Depois da grande aventura da escolha de um estúdio, começa um processo muito importante para qualquer banda: a gravação do CD
Gravar um CD parece simples. Afinal, muitos músicos já enfrentaram situações adversas como: público gigantesco, luz forte no rosto, retornos de palco com péssima qualidade, donos de casas de espetáculos supermercenários, seguranças “folgados” etc. Mesmo assim, todas essas dificuldades foram dribladas e, com muito talento, grandes e memoráveis shows foram feitos.
Em uma gravação, o músico não utiliza nada disso. Muitos, porém, quando ouvem a voz do técnico dizendo “OK, valendo!”, “tremem na base” e, como se diz na gíria, “colam as placas”.
Para superar as dificuldades e não gastar fortunas em horas de estúdio que não estavam previstas – graças aos erros cometidos nesse sagrado momento – é muito importante que sejam conhecidos os quatro processos que regem uma gravação.
1. PRÉ-PRODUÇÃO
A pré-produção tem fundamental importância na economia, produtividade e qualidade do produto final, o CD. É nesse período que devem ser testadas todas as possibilidades, timbres, arranjos e tudo o mais que existe nas mentes criativas dos músicos, fazendo com que essa fase torne-se um verdadeiro “laboratório de idéias”. O trabalho começa antes mesmo de se pisar no estúdio. É muito importante saber o que se deseja em cada música ou no disco como um todo. É necessário ser objetivo, “pero sem perder la ternura!”.
Dicas
– Gravar todos os ensaios (fita K7 ou CD). Ouvido de músico, quando está tocando, é diferente daquele de um ouvinte;
– Fazer o mapa de todas as músicas;
– Verificar se os tempos das faixas estão compatíveis com o estilo escolhido;
– Ensaiar a banda utilizando metrônomo e certificar-se que o baterista é capaz de tocar com ele (e não contra);
– Fazer um laboratório de timbres (freqüências no mesmo “range” se anulam);
– “Limpar” todas as frases musicais e solos;
– Fazer uma previsão do número de fitas (as matrizes são propriedade dos artistas, patrimônio);
– Marcar os canais (label);
– Cuidar dos arranjos, organizando os elementos na música e utilizando um analisador de espectro (freqüências).
2. GRAVAÇÃO
Esse é um momento muito importante para o músico. O resultado de uma boa gravação depende, sobretudo, de uma ótima pré-produção. Deve-se procurar fazer o trabalho de forma rápida e confiar na capacidade do técnico. É aconselhável, também, evitar os palpites dados por amigos e desconhecidos, que fazem do ato de gravação uma novela de testes sonoros. Manter a calma e o bom humor é imprescindível. Errar é parte do jogo e não se deve punir ninguém por algumas tentativas falhas. Se não acertar da primeira, o músico deve gravar mais três tentativas. Se mesmo assim não der certo, o melhor é avançar para outras músicas. Também se deve evitar o hábito de gravar e ficar ouvindo cada parte da música. Isso é uma jogada muito usada dos estúdios para ganhar tempo em horas de locação.
Basicamente existem duas formas de gravação:
A ) Ao vivo – pode ser feita tanto em um show como no estúdio. No primeiro, são captados todos os instrumentos, tendo a participação do público com gritos e aplausos. Esse tipo costuma ser trabalhoso, pois sempre ocorrem muitos vazamentos. Por isso, é extremamente comum a música ser refeita, quase que totalmente, para que fique perfeita.
No estúdio, a gravação ao vivo é feita quando não se tem um orçamento muito grande. Ou quando é importante para a banda ou produtor que a faixa soe com um “pulso ao vivo”, com a vibração natural de um show. Nela, cada músico fica em uma sala separada ou todos são colocados juntos no mesmo aquário. Geralmente, se ganha algum tempo, pois o técnico pode pré-mixar os sinais enquanto grava.
B) Passo a passo – é o processo mais natural em estúdio. É feita uma passagem geral, em que são selecionados os instrumentos que irão servir como “guia”. A bateria, na maior parte dos casos, por ser a rítmica da música, é gravada primeiro, tendo o baixo como apoio.
Nesse tipo, a captação de cada instrumento é feita separadamente. Desse modo, é possível registrar todas as nuances e detalhes individuais, fazendo com que ele soe exatamente da forma que o músico ou produtor quer.
Fonte: canaldomusico.uol.com.br/Revista Teclado e Piano edição nº142 / Adorando