“Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Romanos 8.9)
Esta declaração do apóstolo não é de caráter excludente, mas sua intenção é a de demonstrar que a evidência de pertencermos de fato a Cristo é a de termos a habitação do Espírito Santo em nós, de modo que ninguém seja enganado por uma falsa convicção de ser do Senhor por outras formas de evidência, enquanto não se possui a citada testificação do Espírito com o nosso espírito, que estamos unidos a Jesus.
Sem o Espírito Santo em nossos corações não podemos reconhecer a real extensão do quanto somos pecadores e do quanto a nossa condição pecaminosa ofende a justiça de Deus. Todavia o Espírito não nos acusa e condena, mas nos convence da nossa necessidade do sacrifício de Jesus para sermos perdoados e justificados pela fé nele.
Além disso, o Espírito opera em nós uma real transformação através do novo nascimento espiritual (regeneração) pelo qual somos tornados coparticipantes da natureza divina; e a nova criatura que passamos a ser na conversão, é aperfeiçoada em seu crescimento espiritual no conhecimento da pessoa e vontade de Jesus Cristo através do processo da santificação.
Tudo isto é uma evidência que não somos meros religiosos que professaram a religião cristã, mas pessoas que efetivamente são de Jesus, uma vez que temos em nós este trabalho sendo operado pelo Espírito Santo. Onde há este trabalho há um verdadeiro amor a Jesus, evidenciado na disposição sincera em cumprir os seus mandamentos, em verdadeira santidade de vida.
Se Cristo é santo e nos chama a sermos santos como ele, como poderíamos ter prazer em servi-lo segundo o que nos é ordenado por ele na Bíblia, caso não houvesse esse trabalho do Espírito Santo na nossa transformação?
Pois todos nos achamos naturalmente indispostos, em razão do pecado que em nós habita, a amar a Deus e a fazer a sua vontade. Necessitamos então de que um poder maior do que o do pecado o vença e nos eleve à condição de podermos adorar a Deus em espírito e em verdade. E este poder somente nos é concedido pela graça de Cristo por meio da operação do Espírito Santo.
Daí decorre a nossa completa necessidade do Espírito Santo para que possamos viver de modo agradável a Deus como seus filhos amados. Por isso nosso Senhor afirma que bem-aventurados são os humildes de espírito, os mansos (submissos a Deus), os puros de coração, os que têm fome e sede de justiça, porque é somente por nos sujeitarmos a Deus, buscando ser obedientes à sua vontade, que podemos estar seguros de receber a graça de Jesus e o dom do Espírito Santo, que ele tem prometido a todos os que lhe obedecem.
Enquanto a imagem e semelhança de Jesus não for restaurada em nós, não podemos ter qualquer prazer nele e nos seus mandamentos, porque estes, em grande parte, demandam uma completa renúncia às nossas paixões carnais e mundanas.
Se não estivermos dispostos a receber uma nova natureza espiritual, celestial e divina, é certo que não receberemos também o dom do Espírito Santo, porque é principalmente para este propósito que ele passa a habitar em nós, a partir da nossa conversão a Jesus.
Todos os milhões que têm crido em Cristo ao longo da história da sua igreja neste mundo, têm sido feito participantes disto, e podem testemunhar por suas próprias vidas transformadas que estas coisas são verdadeiras e fiéis.
Assim, Deus em sua bondade e misericórdia, para não nos deixar sem um testemunho e garantia seguros da nossa união com Jesus, nos deu o Espírito Santo para ser o penhor da nossa salvação.