Samuel era um jovem como outro qualquer. Nem muito tímido e nem muito popular. Apesar de quase nunca faltar às aulas e ao trabalho, poucos conheciam ou sabiam algo sobre Samuel. Ele tinha a incrível capacidade de passar despercebido por semanas inteiras.
Como era mais ‘reservado’ não tinha muitos amigos. Andava com alguns outros rapazes que assim como ele não chamava muito a atenção das pessoas, e, mesmo neste grupinho, muitas vezes passavam-se horas inteiras de silêncio entre uma conversa e outra.
O que ninguém sabia, é que Samuel não gostava de ser assim. Ele queria se mais popular, ter várias “gatas” lutando por ele, ter um visual da moda e ser o centro das atenções. Durante muito tempo ele fantasiou situações onde esse desejo escondido e guardado se tornava realidade. Vez por outra, mesmo sentado no seu canto, Samuel esboçava um sorriso de “canto de boca” enquanto viajava em seus pensamentos.
Um dia pela manhã Samuel é acordado por sua mãe chorando, e recebe a notícia de que seu pai havia morrido num acidente indo para o trabalho.
Samuel perde o chão.
Entre um suspiro e outro enquanto olhava para o caixão, Samuel abraçava a mãe que chorava enquanto ele desviava os olhos para a porta esperando ver alguém chegar para consolar seu coração, mas ninguém aparecia.
A partir deste dia Samuel nunca mais foi o mesmo. Uma amargura muito grande abateu-se sobre o seu coração. Aquele menino, que mesmo sem chamar a atenção, sonhava com dias melhores, agora já nem sonha mais.
Procurando um sentido para a vida, a fim de preencher os seus dias e solucionar a dor que não tem fim, ele experimentou cigarros, bebidas, sexo e drogas, mas nada fazia sua dor desaparecer. Ela passava por alguns minutos de prazer enquanto uma droga ou bebida estava em seu corpo, mas toda vez que o efeito passava e a dor voltava, ela parecia ser maior e mais forte do que no dia anterior.
Samuel não quer mais viver. Samuel não vê mais sentido na vida. Samuel não quer mais viver.
Tendo os piores pensamentos possíveis, ele junta todo o seu dinheiro e vai até o mercado comprar bebida, a fim de se embebedar até morrer.
Chega ao mercado, vai a prateleira, pega as garrafas e se aproxima do caixa. Ao pagar pelas bebidas, a atendente lhe dá um sorriso, olha nos seus olhos e lhe diz: “bom dia Samuek”. Ele sem entender como é que ela saberia do seu nome, olha de volta e ela continua: “Não ta lembrada de mim? Estudamos juntos ano passado, eu sempre quis me aproximar de você, mas ficava sem graça”. “Quero te dizer, Samuel, que desde que soube da morte do seu pai, tenho orado por você e sua família, mas como nunca mais te vi na aula, não tive como entrar em contato com você. Saiba, você é especial pra Deus!”
Aquela atendente não tinha ideia do que ela estava gerando no jovem Samuel. De repente ele viu que não estava sozinho, que sua vida tinha valor, e que alguém, mesmo sem precisar, resolveu se importar com ele. Neste momento Samuel se lembrou das histórias que sua avó contava para ele quando era criança de um homem que viveu a muito tempo atrás na terra e deu sua vida por ele, simplesmente porque resolveu ama-lo. Esse alguém era Jesus.
Os olhos de Samuel se enchem de lágrimas. O choro que estava entalado na garganta, desde a morte do seu pai, vem a tona e ele consegue receber o amor de Jesus.
Desiste de comprar as bebidas e vai para casa de uma forma diferente. Entrega o seu telefone para a atendente que ele sequer sabe o nome, e se compromete em ir com ela a uma reunião de jovens em sua casa.
Samuel não está mais só!
E a atendente, mesmo sem saber, ou sem fazer “grandes coisas” pode vivenciar o poder que tem uma oração.
Esse texto é fictício, mas me faz lembrar uma frase que carrego para a vida inteira: “Pregue o evangelho, se necessário, use palavras” – Agostinho
Na paz d’Aquele que escreve e reescreve nossa história e nos incentiva a recomeçar.
Pr Felipe Heiderich
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