Se o próprio Senhor Jesus Cristo nos advertiu sobre o nosso dever de abençoar, até mesmo aqueles que nos maldizem e perseguem, deveríamos dar uma atenção especial a esse assunto tão importante para o bem e saúde de nossa própria vida espiritual.
A prática de abençoar é tão extensa na Bíblia, inclusive da parte do próprio Deus, que podemos inferir com segurança que há muita eficácia e poder no ato de abençoar, porque de outro modo, não seria tão citada, caso não houvesse qualquer eficácia e operação no mundo espiritual no ato de abençoar.
Isto é tão verdadeiro, que nosso Senhor quando comissionou os discípulos a saírem e pregarem o evangelho lhes ordenou que ao entrarem numa casa, a primeira coisa que deveriam fazer era impetrar a sua bênção dizendo “paz seja nesta casa”, e que se ali houvesse algum filho da paz, esta repousaria sobre ele; em caso contrário, não seria perdida, pois retornaria àqueles que a impetraram.
Não se tratava, no entanto, de se proferir uma simples fórmula expressada em tais palavras, mas no impulso do Espírito Santo, em amor, em corações crentes, fervorosos e desejosos de levar a salvação e a bênção do Senhor à humanidade perdida e necessitada.
Daí a superação da barreira da oposição levantada no mundo espiritual pelos inimigos do evangelho, uma vez que o poder do Espírito prevaleceria, levando os crentes a amá-los e abençoá-los, em vez de amaldiçoá-los.
Este é o coração do próprio Deus se expressando – um coração cheio de terno amor e misericórdia, capaz de dizer “perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”, como vimos o testemunho do próprio Jesus em Sua morte de cruz.
Uma dúvida que percorre muitas mentes e corações, mesmo de crentes, é saber se a bênção do Senhor é afinal condicional ou não.
A isto respondemos pela Bíblia, que sim e não.
Há bênçãos como o desfrutar de todas as coisas que Deus disponibiliza para todos, por Sua bondade, na criação, que não têm qualquer “se” inserido nelas, pois não há condições quanto ao que devemos ser e fazer para recebê-las. A provisão do sol, da chuva, das colheitas, das estações, há de continuar conforme prometido por Deus através de Noé.
Há bênçãos de curas de enfermidades, de livramentos de perigos, e muitas outras coisas, que não dependem da fé ou condição santificada de quem as recebe. Deus simplesmente as concede por Sua muita misericórdia e bondade.
Agora, quando o assunto se refere a privar das bênçãos espirituais, relativas à comunhão com o Senhor, há a interposição da condicionante da fé, do arrependimento, da oração, do andar nos caminhos do Senhor.
Tudo o que depende de um assentimento da nossa vontade, e acolhimento pacífico da vontade de Deus, caso esteja ausente, certamente nos alijará, enquanto nesta condição, da face favorável do Senhor, pois os Seus olhos repousam sobre os que andam em justiça, mas Ele resiste aos que praticam males (I Pe 3.9-12).
A exortação retro citada do apóstolo Pedro evidencia a necessidade de se buscar com todo empenho esta condição de alma, na qual somos abençoados por Deus, e é desnecessário dizer que isto deve ser feito com sinceridade, de fato e em verdade, porque é possível bendizer com os lábios enquanto se guarda o mal no coração. Então, o viver abençoado por Deus referido pelo apóstolo contempla uma atitude abençoadora que busque a paz de coração, e não apenas de língua.
A maldição é decorrente de se agir contra a santidade e justiça de Deus, mas o desejo permanente do coração do Senhor é o de abençoar e não maldizer. Mas como poderia falar bem, do que é mau, sendo verdadeiro e justo?
Todavia não deixou de agir por causa do Seu grande amor e misericórdia, em nosso favor – nós que nos tornamos seus inimigos em razão do pecado, pois para transformar a maldição em bênção, nos deu o próprio Filho Unigênito para nos resgatar da maldição da Lei.
A promessa feita por Deus a Abraão, que no seu descendente seriam abençoadas todas as nações da Terra, cumpre-se em Jesus Cristo, que é o descendente de Abraão segundo a carne, no qual todos os crentes de todas as nações são abençoados.
Pr Silvio Dutra