E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
“Tens nome de que vives”. É como se Jesus dissesse: “Pelo que você diz e aparenta, parece ser um cristão, chegando a ser respeitado e estimado como tal. Você não é mundano, ou não estaria entre os crentes. Mas, na realidade, você está espiritualmente morto”.
Jesus Cristo se refere a esta mesma condição na parábola das dez virgens que esperavam o noivo. Cinco eram prudentes e cinco eram insensatas. Exteriormente, elas eram exatamente iguais: As dez eram jovens donzelas que haviam mantido sua castidade, ou seja, eram virgens; as dez tinham suas lâmpadas e todas esperavam pelo noivo. Contudo, cinco delas levavam consigo azeite em suas lâmpadas, mas as outras cinco não. Isso fez a diferença. Por esse motivo oculto à simples vista, cinco foram excluídas da festa. O mesmo pode suceder aos cristãos. Corremos o perigo de converter em libertinagem a graça de Deus. Podemos perder o “espírito do temor do Senhor”, deixando de nos examinar para ver se estamos na fé.
Pode acontecer que ainda os melhores cristãos se estanquem em sua vida espiritual, conformando-se com as aparências. Alguns podem se cansar e decidir que é suficiente saber como ser salvos, esperando que chegue a hora da morte para invocar a Cristo, e enquanto isso eles deixam de viver na fé em seu cotidiano. Outros podem já estar se sentindo tão contentes e satisfeitos no patamar onde se encontram que estão dormindo sobre os lauréis de suas vitórias antigas, perdendo assim a consciência de seus pecados, e caindo no farisaísmo. Ao confiar em seus próprios méritos, desprezam o Salvador, perdem o zelo pelas coisas de Deus, caindo assim de sua graça.
Por isso justamente o apóstolo Paulo nos exorta: “Examinai-vos a vós mesmos se ainda estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis que Jesus Cristo está em vós, a menos que já estejais reprovados?”.
Oremos com Lutero:
Senhor e Deus meu, ajuda-me por tua graça a compreender e guardar o primeiro mandamento cada vez melhor. Livra o meu coração da ingratidão e do esquecimento, para que eu não vá atrás de deuses mundanos, nem busque consolo em nada ou em ninguém fora de ti. Amém.
C.O.Rosenius (1816-1868) Nuevo Dia – Trad. Sóstenes Ferreira da Silva