incremento na ignorância das bases bíblicas do padrão seguido.
Deste modo a história da maioria dos movimentos espirituais tem sido convenientemente descrita na série de palavras: homem… movimento… máquina…monumento…. No princípio há um homem, ungido de uma forma especial pelo Espírito Santo. Como outros guiado para a verdade, desenvolve um movimento. Mas lá pela segunda ou terceira geração, as pessoas estão seguindo um sistema com precisão como uma máquina sectária. Finalmente nada é deixado além de um inanimado monumento denominacional.
Se você fosse perguntar para uma amostragem de cristãos: “Porque você se reúne na comunhão daquela igreja?” Quantos deles você acha que poderiam claramente dar uma resposta bíblica? Não muitos! Há uma ignorância generalizada da verdade sobre a igreja do Novo Testamento, e por isso uma fraqueza geral de convicção sobre o assunto. Como podemos ter fortes convicções sobre algo que não conhecemos ou entendemos?
Na assembléia saudável do Novo Testamento, aqueles que estão na comunhão sabem porque estão ali. Eles não são degustadores de sermão ou seguidores de homens, mas cristãos que estão bem embasados na verdade do evangelho e da igreja. Eles estão preparados para julgar todas as coisas pela Palavra. Eles não estão inalteravelmente comprometidos a nenhum grupo particular de assembleias. Se se desenvolvem tendências que não são bíblicas e desonram o Senhor, buscarão a direção do Espírito Santo para a companhia daqueles que se encontram em obediência à Bíblia.
Extraído de um livreto,
disponível na Editora Restauração