Ela tinha apenas 17 anos. Quando saiu da sala do doutor, a enfermeira lhe disse: “Deus nunca te perdoará por isso”. E foi assim, com essas palavras que ela foi obrigada a recomeçar sua vida; com o medo e quase certeza que era verdade, que nunca seria perdoada. Não era como ela queria, fazer aquela decisão, mas apareceu como a única opção. O que faria com um bebê? Era muito jovem para ser mãe e, de qualquer jeito, o seu namorado não queria o bebê também.
Infelizmente, essa é uma situação bem comum e que muitas jovens se acham nesses dias. Confrontada com o medo de uma gravidez não desejada, um namorado que não quer nada com um bebê e uma cabeça cheia de coisa desconhecidas, num mundo que acha melhor “terminar” com uma gravidez. O fato verdadeiro, mas triste, é que muitas jovens estão abortando. Então, qual deve ser a nossa posição em relação a esse problema?
Eu gostaria de assumir um lado diferente nesse assunto, um lado que muitas vezes é esquecido. Não sou, e nunca serei, a favor – ou falar – do aborto como se fosse uma coisa normal ou tudo bem, porque não é. É simplesmente tirar uma vida, um assassinato. Eu também não vou levar o lado da criança que não nasceu, porque já ouvimos esse lado muitas vezes. O que eu quero fazer é olhar para o lado da jovem que fez o aborto. Não da maneira de defender a sua decisão, mas de defender a sua pessoa.
Muitas vezes, o aborto é visto e falado como um pecado imperdoável. Ele não é. Não é diferente, me perdoe se você não concorda, de qualquer outro pecado aos olhos de Deus. Todo pecado, incluindo os exageros que saem de nossa boca, conhecidos mas não chamados de mentira, colocaram Jesus na cruz. Jesus não sofreu nem um pouco a mais na cruz pelo pecado do aborto do que pela fofoca ou gula. Mas, nós vemos e tratamos o aborto como se fosse “o pecado” de todos pecados. Deixe-me falar que eu, de jeito nenhum, estou a favor ou desculpando o aborto. Eu estou simplesmente tentando trazer um equilíbrio ao assunto.
Minha preocupação depois do aborto não é mais com aquele bebê que eu não posso salvar ou resgatar, o qual, eu creio, já está no céu, mas com a vida potencialmente destruída daquela jovem, saindo do consultório do doutor com uma consciência tão pesada, que quase a impede de ir em frente só para encontrar com uma enfermeira fria e chata informando que ela acabou de comprar uma passagem sem devolução para o inferno. E tudo isso antes de sair do consultório médico. Sem saber dos “crentes” que vão chamá-la de assassina.
Eu não sei, mas é muito difícil para mim achar Jesus nesses atos carentes de compaixão. Sim, eu acho importante a gente falar de aborto. Sim, eu acho que nós temos o dever de falar com aquelas que já fizeram abortos, até com aqueles doutores que os fizeram. Mas temos que chegar como Jesus chega e chegou. Ele veio com amor. Ele veio com paixão. Ele olhou além do pecado e viu o pecador desesperadamente precisando de amor e perdão. E assim é como devemos ver e tratar, tanto aquelas que abortaram quanto os que cooperaram.
Em Lucas, capítulo 8, conta a história de uma certa “mulher imoral” que veio até Jesus enquanto ele estava comendo com um grupo de fariseus. Ela entrou e caiu aos Seus pés, e a Bíblia fala que ela os lavou e os secou com o seu cabelo. Depois, ela ungiu os Seus pés com um perfume caro. A verdade é que aquela mulher era uma prostituta. Jesus sabia disso e ela não precisava de alguém para informar o seu pecado. Assim como também aquelas que já abortaram não precisam de alguém para informar que elas mataram uma criatura viva de Deus… elas já sabem. As suas consciências já as condenam, como a da prostituta. Por que você acha que ela estava chorando? Ela sentia-se condenada, mas sabia do que precisava e de quem ela podia conseguir. Jesus é o único que pode perdoar pecados, e perdoa. Ela, com certeza, não precisava da “ajuda” ou dos olhos maus daqueles que estavam sentados à mesa falando da sua “sujeira” e da ignorância de Jesus em deixar alguém como ela o tocar. O que ela precisava, recebeu de Jesus; amor incondicional e perdão pelos pecados que ela sabia que já cometera. Quão grande é a misericórdia e graça de Deus? Com certeza, a profundidade do Seu amor é algo que todo homem pode experimentar, mas nunca entenderá completamente.
Eu quero terminar com algumas dicas:
1. Não desistir em tentar prevenir o pecado do aborto, mas se o ato já foi feito, não desista daquela pessoa que o cometeu porque ela está precisando ver e sentir o amor de Deus como nunca. Vamos lembrar que mesmo sendo um ato horrível, o sofrimento daquela pessoa está apenas começando. Nós sabemos que existe perdão para o pecado, mas falta de memória é rara. Nós devemos ser lembrados de que aquele bebê era, no fim, dela. E a sua consciência não vai deixá-la esquecer que ela apagou a vida do seu próprio bebê tão cedo. O que ela precisa ouvir é que existe perdão para os pecados, todos os pecados, incluindo o pecado do aborto. Ela não está precisando ouvir palavras de condenação. O sangue de Jesus é suficiente para todos. Então, vamos ser iguais a Jesus e não como os fariseus.
2. Se você já abortou, isto é para você. Pra você entender que Jesus te ama e quer te perdoar. Ele está simplesmente esperando você vir e se arrepender. Lavar os Seus pés com as suas lágrimas e os secar com o seu cabelo. Deixar Ele começar a sarar o seu coração. E isso não é apenas para as moças. Existem muitos rapazes que são igualmente responsáveis pelos abortos que já aconteceram. Você também precisa sentir culpa pelo seu pecado e pedir perdão a Deus. Jesus está te esperando. A hora é agora.
1 João 1:9 – Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
“Vamos continuar sendo a voz daqueles que ainda não nasceram, mas, vamos continuar também sendo a voz Daquele que deu a Sua própria vida na cruz por pecadores como nós que precisam sentir e experimentar o Seu amor e perdão”.
Pr. Jeff Fromholz