Em Isaías 40.27 nós vemos o Senhor sendo acusado de modo totalmente improcedente, porque como poderia o Senhor ser acusado de não se interessar pela condição de miséria do seu povo, quando vemos um Consolador agindo com amor, paciência, longanimidade e poder infinitos?
“Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?”
Não é tanto a aflição e as misérias dos cristãos que são a causa do seu abatimento, mas a sua falta de fé no amor, paciência, longanimidade e poder infinitos do Senhor que estão disponíveis para eles. Enquanto a fé puder ter uma apreensão do amor e cuidado permanentes de Deus por nós, nós não estaremos desconsolados, ainda que nossas condições presentes sejam dolorosas. Paulo se regozijava nas suas muitas necessidades e aflições porque possuía uma grande fé na bondade, amor e cuidado permanente de Deus para com o Seu povo.
Esta é uma realidade espiritual imutável que pode ser compreendida somente na medida da proporção do tamanho da nossa fé. Deus é fonte de contínuo consolo e refrigério para o Seu povo, e por isso Ele responde à reclamação do texto lido de Isaías 40.27, da seguinte forma, nos versos 28 a 31:
” Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.”.
Deste modo, o problema da falta de consolação nunca será da parte de Deus, mas sempre da falta de fé. Porque Ele tem prometido consolar, fortificar, renovar, refrigerar, e dar vigor a todos aqueles que nEle esperam e confiam. E Ele diz que faz isto de um modo incansável, isto é, Ele não se cansa, não se fatiga no Seu trabalho de consolar o Seu povo. Ao contrário, Ele tem prazer neste trabalho porque atua plenamente com a Sua natureza amorosa como a de um pai que conforta os seus filhos. É da natureza de Deus se compadecer e ajudar o fraco e abatido. É da sua natureza levantar o caído, e não destruí-lo.
Esta é a confiança que os pecadores podem depositar nEle porque é inteiramente fiel nisto em razão da Sua natureza que é amor.
De maneira que aqueles que forem condenados o serão pela sua própria incredulidade e não pela falta de amor ou interesse de Deus por eles.
E esta fonte de amor pode dessedentar a todos que quiserem beber das suas águas que são oferecidas gratuitamente a todos, porque Ele tem poder infinito para suprir todas as nossas necessidades. E todos os que nEle esperam e confiam serão seguramente consolados.
Devemos conceber corretamente o poder infinito de Deus, e então deixar todas as coisas confiadas à Sua soberania, sabedoria e imutabilidade na administração delas, no tempo oportuno.
Portanto, no trabalho do Espírito Santo para nos confortar, deve ser considerado o Seu poder infinito. Assim o apóstolo assegura aos cristãos que a vitória deles é garantida no seu conflito com o mundo, porque maior é o que está neles do que aquele que está no mundo (I João 4.4).
O Espírito Santo que neles habita é maior e mais poderoso do que Satanás que tenta arruiná-los e através do mundo, porque o Seu poder é onipotente.
Pensamentos desconsoladores surgem das impressões que Satanás faz em nossas mentes e consciências, pelo pecado, tentação e perseguição, porque nós não achamos em nós mesmos uma tal capacidade de resistência que possa nos garantir a vitória. Mas o apóstolo disse que devemos esperar no poder do Espírito Santo que é infinitamente superior a qualquer oposição que Satanás possa nos fazer, ou sobre qualquer sentimento de desconsolação que o diabo possa nos trazer. Somente a fé no poder do Espírito, que traz a Sua operação real em nosso favor, pode expulsar todo o temor que nos atormenta.