Para o grupo de louvor de uma igreja funcionar bem é responsabilidade da equipe técnica cuidar para que tudo esteja bem organizado e os equipamentos e instalações funcionando em sua capacidade plena. Assim, as pessoas vão se desgastar muito menos e os músicos se sentirão mais seguros para se concentrar no que realmente importa: adorar a Deus.
Há três aspectos muito importantes no que diz respeito ao bom funcionamento de uma sonorização. Aqui vão elas, em ordem de importância: acústica do ambiente; pessoas; e equipamentos. Por falta de conhecimento
técnico, às vezes, em nossas igrejas, as prioridades estão invertidas.
Acústica do ambiente: Construímos templos bonitos, práticos, fáceis de limpar, mas impossíveis de sonorizar. Paredes, piso e teto feitos de materiais que refletem o som e, para piorar, em formato retangular, o que é o pesadelo dos técnicos.
Pessoas: Colocamos pessoas sem preparo técnico para operar o som. Geralmente, garotos cheios de entusiasmo e disposição para servir, mas sem qualquer conhecimento (nem dinheiro para cursos, livros e revistas
especializadas). E pior, não investimos neles, apesar da enorme responsabilidade que colocamos sobre seus ombros. Sem contar a enxurrada de ‘entendidos’ que vão lá dar umas ‘dicas’ para os técnicos na hora do culto.
Equipamento: Esta palavra causa arrepios nos pastores e tesoureiros. Eles gastam alguns milhares de reais, de tempos em tempos, para resolver o eterno problema de som, comprando equipamentos que parecem nunca ser
suficiente, quando na realidade bastaria observar os dois itens anteriores. O que, aliás, representaria uma boa economia.
Primeiros passos
É preciso pensar no som na hora de contratar o engenheiro que vai projetar o prédio. Ele pode projetar um edifício lindo, prático, fácil de limpar, arejado, agradável e ‘acusticamente’ preparado para sua função. Que beleza!
Um templo bem projetado, entre outras vantagens, vai proporcionar um vazamento sonoro muito menor. No final, além do técnico de som, os vizinhos vão agradecer. Mas isso não basta. É importante investir em nossos técnicos: cursos, livros, revistas especializadas, conferências, seminários, além de muito amor e disciplina.
Na hora de investir em equipamentos, o barato pode sair caro. Procure adquirir o melhor — que nem sempre é o mais caro — ouvindo as opiniões de profissionais. Existem equipamentos caríssimos, lindos, cobiçados,
mas que não servem para sua necessidade no momento. Entretanto, cuidado para não adquirir equipamentos que cabem no seu bolso, mas que não resolverão o seu problema. Por isso, consulte um especialista. Ele vai sugerir a melhor relação custo-benefício.
E agora?
Não é tão difícil melhorar a sonoridade de uma igreja. Precisamos, antes de qualquer coisa, de elementos que absorvam o som: carpetes, cadeiras estofadas, cortinas, tapetes e, principalmente, investir em um
revestimento de tecido, isopor ou carpete na parede ao fundo da igreja. Quanto mais abafado, sonoramente melhor.
Invista em material especializado — revistas, livros e cursos. Na internet, é possível obter muito material de qualidade. E o melhor: gratuito. Seu equipamento merece uma limpeza periódica, com direito
a revisão dos cabos, organização, etiquetas de cores variadas, afinação da bateria, cordas novas para os instrumentos etc. O que você já tem é muito valioso e merece ser bem cuidado. Não deixe para se lembrar do problema só quando ele acontecer de novo no próximo culto.
Mãos à obra
Na hora de sonorizar um evento num salão ou ao ar livre é importante perceber que o equipamento usado não está além nem aquém da necessidade. As pessoas precisam ouvir bem — e não em alto volume —, onde quer que elas estejam posicionadas. O volume não deve passar do mínimo possível e o equipamento deve suportar bem o nível de volume com qualidade e sem distorção.
Para um grupo que se reúne em um local pequeno, às vezes nem é necessário equipamento. Para um grupo um pouco maior, pode-se utilizar uma caixa amplificada multiuso — daquelas que tem conexões para alguns
instrumentos e microfones. Se há vários instrumentos e microfones, é preciso ter uma boa mesa de som e um técnico que domine o seu funcionamento. Mais importante: é melhor ter um bom equipamento que 10 equipamentos ruins.
O som está rolando
O técnico de som precisa estar sempre muito atento a tudo. O bom técnico consegue perceber a necessidade dos músicos antes que eles digam qualquer coisa. Por sua vez, os músicos devem ser o mais claro possível
em sua comunicação, evitando tentar ensinar o técnico a fazer seu trabalho. (Músicos, tentem sempre confiar no bom senso e principalmente na boa vontade de quem está operando o som!) Músicos e técnicos são uma equipe e não adversários. Gentileza nunca é demais!
Na hora da gravação
Vamos descomplicar. Se você quiser fazer uma gravação simples do período de louvor ou da mensagem, não perca o tempo precioso do período de passagem de som ajeitando o gravador. Às vezes o técnico faz uma gravação perfeita, só que o som do culto fica péssimo porque é muito difícil fazer as duas coisas ao
mesmo tempo. O próprio equipamento de sonorização de ambiente não é projetado para gravar. Você pode usá-lo como uma solução razoável, mas não espere resultados maravilhosos.
Para gravar bem é preciso dedicar tempo nos testes, investir em equipamento exclusivo e pessoal capacitado — ou ter em sua igreja aquele técnico ‘milagreiro’ que ‘tira água de pedra’. Se na sua igreja tem um espécime desses, cuide bem dele!
Harmonia dos céus
Adorar é despojar-se de si mesmo e render seu coração totalmente ao Pai. Um servo que se propõe a isto está preparado para cuidar do som. O orgulho e a prepotência não cabem na adoração. Sejamos humildes para que Deus possa se aperfeiçoar em nós. O operador de som também é um adorador que precisa aprender a confiar no Senhor e, ao mesmo tempo, tentar fazer tudo o que estiver ao seu alcance para as coisas funcionarem bem, mantendo sempre o espírito de servo. Afinal, o bom técnico seja aquele que ‘desaparece’ e a gente nem percebe que ele está ali de tão bem que ele trabalha. Isto não seria adoração?
Por Amauri Muniz
Amauri Muniz é músico e produtor profissional. Tem sido presença constante nas gravações nacionais da VM. Participou intensamente dos álbuns Vem, Esta é a Hora, Entrega, Atitude e do recente Mais que Paixão. É membro da Comunidade Vinha de Piratininga (SP).
Artigo extraído do Vineyard Music