O início deste salmo é muito parecido com o Salmo 18, de maneira que é possível que seja também de autoria de Davi.
O salmista declara o seu amor pelo Senhor porque Ele ouve a sua voz e súplicas, inclinando os Seus ouvidos para atendê-lo, motivo porque estava determinado a invocá-lO enquanto vivesse.
Mesmo com os laços de morte que lhe haviam cercado em grandes perigos, e as angústias do inferno que se apoderaram da sua alma, fazendo-o cair em tribulação e tristeza.
Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que livrasse a sua alma.
Ele sabia que Deus é justo, mas também compassivo e misericordioso, e por isso tinha sempre bom ânimo em Lhe dirigir clamores.
Sabia também que o Senhor vela pelos que são pobres de espírito, como ele, o próprio salmista, de modo que achando-se prostrado, foi salvo da sua angústia pelo Senhor.
Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego, que é a condição em que deve se encontrar, conforme o propósito de Deus na criação do homem.
Assim, em sua confiança no Senhor, o salmista foi livrado da morte que sentia em sua alma, das suas lágrimas, e da queda na tentação e na ruína.
Como sua segurança estava em andar na presença do Senhor, então estava determinado a fazê-lo durante todo o tempo da sua peregrinação neste mundo.
Ele mantinha a fé, mesmo quando dizia que estava sobremodo aflito.
Enquanto esteve perturbado em sua paz de mente e espírito, disse que todo homem é mentiroso.
Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente, de modo que se dispôs a ofertar ao Senhor, pelos benefícios que havia recebido dEle, e percebeu que não havia maior oferta do que tomar o cálice da salvação e invocar o nome do Senhor.
Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao Senhor na presença de todo o Seu povo, para que lhes servisse de testemunho da sua consagração.
A citação do verso 15 de que “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.”, merece uma reflexão especial quanto ao seu significado, porque à vista do Senhor a morte dos Seus santos é tão preciosa, que não satisfará aos desejos ímpios de um Saul, de um Absalão, nem de quaisquer inimigos de Davi, para que triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida.
Davi sabia, pelo Espírito Santo, que morreria em ditosa velhice, em seu leito, para que o nome do Senhor fosse glorificado, por tê-lo poupado de tantos perigos de morte, revelando assim o Seu poder para preservar os Seus santos.
Se a alguns deles permite saírem deste mundo pelo martírio, é pelo mesmo motivo de ser glorificado neles, pela total falta de temor que eles demonstram em face da morte, porque são assistidos pelo Seu poder.
Mas nenhum santo, morrerá sem que isto seja do desígnio de Deus.
Então esta citação de ser preciosa a morte dos santos aos olhos de Deus, deve ser entendida no contexto bíblico em que se afirma que é preciosa para Ele a vida deles (II Rs 1.13), bem como o seu sangue (Sl 72.14).
Pr Silvio Dutra