Citações de um sermão de Jonathan Edwards, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.
“Temos bom ânimo, mas desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor.” – (2 Coríntios 5.8)
O apóstolo está dando nesta passagem uma razão pela qual ele passou com tanta ousadia e firmeza, através de tantos trabalhos, sofrimentos e perigos em sua vida, a serviço de seu Senhor.
Paulo informa aos cristãos de Corinto, a razão pela qual ele agiu assim, pois acreditava firmemente nas promessas que Cristo tinha feito a seus servos fiéis de um futuro glorioso e uma recompensa eterna, e sabia que estas aflições presentes eram leves, e apenas momentâneas, em comparação com este excedente e eterno peso de glória.
Entre as muitas observações úteis que podem ser levantadas a partir do texto, vou apenas neste momento insistir naquela que se encontra mais claramente diante de nós – que as almas dos verdadeiros santos, quando eles deixam os seus corpos na morte, vão estar com Cristo – e eles vão estar com Cristo, nos seguintes aspectos:
I. Eles vão morar na mesma morada abençoada com a natureza humana glorificada de Cristo.
A natureza humana de Cristo está ainda em existência. Ela ainda continua, e continuará por toda a eternidade, para ser Deus e homem. Toda a sua natureza humana permanece: não somente a sua alma humana, mas também o corpo humano. O Seu corpo que ressuscitou dos mortos está exaltado e glorificado à direita de Deus – o que estava morto agora está vivo, e vive para sempre.
II. As almas dos verdadeiros santos, quando eles deixam seus corpos na hora da morte, vão estar com Cristo, e eles terão uma visão imediata, completa e constante dEle. Quando estamos ausentes de nossos queridos amigos, eles estão fora de vista; mas quando estamos com eles, temos a oportunidade e satisfação de vê-los. Assim, enquanto os santos estão no corpo, estão ausentes do Senhor – Ele está, em vários aspectos fora da vista: “A quem não tendo visto, amais;” (I Pe 1.8).
Eles verão a Sua glória. Eles verão a glória de Sua natureza divina, consistindo em toda a glória da Divindade, a beleza de todas as suas perfeições; Sua grande majestade, onipotência, infinita sabedoria, santidade e graça, e eles verão a beleza de sua natureza humana glorificada, e a glória que o Pai lhe deu, como Deus-homem e Mediador. Por isso, Cristo desejava que seus santos estivessem com Ele, para que eles pudessem contemplar a Sua glória.
E quando as almas dos santos deixam seus corpos, para ir estar com Cristo, eles contemplam a maravilhosa glória da Sua grande obra de redenção, e a forma gloriosa de Sua salvação.
Agora, enquanto no corpo, os santos veem algo da glória e do amor de Cristo; como nós, no alvorecer da manhã, vemos algo da luz refletida do sol misturada com trevas; mas quando separados do corpo, eles veem a Sua glória, como vemos o sol quando mostra todo o seu brilho, estando acima do horizonte.
III. As almas dos verdadeiros santos, quando ausentes do corpo irão ficar com Jesus Cristo, numa união mais perfeita.
Essa visão perfeita abolirá todos os restos de deformidade, desacordo, e dessemelhança pecaminosa.
(Nota do tradutor: Uma das maiores evidências de que quando o espírito do que é santo, deixa o corpo – e este último morre – indo o espírito habitar com Deus, se encontra na própria fragilidade de todo o tipo de vida natural, que habita a terra, aí incluído o corpo humano, porque carne e sangue não podem herdar a glória do reino do céu, que é eminentemente espiritual e sobrenatural. Dizemos que é nisto que se encontra a melhor evidência porque sendo Deus eterno e o criador de tudo o que vive, não poderia ter feito o homem à sua imagem e semelhança em Jesus Cristo, para que este deixasse de existir depois da morte física, de modo que toda a criação daria no final em um grande nada, e o viver e tudo o que se fizesse neste mundo estaria totalmente fora de propósito, e sabemos que Deus tem em todas as coisas um propósito útil e eterno.
De maneira que temos aqui neste mundo o nosso corpo como um mero receptáculo do espírito, uma semente que está destinada a morrer para que dela brote a vida do corpo glorificado que não pode ser ferido nem destruído, diferentemente do corpo humano terreno que, já no princípio da criação, revelou a sua fragilidade com a morte de Abel por seu irmão Caim. Então não havia da parte de Deus a intenção que este nosso corpo de carne e osso vivesse para sempre alcançando a eternidade. Isto será possível somente ao corpo glorificado que todos os autênticos crentes receberão por ocasião do arrebatamento da Igreja por nosso Senhor Jesus Cristo.)