Depois de um excitante período como um jovem cristão no início dos anos 1970, de alguma forma aterrissei em tradições que tinham expressões de adoração que não se encaixavam em minha personalidade e valores. Nos 15 anos seguintes, eu ansiei por uma qualidade de vida espiritual, uma profundidade da comunidade e uma experiência de adoração viva. Eu clamei por uma reforma geral na igreja, anos antes de eu saber que Deus estava levantando homens ao redor do mundo que também lutavam por isso. Quando finalmente descobri que tal profundidade na experiência da adoração existia, minha fome espiritual ficou mais intensa. Me senti como se estivesse pastoreando algemado, preso a um sistema com o qual me sentia desconfortável.
Finalmente, durante a Páscoa de 1992, meu coração foi quebrantado por um estudo baseado no Salmo 27:14 — “Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no SENHOR”. Deus respondera meu clamor por uma experiência viva com Ele na adoração. Além desse e de outros recentes encontros com Deus, minha mulher e eu, junto com um grupo de amigos, plantamos uma igreja local. Investimos um tempo considerável em uma adoração intensa e significativa. Desenvolver intimidade com Deus se tornou uma das prioridades.
Não éramos necessariamente muito “bons” naquele primeiro momento, mas nos devotamos a buscar Deus, primeiramente através da música de louvor e adoração contemporânea e da intercessão. Não importava se aqueles momentos não pareciam ser tão vívidos; fazíamos aquilo para Deus e não para nós. Na hora certa, e com um foco adicional no serviço à nossa comunidade, com atos práticos de amor, as coisas começaram a melhorar.
As idéias a seguir sobre o supremo valor da adoração são baseadas no encontro progressivo de uma igreja local com Deus. Enquanto os caminhos que escolhemos para a adoração são únicos para nós, os princípios que fluem autenticamente das experiências de “adoração viva” se aplicam a todos nós. Na realidade, encontrar a Deus na adoração é um pouco parecido com trocar as cordas do violão — não há como saber o quão obtuso as cordas antigas soavam até ouvir as novas soando. Muitas vezes, com o coração funciona da mesma maneira.
Adoração estabelece um tempo para focar em Deus
Isto não significa se preocupar se nossa adoração é silenciosa ou exuberante, sonoramente atual ou tradicional; muitas vezes, as pessoas reagem ao serem atraídas para um lugar especial para eles e para Deus. Vemos isso nas lágrimas de recém-convertidos, na tranqüilidade dos jovens e nos olhares absortos de pessoas concentradas em Jesus. Vemos também nos gestos de amor e no encontro dos olhares das pessoas normalmente reservadas. Canções simples cantadas por corações sinceros preparam o ambiente para a visita de Jesus, e Sua presença traz o sopro quente da primavera para corações cativos por várias formas de inverno.
Adoração viva nos atrai para Deus.
Adoração cria um espaço para a comunhão com Deus
Para mim, isto é um valor supremo da adoração: criar um espaço na vida para comunhão e relacionamento verdadeiros com Deus. Abrimos nossos corações a Deus de forma transparente e sem defesas, e Ele se apresenta entre nós de maneiras diferentes, algumas vezes de modo bastante palpável. Ele continua o trabalho de consertar as coisas em nossos corações, e assim, conforme direcionamos nossa visão a ele, somos transformados.
Enquanto não passo conscientemente por esses passos todo domingo de manhã, algo assim invariavelmente acontece comigo: depois de esvaziar minha mente das ocupações cotidianas, de repente percebo a música (depois de rir do novo chapéu do baixista) e sou levado à alegria: lembrando de Deus, do Seu amor, das minhas necessidades, recebendo suas respostas, cantando com o coração, cantando no espírito, despertando para Ele — vivo novamente para a comunhão com Deus.
Adoração viva nos desperta para Deus.
Adoração nos prepara para o compromisso com Deus
Outro valor que emana de um período de adoração viva é a sua capacidade de extrair de nossa alma laços mais profundos. Athanasius (293-373) ensinou que o louvor tem a maravilhosa habilidade de focar todas as partes da alma numa única direção, de ordenar nossos desejos contraditórios. Ele diz: “Como na música o dedilhar é usado para fazer soar a corda, a alma deve, através da música, se tornar um instrumento totalmente devotado ao Espírito; de forma que todos os membros e emoções reajam perfeitamente à vontade de Deus”.
Adoração viva nos prepara para um compromisso mais profundo com Deus.
Adoração nos dá a oportunidade de sermos curados por Deus
Adoração nos ajuda a obter cura. Martinho Lutero (1483-1546) escreveu: “Eu seguramente acredito, sem vergonha de afirmar, que depois da teologia nenhuma arte se compara à música; é a única arte, com exceção da teologia, capaz de dar uma mente tranqüila e feliz. Isto é notoriamente provado pelo fato de que o demônio, autor da depressão e outros distúrbios, quase foge do som da música como da teologia”. Em outras palavras, ele diz que a música é um dom de Deus que afasta o demônio e deixa as pessoas felizes.
Adoração viva nos cura, de dentro para fora.
Adoração provê um lugar onde podemos ser transformados por Deus
William Temple, arcebispo de Canterbury de 1942 até sua morte em 1944, capturou muitos desses benefícios na bela descrição da adoração em seu livro, “Hope of a new world” (Esperança de um novo mundo). Ele também confirmou a importância da experiência da adoração na nossa transformação na imagem de Jesus: “Adorar é despertar a consciência pela santidade de Deus, abrir o coração para amá-lo, para dedicar nossa vontade para o propósito de Deus”.
Adoração viva nos transforma progressivamente à imagem de Cristo.
Ao seu alcance
Sob a luz da sabedoria das vozes mais experientes, e sob a luz da minha própria experiência, penso que é quase impossível superestimar a importância da adoração para a alma. Precisamos disto para sobreviver espiritualmente; precisamos disto de modo a nos tornar o que Deus quer que sejamos. Cada comunidade de cristãos deve trabalhar de todo coração e entendimento, para encontrar o vivo caminho que trabalha a nosso favor. É uma tragédia de primeira grandeza que muitas igrejas tenham “adormecido para a adoração”, com crentes pensando ter adorado quando mal arranharam a superfície.
Ausência de uma experiência real de adoração, e seu conseqüente desapontamento, pode nos afastar de uma verdadeira comunhão que está mais próxima do que podemos imaginar. A adoração viva está ao alcance de todos nós. Agradeço a Deus por ter ouvido meu clamor e permitir que nossa igreja local desenvolvesse uma estrutura de adoração que nos possibilita encontrar com Ele num caminho real. Descobrir um estilo que funciona na sua congregação é mais importante que qualquer tradição, e certamente mais importante do que a pequena quantidade de tempo muitas vezes destinada a isso.
Há um lugar chamado “a terra dos viventes”. É um lugar de adoração viva para todos, e para toda igreja local. Eu os aconselho a não descansar até que tenham experimentado o supremo valor da adoração.
Por Dr. Peter Fitch
Artigo extraído do site www.vienyardmusic.com.br