Artigo de Por John Piper, traduzido pelo Pr Silvio Dutra.
Quero sublinhar a grande verdade que a alegria cristã não morre quando as tristezas abundam. Alegria e tristeza na vida cristã não são sequenciais, mas simultâneas. Somos chamados a nos alegrar sempre, e ainda que sofrimentos rompam como ondas sobre nossas vidas.
O Salmo 30.5 diz: “O choro pode durar toda uma noite, mas a alegria vem pela manhã”, a qual é sequencial. Estou ciente disso. Eu não acho que isso é uma contradição, no entanto, porque há uma espécie de alegria que é livre de dor, livre de sofrimento, e sem lágrimas. Deus faz isso o tempo todo para nós. Nós não estamos experimentando a dor porque algo aconteceu para tirar essa dor na parte da manhã. Mas isso nem sempre acontece dessa forma. Mesmo na noite anterior, quando o choro é abundante, a alegria não passou. Ela não morreu.
Paulo nos ordena: “Finalmente, irmãos, regozijai-vos no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós. Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão;” (Filipenses 3.1,2). Ele não disse: “Alegrem-se, e, em seguida, parem de se alegrar e lidem com o conflito.” Não. “Alegrai-vos no Senhor… e guardai-vos dos cães.” Isto é simultâneo.
Em Filipenses 3.18, Paulo descreve essas pessoas novamente: Eles são inimigos da cruz aos quais me referi antes e agora vos digo novamente com lágrimas. Paulo está chorando por causa dos cães e maus obreiros, mesmo quando ele nos ordena a regozijar-nos no meio do conflito. Apenas alguns versículos depois, no capítulo 4, ele diz (e repete, para que não percamos o ponto), “Alegrai-vos sempre, e mais uma vez eu digo alegrai-vos” (Filipenses 4.4). A repetição diz: Sim, eu tinha a intenção de dizer sempre, porque eu já afirmei para vocês como vocês se alegram e choram ao mesmo tempo.
E a chave para este tipo de alegria nas circunstâncias em que estamos propensos a murmurar ou reclamar ou chorar é encontrado na soberania de Cristo e na doçura de Cristo.
Mesmo em Provações, Você Exulta
Talvez seria útil se eu lhe desse um par de outros exemplos da Bíblia que sustentam esta experiência simultânea de tristeza e alegria – não sequencialmente, mas simultaneamente:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não pode murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações,” (1 Pedro 1: 3-6).
Não há nenhuma sequência lá. “Nisto você se alegra, se você está triste” são experiências simultâneas. Essa é a natureza da vida cristã. II Coríntios 6.10 diz simplesmente, “entristecidos, mas sempre alegres.” Estes são eventos simultâneos para os seguidores de Jesus. Portanto, quando tristezas vêm sobre nossas vidas enquanto cristãos, os quais agem e pensam regularmente sob o cuidado providencial e disciplinador do nosso Pai, nossa alegria não morre.
O Dia em que Minha Mãe Morreu
Quando eu tinha 28 anos, minha mãe morreu. Lembro-me exatamente onde eu estava de pé quando o telefone tocou. Meu cunhado disse: “Johnny, eu tenho más notícias. Sua mãe morreu em um acidente de ônibus.” Eu caí para trás e me ajoelhei no quarto, na minha cama, e chorei por duas horas.
E, como eu chorei pela perda de uma das pessoas mais importantes na minha vida, eu estava cheio de alegria. Fiquei impressionado com a alegria que ela foi uma ótima mãe. Em segundo lugar, Deus lhe tinha dado para mim por vinte e oito anos. Em terceiro lugar, nós tínhamos sido maravilhosamente conciliados pela maneira que eu a tratava como um filho. Em quarto lugar, ela não sofreu por um longo tempo. Foi instantâneo, em um momento. Por último, eu estava cheio de alegria, porque ela estava com Jesus.
Juntamente com a perda, pesada – dolorosa, de cortar o coração, de lágrimas sendo derramadas – havia alegria, alegria, alegria. A alegria cristã não é para ser morta pelas dores.
Tristeza e Doçura
Para outro exemplo, cerca de três semanas atrás eu falei com a minha irmã mais velha. Deus tem sido bom para conosco ao longo dos últimos anos por nos dar um renovado, mais doce, relacionamento mais profundo. Eu só a via uma vez por ano mais ou menos. Ela vive há 1.100 milhas de distância. Nós estávamos no telefone e falávamos principalmente sobre tristezas em nossas vidas. Nós estávamos compartilhando nossas tristezas e ambos fomos tomados totalmente pelas emoções daqueles momentos. Quando desliguei, eu disse à minha esposa: “Essa foi a melhor conversa que já tive com minha irmã.”
O que foi aquilo? A conversa foi totalmente dominada por lágrimas – com tristeza – mas alguma outra coisa estava acontecendo. Havia uma doçura emocional e vínculo entre nós. Meu ponto é que a alegria cristã em Cristo não está morta na tristeza. Ela não morre quando as tristezas abundam.
Uma Chamada à Alegria
Permita-me deixá-lo com esta exortação pessoal de Filipenses. Receba-a como se o inspirado apóstolo Paulo, e até mesmo o próprio Cristo, estivessem falando para você.
“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.
Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.” (Filipenses 4: 4-7)