“Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia. Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao Senhor, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei. Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. Os levitas fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; e não estejais contristados. Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar-se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram explicadas.” (Neemias 8.8-12)
Quando o povo de Israel foi restaurado em sua própria terra, vindo do cativeiro em Babilônia, houve uma reunião solene presidida por Neemias e Esdras, ocasião em que as Escrituras Sagradas foram lidas e ensinadas ao povo.
O primeiro sentimento deles foi de grande tristeza, de profundo pesar, por saberem que tudo o que estava escrito na Lei de Moisés lhes sobreviera em razão do viver pecaminoso deles e especialmente de seus pais, e podiam entender agora o quanto haviam agido contra um Deus tão puro, amoroso e santo, e quanto haviam desconsiderado a sua Palavra que agora, estava lhes sendo recordada.
A tristeza do arrependimento, que é segundo Deus, não é para produzir abatimento e sentimentos de morte, senão de alegria e de vida.
Quando podemos reconhecer que Ele deve ser obedecido e amado, e que o pecado deve ser confessado e deixado, temos nisto motivo para nos alegrarmos em Sua presença, porque certamente Ele também está alegre conosco, e o prova concedendo-nos a força da sua graça para gerar em nós a mais pura alegria espiritual.
Importa então que seja expressado no exterior, aquilo que está presente no nosso interior, porque se Deus afasta o nosso opróbrio, nos restaura na terra santa da sua gloriosa presença, isto não é motivo para tristeza, senão para grande alegria, e por isso fizeram bem Neemias, Esdras e os levitas em instruírem o povo a não estar contristado no dia da reconciliação, mas se regozijar grandemente, em face da bondade e misericórdia recebidas de Deus.
Assim, quando o Senhor nos convence dos nossos pecados, pela sua Palavra, e nos arrependemos e lamentamos, ficamos na condição que é adequada para recebermos as grandes e mui preciosas promessas do evangelho.
Se cumpre a palavra da promessa do efeito do evangelho feita através do profeta Isaías:
“…e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória.” (Isaías 61.3)