Após a assunção de Cristo, ainda na época dos apóstolos, a Igreja se envolveu numa grande questão. Nada tão bobo como discutir se ela seria denominada tradicional ou pentecostal, calvinista ou arminiana, ou contextualizando, se Dilma será ou não melhor do que Lula (acho que a igreja gostou desse debate), ou se o Adriano deveria ou não jogar novamente no flamengo. A pergunta que não queria calar era: seguir ou não a lei? É possível perceber que a igreja quase faliu doutrinariamente por essa questão, conforme registrado na carta aos Gálatas.
Ainda hoje, essa questão gera confusão em muitos cristãos em todas as partes e isso influencia toda nossa maneira de ver Cristo, servi-lo e relacionar-se com Ele. Uma coisa é importante frisar: quando o novo testamento se refere à lei, ele não se limita aos mandamentos, mas aos rituais, cerimônias de culto, lugar de culto e legislação. Então: devemos ou não segui-los? Antes, deixe-me trazer dois versículos.
“Porque, tendo a lei a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas” e “ de maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo”. Hb 10:1 e Gl 3:24 respectivamente.
Uma visão panorâmica da Bíblia é o suficiente para eliminar essa dúvida. A lei é a sombra, e como tal, ela não nos dá a real noção de Deus, não nos revela por completa quem Ele é. Ela serviu para nos dar uma idéia do que estava para vir e o que estava por vir era Cristo, o resplendor de Sua glória a expressa imagem de Sua Pessoa. O que a lei, juntamente com todos os seus rituais representava, Cristo nos dá uma noção perfeita. O que lei nos mostrava por sombras e vagas idéias, Cristo nos revela por completo: Deus nos atrai a Si em amor e graça para nunca mais sermos lançados fora.
Então, por que não devemos mais nos submeter à lei como meio de nos achegarmos a Deus e ser justificados perante ele – querido(a) leitor(a), eu quero ser o mais claro possível e desejo que a resposta atinja o objetivo dela – ? Porque Jesus é o novo e vivo caminho, seu sangue é perfeitamente eficaz para nos lavar de todo pecado, seu sacerdócio é eterno, ela está entronizado nos Santo dos Santos onde intercede por nós e para onde nos levará, de maneira que não há um dia sequer que tenhamos que fazer algum sacrifício por pecados ou para obter alguma benção de Sua parte, porque o Seu é eterno e perfeito e é somente esse que Deus aceita.
O imperativo de Hb 10:19-23 é o imperativo de Deus! Desde a eternidade Ele planejou Jesus para nós! O que a Bíblia conta é os preparativos para a encarnação do Filho de Deus, seu sofrimento, morte, ressurreição e o resultado disso: nosso resgate e uma vida vivida pela fé no Cristo de Deus.
Deus quer que vivamos para Cristo, que O honremos, que O sigamos, que sejamos parecidos com ele, que o reconheçamos como o grande autor da vida e de nossa redenção. Você entendeu isso? Que Deus te resgatou para Sua própria glória? Para compartilhar conosco as riquezas de sua graça e amor e nos dar todas as heranças por meio de Jesus, todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais? Ele quer que o nosso prazer seja pelas coisas que não vemos, que olho algum viu e nem chegou ao coração de homem algum e que estão reservadas, preparadas para aqueles que O amam.
Essa é a vontade do Pai e a única maneira de agradá-lo. Uma vida rendida ao Filho é adoração ao Pai. A fé no filho glorifica o Pai. Os méritos de Cristo – e só os dele – para nossa salvação é a base para um relacionamento imutável com Deus e todos os outros caminhos o afrontam. O verso 31 do capitulo 10 de hebreus se volta para nós quando recusamos o plano de Deus através de seu Filho.
Esse é o chamado da Igreja e de todo o Israel de Deus, que não é reconhecido por seus templos ou lugares específicos de adoração, mas pelo ajuntamento de salvos em um culto espiritual onde dedicamos nossa vida e tudo ligado a ela como sacrifício. Culto que é oferecido ao nosso Senhor e Rei. Seja nas casas, nas congregações, no trabalho ou na faculdade. Sem rituais da lei, sem sacrifício, sem a arca de madeira, sem as tábuas, mas com fé, com a fé que só o Pai pode dar e que faz a igreja viver e esperar por sua perfeita redenção.
Com relação a essa nova vida que Cristo nos ofertou na cruz e como vivê-la, sem a maldição da lei e o peso das ordenanças que nunca poderíamos satisfazer, Paulo nos dá uma dica:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”.
Tiago Lino