É de suma importância que os que foram galgados a uma posição de liderança no meio do povo de Deus, procurem mirar-se no exemplo deixado por Jesus, em todas as áreas, especialmente na área de liderança.
Antes mesmo que as técnicas modernas de liderança fossem desenvolvidas e testadas em laboratório, o Senhor Jesus, em quem reside todo o conhecimento da sabedoria e da ciência, já as usava no cotidiano do Seu ministério público.
Vejamos algumas técnicas de liderança usadas por Jesus:
1 – Jesus escolheu bem a Sua equipe de trabalho
O segredo de qualquer empreendimento que tenha certa complexidade está na escolha da equipe de trabalho. Considerando a grandeza e a complexidade da obra que Jesus veio realizar neste mundo, Ele precisava de uma boa equipe para que quando encerrasse as suas atividades ela daria continuidade a grande obra de expansão do Reino de Deus. Observando o estilo de liderança de Jesus nessa área, podemos constatar que ele escolheu bem a sua equipe de trabalho. Ele escolheu aqueles homens que teriam condições de ajudá-lo em Seu ministério, e também dar continuidade a Sua obra quando partisse deste mundo, e os treinou pacientemente. O Senhor sabia o que era colocar o homem certo no lugar certo, o que é o dilema maior de todo o gerente moderno.
Além de escolher bem os Seus, a Sua equipe de trabalho, Jesus distribuiu atividades e responsabilidades. Tinha Pedro, Tiago e João, que poderíamos chamá-los de imediatos, visto que eram os que estavam mais próximos dele, em todos os passos do Seu ministério. Tinha um que tomava conta das finanças do grupo. Tinha aqueles dois que sempre chegavam primeiro nas localidades para onde o Senhor ia, a fim de preparar-lhe pousada, e assim por diante.
2 – Jesus delegava autoridade
O Senhor como líder, delegou autoridade aos seus comandados, que chamou de apóstolos, ele abriu os espaços para que as potencialidades dos mesmos fossem utilizadas ao máximo. Vemos isso, quando Ele os capacitou com o poder do Céu para expulsarem demônios e curarem todo o tipo de enfermidades. A delegação de autoridade foi tão grande que chegou a ponto de autorizá-los a perdoarem pecados. “Aqueles a quem perdoardes os pecados lhe serão perdoados; aqueles a quem o retiverdes lhe serão retidos.” Jo 20.23.
A delegação de autoridade é a via crucis de um líder com características autocráticas. A pessoa que tem esta característica resiste delegar autoridade, muitas vezes por causa de ciúme e muitas vezes por medo de diminuir ou perder o poder. Este pensamento mesquinho, que alguns líderes têm, é a causa básica do fraco crescimento que existe em muitas comunidades evangélicas, e do sufocamento de muitas lideranças promissoras.
O verdadeiro líder delega autoridade, pois sabe que à medida que o trabalho cresce não conseguirá fazer tudo sozinho. Sabe ele também que as pessoas que recebem delegação de autoridade sentir-se-ão importantes, valorizadas, e que trarão uma importante contribuição à instituição da qual fazem parte.
3 – Jesus se comunicava bem
A comunicação é o problema básico de todo o agrupamento humano. A comunicação abrange quatro fases: O emissor, a mensagem, o meio de comunicação e o receptor. O emissor é aquele que emite a mensagem. A mensagem é aquilo que deve ser conhecido do receptor. O meio de comunicação é o canal por onde a comunicação flui. O receptor é o destinatário da mensagem.
O Senhor Jesus tinha consciência clara disso. Ele se comunicava bem. A sua comunicação era bilateral. Os monólogos foram muito poucos na vida do Senhor. Em diversas ocasiões, encontramos Jesus provocando o diálogo, como no caso da mulher samaritana, registrada em João 4, e no caso dos discípulos no caminho de Emaús. Quanto às parábolas que o Senhor Jesus proferiu, o seu significado era dito a Sua equipe de trabalho. Jesus não escondia informações, nem “o leite” dos Seus auxiliares. “Tudo Ele explicava aos Seus discípulos em particular.” Mc 4.34. Jesus sempre se encontrava disponível para ouvir o povo, tinha tempo para ouvir a todos. A Sua conversa era agradável, grave, sincera. Valia à pena ouvir e conversar com Jesus. Bem razão tinha Maria de Betânia quando sentada aos pés do Senhor ouvia a Sua Palavra (Lc 10.38-42).
No uso da comunicação, Jesus deu ênfase ao feedback, isto é, ao retorno da informação que dava. Em certa ocasião, ele perguntou aos Seus que diziam os homens acerca dele, inclusive fez esta pergunta aos discípulos: “É vós quem dizeis que eu sou?” Mt 16.15.
Há muitos líderes cristãos que não estão preocupados com o feedback. Não procuram saber como é que o povo encara a sua liderança, se agrada ou não. O feedback é importante na vida do líder cristão para fazer as correções necessárias na sua maneira de agir. Jesus não precisava de feedback porque conhecia tudo e todos, mas nós precisamos, como homens limitados que somos.
Que os líderes atuais aprendam com Jesus a ouvir o povo, a conversar com ele, enfim a se comunicar bem.
4 – Jesus dava ênfase ao trabalho, à produção, à meta
O Senhor Jesus como líder deu uma ênfase extraordinária à execução da tarefa. Era exigente com aqueles que trabalhavam com Ele. “O que lança mão do arado e olha para trás, não é apto para o Reino dos Céus.” Lc 9.62. Certa feita, Ele convocou um homem para o trabalho e não aceitou a sua escusa. “Deixa os mortos sepultar os seus mortos e tu vai e prega o Reino de Deus.” Lc 9.60. Jesus, na parábola dos talentos, mostrou que não admitia pessoas na Sua seara, sem o dinamismo necessário para o desenvolvimento do Seu trabalho. Censurou rispidamente o servo que recebeu um talento e o escondeu, com medo do seu senhor.
Jesus não somente exigia trabalho dos outros, mas dava o exemplo. Era um trabalhador incansável. “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também.” Jo 5.17. “Uma comida tenho que vós não conheceis: A minha comida é fazer a vontade do meu Pai e realizar a Sua Obra.” Jo 4.32,34.
5 – Jesus dava ênfase aos recursos humanos
A preocupação do Senhor Jesus como líder em relação a Sua equipe de trabalho não foi só com a produção, com a execução da tarefa, mas também com os Recursos Humanos, isto é, com o homem que executava o trabalho. Jesus sabia que um homem treinado, motivado e capacitado, teria condições de realizar a tarefa a contento. Durante três anos, o Senhor treinou os Seus apóstolos, motivou-os e capacitou-os para o serviço cristão. De maneira que, após a capacitação plena, que veio no dia de Pentecostes, aquele pequeno grupo de discípulos, direta ou indiretamente, fez a mensagem do Evangelho conhecida de todo o mundo de então.
A preocupação de Jesus com os Seus discípulos não era só na área da capacitação para executar a tarefa, mas também com o suprimento de suas necessidades. Os discípulos que trabalhavam com afinco, sem tempo para descansar, dado o volume do trabalho, Ele os chamou à parte para repousar (Mc 6.31). As necessidades básicas de alimentação, vestimenta, segurança, etc., foram objetos da atenção do Amado Mestre (Mt. 6.25-34). Quando das duas multiplicações dos pães, todos os apóstolos, além de comerem fartamente, ainda levaram pães para uma boa parte da caminhada (Mc. 6.43; 8.8). Os discípulos, em certa ocasião, depois de passarem a noite toda pescando sem sucesso, seguiram a orientação de Jesus e pescaram cento e cinqüenta e três grandes peixes, a ponto de o barco quase soçobrar. Quando chegaram à praia encontraram brasas, peixes assados e pão. Era a provisão divina para as suas necessidades materiais.
Outra preocupação que Jesus tinha com os seus discípulos, era quanto à proteção e o cuidado que demonstrava para com eles. Em certa ocasião, perguntou aos escribas o que é que eles discutiam com os seus discípulos (Mc 9.14-16). Em outra ocasião, o Senhor revelou a Pedro que Satanás tinha pedido permissão a Deus para cirandar com ele, mas disse Jesus, Eu roguei por ti para que a tua fé não desfaleça (Lc 22.31).
O líder verdadeiro se preocupa com o bem-estar daqueles que estão sob a sua liderança.
O estilo de liderança que dá alta ênfase ao trabalho e alta ênfase a pessoa que executa o trabalho, é o estilo ideal, segundo a opinião dos estudiosos sobre o assunto, inclusive, isso já foi testado em laboratório. No Grid Gerencial (uma das técnicas de desenvolvimento de lideranças) esse é o estilo conhecido como 9.9, o melhor de todos para qualquer organização produtiva. Há mais de dois mil anos atrás, o Senhor Jesus já usava esse estilo e o enfatizava.
Muitos administradores modernos falham justamente nessa área. Uns dão ênfase só à produção, ao trabalho. Esses acham que o homem é apenas uma peça numa engrenagem, que deverá ser substituída quando falhar. Outros só dão ênfase aos recursos humanos sem se preocupar com a produção, com o trabalho. São paternalistas. Não corrigem, não disciplinam, não chegam a lugar nenhum. Mantêm o grupo inoperante, sem efetiva ação.
O ideal como vimos, é o estilo de liderança empregado por Jesus, resumido em alta produtividade e alta satisfação das necessidades humanas.
6 – Jesus Organizava o seu trabalho
Cada coisa no seu devido lugar. Jesus não gostava de nada desorganizado; fazia as coisas com ordem e decência. Um exemplo vivo disso, é encontrado na primeira multiplicação dos pães, registrada em Lc 9.10-17. O Senhor mandou que todos os presentes se assentassem em grupos de cinquenta. Os pães e os peixes multiplicados foram entregues aos discípulos e eles os entregaram a multidão. Imaginem se Jesus pegasse os pães e os jogassem ao povo. Seria um verdadeiro pandemônio e certamente muita gente iria ferir-se e talvez até morrer pisoteada. Outro exemplo claro na área de organização, foi à distribuição dos talentos. O primeiro recebeu cinco talentos, o segundo dois talentos e o terceiro um talento, cada um de acordo com a sua capacidade.
A organização é uma necessidade muito grande para aqueles que ocupam posição de liderança nas Igrejas. Muitos falham nessa área. Quantos líderes evangélicos que existem hoje em dia com pouquíssima noção de organização! Isso nós vemos a partir das mensagens e estudos bíblicos proferidos. Faz-se necessário que o líder cristão, organize seu mundo interior, suas idéias, seus compromissos, sua família, etc. O universo, criação do Senhor, é acima de tudo um universo organizado. As leis que o regem, estabelecidas e organizadas pelo Criador, são eternas e imutáveis. Tudo se move no Universo com precisão milimétrica. Há um equilíbrio fantástico na criação do Senhor. Toda essa organização esplendorosa saiu da mente do Santo Filho de Deus. “… Sem ele nada do que foi feito se fez!.” Jo 1.3.
7 – Jesus planejava as suas atividades
O planejamento é uma atividade fundamental na vida de um líder. O Senhor Jesus planejava as suas atividades e ensinava aos outros que deveriam planejá-las também. Certa feita ele perguntou aos que estavam presentes, qual era o rei que sairia para combater outro rei, sem que primeiro procurasse saber a força do seu adversário e se com um exército numericamente inferior poderia combater um numericamente superior (Lc 14.31,32). Quando Jesus organizou o colégio apostólico instituiu uma tesouraria, cujo responsável era Judas Iscariotes, justamente para fazer face às despesas financeiras do cotidiano do Seu ministério. O dinheiro coletado era para atender o planejamento de suas atividades que, evidentemente, exigia despesas com alimentação, estada, etc. O roteiro do Seu ministério que envolveu a Judéia, Samaria e Galiléia, mostra que o Senhor seguia um planejamento bem definido: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel”, disse Ele certa feita a mulher sírio-fenícia (Mt 15.24).
Sabemos de muitos líderes evangélicos que falham muito na área do planejamento. Às vezes, levam as comunidades às quais pertencem a tomar decisões sem pensarem nas conseqüências futuras. Jesus não fez assim. Ele nos deixou um grande exemplo de uma líder que planejava as suas atividades.
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