“Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra
de todas.” (Salmo 34.19)
As pessoas, sejam boas ou más, conhecem tristezas e encontram aflições, pois todas nos vêm como ondas deste mundo problemático. Mas o servo de Deus, embora seja atirado para lá e para cá pela tempestade de problemas, tem uma boia salva-vida para apegar-se, que é a fé em Deus, e assim ele mantém sua cabeça acima da água.
O homem sem Deus não tem nada, mas sua própria força para nela confiar, e assim as ondas de tristeza em breve passarão por cima de sua alma.
O texto nos diz duas coisas, uma amarga e outra doce. “Muitas são as aflições do justo”, essa é a verdade amarga. Sabemos disto muito bem. Aqueles de nós que têm tentado se manter perto de Deus, que têm amado o caminho dos seus mandamentos, que têm feito da sua igreja a casa deles, quantas tribulações temos conhecido, quantas lágrimas amargas temos derramado, em quantas boas esperanças temos sido desapontados, os agradáveis sonhos que tivemos dissipados, em quantos leitos de dor temos nos ajoelhado, e sobre quantas sepulturas nos temos entristecido.
Alguns de nós têm tentado provar a si mesmos que são soldados e servos de Cristo, e têm sido como aqueles que têm a cruz sobre a si, e que são gravemente feridos na batalha, com seus pés feridos e estando muito cansados da jornada da vida. E então? Aquelas cicatrizes, as tribulações, são marcas honrosas, elas mostram que têm se apresentado para a batalha, não se escondendo como covardes, elas mostram que temos que escalar a estrada íngreme e acidentada que conduz à vida eterna, não dormindo na cama macia do preguiçoso. Estão os seus membros cansados, meu irmão? Isso prova que você tem atravessado o rio da tribulação, e não foi tragado pelas corredeiras até a morte.
Esta vida é o nosso tempo de treinamento, onde aprendemos a suportar as dificuldades como bons soldados de Jesus Cristo. Que esplêndido cavalo, com seus músculos de ferro e membros flexíveis, é aquele que pode vencer a corrida contra o mais rápido,
e suportar a fadiga com o mais forte, e como é que ele se tornou
o que é? Ao ser bem exercitado quando era um potro, por treinamento cuidadoso. Assim, se dá conosco. Precisamos ser treinados para o serviço de Deus, é preciso passar por um duro e áspero tempo antes de nos tornarmos bons soldados de Cristo.
“Muitas são as aflições do justo”. É verdade do Único que é Justo, nosso Senhor Jesus Cristo. Da rude manjedoura de Belém à Cruz amarga do Calvário quantas foram as tribulações daquele que é Justo? Quantas tristezas, decepção e dor carregaram aqueles breves trinta e três anos?
Com fome e sede, sem abrigo, sem ter onde reclinar a sua cabeça, tentado pelo diabo, desprezado e rejeitado pelos homens, incompreendido e mal interpretado, almejando o amor para todas as pessoas e encontrando apenas ódio, chorando por um mundo, que ria e zombava dele, um Rei cuja única coroa foi a de espinhos, e único trono foi uma cruz, traspassado, ferido, morto por causa de um povo ingrato, muitas e grandes eram de fato as aflições do Justo. Como alguém disse: “Cada membro da tua carne santa suportou ignomínia por nossa causa. Tua cabeça com espinhos, a tua face cuspida e esbofeteada, na tua boca o fel misturado com vinagre, nos teus ouvidos as blasfêmias dos ímpios, nas tuas costas os flagelos, todo o teu corpo estava estendido na cruz, tuas mãos e pés suportaram os cravos, e no teu lado a perfuração da lança.”
Certamente o Senhor é longânimo, cheio de bondade e verdade. Como Ele sofreu pelos pecados de todos os homens, por isso ele sofreu em todas as partes, tanto na mente quanto no corpo. Aqui está o fato amargo, muitas são as aflições do justo. Mas aí vem a doce garantia: “O Senhor o livra de todas elas.” Jesus sofreu e foi sepultado, mas ao terceiro dia ressuscitou. Ele passou pelo vale da sombra da morte, e clamou: “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?” Mas agora ele subiu às alturas, os portões eternos foram levantados, e Ele está assentado à destra de Deus Pai, à espera que seus inimigos sejam feitos escabelo de seus pés.
Assim meus amados, tomemos por exemplo a paciência do nosso Senhor em seus muitos e grandes sofrimentos, para que sejamos encontrados naquela paz que ele nos deixou por legado em todas as circunstâncias pelas quais passemos.
Pr Silvio Dutra