Seria de se esperar que Deus fale comigo, se eu não quero falar com Deus, ou se não me aproximo de Deus segundo o modo por Ele requerido?
De igual forma, não seria de se esperar que Deus se manifeste numa Igreja que não queira falar com Ele, ou então que não O cultue e adore do modo correto.
Assim, devemos estar bem instruídos quanto à verdade de que é importante que os crentes se reúnam como Igreja para falar com Deus e para que Ele se manifeste a eles, mas que não esqueçamos que há um modo estabelecido pelo próprio Deus quanto ao que se deve fazer como Igreja, como por exemplo, o que se lê em I Cor 14.26-29:
“26 Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.
27 No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete.
28 Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.
29 Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem.”
Mas gostaríamos de focar nossa atenção, neste estudo, apenas no cumprimento da ordenança bíblica para que os crentes estejam congregando em suas respectivas igrejas.
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hb 10.25)
O nome de Jesus é glorificado quando o Espírito Santo manifesta os dons, serviços e realizações na Igreja reunida.
E é principalmente por meio de tal manifestação do Espírito que se dá a edificação da Igreja em amor.
Então, não se pode conceber a idéia de crentes que não façam parte do seu próprio rebanho, porque a vontade de Deus para cada um dos Seus filhos, é que eles participem efetivamente como ovelhas do rebanho de Cristo, vivendo em unidade de espírito, fé e amor.
Cada pedra viva do templo espiritual deve estar ajustada às demais pedras do edifício que está sendo erigido por Deus para ser habitado por Ele em Espírito (Ef 2.22).
Desta forma, especialmente os líderes de cada congregação local devem estar cientes da importância que há em reunir regularmente o povo debaixo da respectiva liderança, para cultuarem a Deus.
E cada crente deve ser devidamente conscientizado que tais reuniões não são de caráter superficial e religioso, mas algo que é vital e necessário para que se possa agradar efetivamente a Deus, na adoração e no aprendizado da Sua Palavra, para colocar em prática tudo o que Jesus ordenou aos apóstolos para ser vivido pela Sua Igreja. (Mt 28.19,20)
Os líderes piedosos da Igreja do Antigo Testamento, que era a nação de Israel, especialmente os reis de Judá, Asa, Josafá, Ezequias e Josias, sempre congregaram o povo para a adoração a Deus, e se esforçavam para que eles vivessem de modo santo, e afastados de toda forma de idolatria.
Eles não congregavam o povo para buscar a Deus somente nas horas de angústia e de ataques que sofriam das nações inimigas, mas o faziam regularmente, também nos dias de bonança.
Os líderes da Igreja de Cristo, na dispensação da graça, ou da Nova Aliança, devem ter o mesmo cuidado que tiveram tais líderes, não deixando o povo sem direção quanto à referida obrigatoriedade que têm para com o Senhor de se reunirem regularmente para a edificação mútua da Igreja, porque esta é a vontade de Deus, e Ele está profundamente interessado quanto a tudo o que se refere ao corpo de Cristo, e não meramente aos crentes, individualmente.
O Pai deu o Seu filho para ser o Cabeça da Igreja, e deste modo, é de se esperar que se veja tal relação efetiva entre a cabeça e o corpo, que é a Igreja, e sabemos que não há corpo, onde há apenas um só membro.
“Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,” (Rom 12.4,5)
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.” (1 Coríntios 12:12)
“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.” (1 Coríntios 12:27)
“porque somos membros do seu corpo.” (Efésios 5:30)
Veja a importância e ênfase que a Bíblia dá ao corpo, à igreja. Portanto, ninguém deve se iludir pensando que é possível ser crente sem pertencer à Igreja.
Este corpo é um só. O rebanho é um só. Mas, enquanto estivermos na Terra, será composto de muitas igrejas e rebanhos locais que se encontram debaixo da direção de líderes constituídos pelo Espírito Santo para apascentá-los. (Atos 20.28)
E quando nosso Senhor Jesus Cristo voltar para arrebatar a Igreja, haverá então um só rebanho e um só Pastor, reunidos numa única congregação universal, reunindo tanto os crentes que se encontravam na Terra, com aqueles que se encontravam no céu.
Estando conscientizados sobre estas verdades, como poderíamos ainda estar acomodados e confortáveis em congregações nas quais o Senhor não é buscado para ser achado, e nas quais o Seu grande nome não é honrado pela prática da Sua Palavra por toda a congregação reunida?
É bom trazermos sempre em mente que importa falarmos com Deus para que Ele fale conosco, e que o façamos em santidade de vida, para que a nossa comunhão com Ele e com nossos irmãos da nossa Igreja, seja efetivamente real.
Lembremos das palavras proferidas pelo profeta Azarias ao rei Asa e a todo o povo de Judá e Benjamim:
“1 Então veio o Espírito de Deus sobre Azarias, filho de Odede,
2 que saiu ao encontro de Asa e lhe disse: Ouvi-me, Asa, e todo o Judá e Benjamim: O Senhor está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, o achareis; mas se o deixardes, ele vos deixará.”
Está claro portanto que se deixamos de buscar a Deus do modo pelo qual importa ser buscado, ou seja, em santidade de vida, permanecendo em Cristo, Ele nos deixará entregues a nós mesmos, e é certo que não poderemos contar com a bênção da manifestação da Sua presença, pelo Espírito Santo, em nossa vida, gerando paz, alegria, amor, bondade, paciência, enfim todo o fruto do Espírito que conduz o nosso viver na nossa comunhão com Ele.
E importa, como vimos antes, viver tais coisas na comunhão da Igreja, porque é especialmente nela que Deus se agrada em falar conosco, e manifestar os dons, os serviços e as realizações do Espírito Santo, que Ele distribui a todos os membros de cada congregação, conforme Lhe apraz, para um fim proveitoso.
Não permitamos portanto, que sejamos iludidos pelos muitos falsos pastores e mestres que têm pregado pelo mundo afora, em cujas congregações ou auditórios aos quais ministram, não se pode ver a referida unidade em amor entre os crentes, e a edificação mútua pelo exercício dos diferentes dons, serviços e realizações distribuídos pelo Espírito Santo a todos os membros da congregação.
É somente debaixo de tal condição que se pode afirmar que estamos congregando de fato numa verdadeira Igreja de Cristo.
Pr Silvio Dutra