O assunto da fé verdadeiramente bíblica, que procede como um dom de Deus para nós, está relacionado intimamente ao nosso conhecimento do caráter de Deus e de confiarmos, aceitarmos e praticarmos em nossas próprias vidas a Sua Palavra, mormente no que se refere ao nosso comportamento sendo moldado à semelhança ao de Cristo.
Sem este tipo de fé é impossível agradar a Deus, e é dela que a Bíblia dá testemunho que Ele não tem prazer em todo aquele que não a manifesta em seu viver (Hebreus 10.38).
Temos um bom exemplo da fé de origem divina na pessoa de Abraão, o amigo de Deus e designado como pai da fé dos crentes por causa do seu procedimento modelar em relação à vontade do Senhor.
Depois do encontro com Melquisedeque, Abraão teve uma visão na qual lhe veio a palavra do Senhor dizendo que não temesse, porque Ele era o seu escudo, isto é, a sua proteção, e, que seu galardão seria grandíssimo.
O Senhor reafirmou a promessa feita, trazendo Abraão para fora de sua tenda, e, mostrando-lhe as estrelas do céu disse que as contasse, caso pudesse; afirmando que sua descendência seria tão numerosa como aquelas estrelas, de um herdeiro que seria gerado pelo próprio Abraão.
E, contra qualquer tipo de evidência que lhe fosse favorável, Abraão deu crédito às palavras do Senhor, e creu inteiramente no que Ele disse, apesar de nada ter diante de si, senão apenas a promessa que lhe fora feita. A Escritura registra que a fé de Abraão lhe foi imputada como justiça.
A fé de Abraão é, portanto uma fé que descansa nas promessas e no poder de Deus; e não nas evidências e própria capacidade. Este é o tipo de fé que se manifesta na perseverança e confiança, fazendo aquilo que lhe é agradável; é exatamente o tipo de fé viva que salva e justifica, e por isso se diz que isto foi imputado a Abraão como justiça. Daí se dizer que o justo viverá pela fé; e que a salvação é pela graça, mediante a fé.
Mas, observe que não é um tipo qualquer de fé que justifica, mas a mesma qualidade de fé que teve Abraão, cuja autenticidade era evidenciada por suas obras.
Assim, o que justificou a Abraão não foi sua justiça própria, mas o próprio Deus, com base na fé dele, que permaneceu firme em confiar no Senhor e em Suas promessas, apesar de não ter nada além para crer senão na própria promessa.
Assim, todos os que creem em Cristo são salvos por crerem na promessa que Deus tem feito a Abraão, de abençoar a todos os que estiverem unidos pela fé ao seu descendente, que é Cristo.
Abraão foi justificado pela sua fé, assim como o são todos os verdadeiros cristãos; e é por isso que já não há nenhuma condenação para eles, como se lê em Rom 8.1, e conforme foi predito pelo salmista no Sl 34.22:
“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam, nenhum será condenado.
Agora, esta fé que é justificadora, é também santificadora, e é por se santificar, em inteira confiança na Palavra do Senhor, em tudo o que a Sua boa tem proferido na Bíblia, para ser praticado voluntariamente, que a alma encontra descanso, paz e alegria.
Porque a incredulidade num único preceito conduzirá a alma as uma condição má de sofrer muitos tormentos e dores, por ter permitido desviar-se de uma completa inteireza de fé e uma boa consciência para com Deus.
Pr Silvio Dutra