“Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR vosso Deus” (Levítico 19.34)
Algumas pessoas realmente acham que devem receber algo em troca boas atitudes. O verdadeiro amor, entretanto, não busca seus próprios interesses. Agapao e ágape, verbo e substantivo, respectivamente, são as palavras para o amor incondicional de Deus. Em João 3.16, está escrito que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
O amor incondicional do Pai é um amor por escolha e por um gesto de vontade. Significa benevolência inconquistável e boa vontade invicta. O verso 17 ainda diz que “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”. Você é capaz de imaginar a grandiosidade desse amor?
Não é necessário qualquer sentimentalismo ou mesmo afinidade para que esse amor reine. O amor agapao pertence exclusivamente à comunidade cristã. É um amor que foi conhecido apenas pelos escritores do Novo Testamento através de Jesus.
Deus entregou à humanidade seu único filho e não pediu nada em troca. Pelo contrário, o Pai só tem bênçãos a nos oferecer. Ele não se cansa de nos presentear! Quando lemos que “Deus amou o mundo de tal maneira”, entendemos que a motivação dele para nos dar seu filho foi unicamente seu amor. A nossa motivação também deve ser essa. O amor de Deus foi materializado em um ato de doação, pois “deu o seu Filho unigênito”. . Devemos também entregar a Deus e às outras pessoas o que temos de melhor. Você tem demonstrado o que tem de melhor a oferecer para as pessoas?
Lembre-se que a rejeição é capaz de abrir feridas na alma. Feridas que talvez nunca sarem sem o devido arrependimento e perdão. A rejeição magoa. Nunca a pratique. Trate os outros como se fizessem parte de sua própria família.
A Bíblia nos mostra que devemos respeitar todas as pessoas da mesma forma, sem distinções. Devemos ser imparciais. Essa atitude só se torna possível quando temos o amor do Pai dentro de nós. “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores” (ênfase do autor) (Tiago 2.1-9).
Deus é imparcial, por esse motivo devemos também proceder assim. Deus mostra a todas as pessoas o mesmo amor, graça, bênçãos e benefícios de sua salvação. Ele acolhe a todos. Essa é a expressão do verdadeiro amor. O amor cristão é desinteressado em relação ao próximo.
O novo nascimento
Certa ocasião, Jesus disse a um homem chamado Nicodemos que era necessário nascer de novo para ver o Reino de Deus. O homem, bastante confuso com aquelas palavras, perguntou a Cristo: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (João 3.4).
Vendo a expressão de dúvida estampada no rosto de Nicodemos, Jesus lhe disse: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (v. 5-6).
Nicodemos era um respeitado e influente membro do Sinédrio. Sendo fariseu, foi instruído de acordo com a lei e teologia judaicas. O próprio Jesus o chamou de “mestre de Israel”.
É bem provável que Nicodemos tenha ido encontrar Jesus durante à noite por temer sua reputação e, especialmente, sua posição social: um simples carpinteiro que falava sobre o Reino de Deus e operava milagres no meio do povo.
Jesus ensinava que, para entrar no Reino de Deus, era necessário que uma pessoa nascesse de novo. Esse, no entanto, não era um nascimento comum. Não se tratava de um segundo nascimento biológico. Cristo se referia a um nascimento espiritual.
Como os hebreus usavam termos como “água” e “gota” para descrever o nascimento natural, está explicado o porquê de Jesus ter usado uma palavra que o povo compreendia. “Espírito” se refere ao nascimento espiritual realizado mediante o poder de renovação e transformação do Espírito Santo. Somente o Espírito de Deus é capaz de fazer isso.
Sem o novo nascimento não existe vida, nem relacionamento com Deus. Quando uma pessoa nasce de novo, sua perspectiva muda à medida que é capaz de contemplar o Reino de Deus. Através desse nascimento, somos apresentados a um novo domínio em que a vontade de Deus prevalece.
Nascer de novo não significa somente ser salvo ou esperar algo que virá futuramente. É uma nova experiência, um novo estágio de vida, que nos concede novas oportunidades em nossos relacionamentos com outras pessoas e não só com Deus.
Um amor que não estabelece condições
É simplesmente incrível e cativante o modo como um bebê observa, encantado, sua mãe. Ele não a ama pelo fato de que ela representa seu meio de sustento, sua provisão direta. Seu amor não é baseado em sua dependência. Na verdade, essa noção de um amor condicional está longe de ser entendida por um ser tão pequeno e carente.
Durante seu estado fetal, o bebê apenas recebia e em nada contribuía para seu nascimento. Sua atitude passiva, entretanto, representou seu grande triunfo. Ao sair do ventre de sua mãe, seus olhos não conseguem distinguir o fascinante mundo em que agora se encontra. Sua noção de espaço era limitada, sua percepção era limitada. Sua vida era limitada.
Para o bebê, sua mãe representa o verdadeiro liame entre dois mundos. Antes, sua casa, agora, sua fonte de sobrevivência e o caminho para sua nova vida. Mas essa é uma percepção que está longe de ser acatada por um ser tão pequeno e ingênuo.
Para a pequena criança, sua mãe é tudo. Seu olhar, seu carinho, sua atenção. Seu mundo gira em torno dela. E não há condições. Sua mãe não precisa fazer nada para ter seu amor. Não precisa enchê-la de presentes ou lhe falar coisas que a agradem. Não precisa lhe dizer o quanto suas bochechas são rosadas ou o quanto sua pele é macia. Não precisa dizer o quanto seu sorriso ainda sem quaisquer dentes a deixa tão feliz.
Um amor que não estabelece condições. Um amor incondicional. É exatamente disso que precisamos. “Mas uma boa dose de condições não faz mal a ninguém”, você deve estar pensando. Um amor educado, simpático, e companheiro é sempre bem vindo. Entenda, entretanto, que quando fazemos do acessório o principal as coisas começam a desandar.
Quando criança, minha família e eu nos mudávamos frequentemente de cidade em função do trabalho de meu pai. Já perdi a conta das amizades que deixei para trás e das inúmeras boas lembranças que guardo em lugares secretos da minha mente. Em alguns
momentos, elas reaparecem, me trazendo boas percepções.
Porém, mas árduo do que fazer novas amizades ou iniciar o ano letivo em uma escola totalmente nova bem no meio do semestre é encaixotar as coisas. E mais difícil do que encaixotar as coisas é tirar essas coisas das caixas. Como somos capazes de guardar tantos trecos, não é mesmo? Faça um teste: arrume uma caixa bem grande e comece a enchê-la de coisas que não usa mais. Você irá perceber que no final do dia aquela caixa que parecia enorme no início da aventura se revelou ineficaz diante de tanta coisa velha!
Sempre que começávamos a arrumar as coisas na nova casa, meu pai dizia: “Não dêem tanta importância aos detalhes. Vamos nos concentrar nas coisas mais importantes”. Porém a frase que eu mais gostava de ouvir era: “Se concentrem no bolo, não no glacê”.
Talvez sem querer, meu pai me ensinou uma grande lição. Quando nos concentramos muito nos detalhes, deixamos de dar valor ao que realmente importa. Quando nossa atenção é desviada para a cobertura, nosso bolo pode queimar!
Você já notou que quando nos aproximamos demais de uma pintura, as imperfeições saltam aos olhos? Nosso olhar vai diretamente para onde está o erro. “Ali está, o pintor deixou de dar um acabamento final nesse pedaço aqui”. Quando nos detemos aos detalhes, não apreciamos a beleza da totalidade da obra. Quando nos deixamos ser levados pelos detalhes, perdemos o maravilhoso espetáculo da vida!
Talvez visto de perto todo o relacionamento tenha suas imperfeições. Ou, de longe, todo casamento, namoro, ou amizade sejam perfeitos. Mas o que procuramos não é a perfeição. Procuramos erros! Isso mesmo, sempre estamos procurando erros. Algumas pessoas em graduação mais elevada, mas todos procuramos os erros. Porque isso acontece? Talvez para que possamos nos enganar ao pensar que temos as respostas certas. E é justamente nas respostas certas que residem as condições.
Quando seu amor é condicional, você está assumindo que somente você possui as respostas certas. Quando um relacionamento é pautado em condições, o foco é desviado para o que o outro pode oferecer e não do que eu posso abrir mão. As condições funcionam como verdadeiras bombas-relógio com o contador quebrado. Não se sabe quando ocorrerá a explosão. Mas uma coisa é certa: quem estiver por perto na hora em que ela acontecer não sairá ileso.
Nas exatas palavras de meu pai: “Se concentrem no bolo, não no glacê”. Como seres humanos, somos imperfeitos. E parece que por não aceitarmos isso, tentamos transferir nossas responsabilidades. Por não tentar entender e aceitar as pessoas com seus erros e suas limitações, damos muita atenção aos detalhes e não ao que realmente importa.
Experimente não dar tanta importância aos pequenos erros da pintura. Se você, assim como eu, é uma pessoa detalhista, dê atenção aos pequenos bons detalhes. Um simples sorriso sincero. Um abraço, mesmo que tímido. Um caloroso aperto de mão. Um verdadeiro elogio. E, principalmente, jamais cole seu amor junto ao quadro de sonhos impossíveis. Não estabeleça condições. Como uma inocente criança, esteja disposto a amar. Também esteja disposto a aceitar. E a errar. Erre bastante. Não tenha medo de errar. O erro nos torna humanos e passíveis de entender os outros.
Cultive um amor desinteressado e esteja pronto para colher os frutos de um relacionamento pautado no amor de Deus.