Como preservar os filhos dos perigos virtuais sem proibi-los de usufruir de seus benefícios.
Informações do mundo todo, em tempo real e 24h por dia. Essa é a principal função da internet. Mas apesar de a web oferecer uma gama de benefícios como rápido acesso a informações e pesquisas, nesse ambiente nem sempre a quantidade de informações está relacionada à sua qualidade. Orkut, blogs e MSN são apenas alguns dos múltiplos serviços oferecidos na rede que provocam muita euforia entre adolescentes e crianças e grande preocupação nos pais. Uma pesquisa do Conselho Nacional de Consumo do Reino Unido, realizada com crianças entre nove e treze anos, mostrou que os computadores tiram o tempo em família desses pré-adolescentes e que, devido a isso, eles são mais submetidos a anúncios e ao materialismo.
Uma outra pesquisa realizada no Brasil aponta que só no início deste ano, o país atingiu um número de 32,9 milhões de pessoas na faixa de 16 anos ou mais que têm acesso à internet. O principal motivo de preocupação para os pais é que, hoje, o uso da internet não é passível de controle. E se já é difícil impor limites dentro de casa, a situação torna-se cada vez pior quando sai dos lares e escolas e toma conta de outros ambientes, como por exemplo, cibercafés e lan houses. Esses espaços estão invadindo as cidades e conquistando a atenção dos adolescentes e crianças, que somam o maior número de freqüentadores assíduos desses locais.
Mas, apesar de o quadro ser preocupante, é preciso lembrar que os avanços tecnológicos só tendem a aumentar e os mais jovens serão os principais atores dessa realidade. O fato é que existe uma avalanche de informações na rede e que muitas delas não valem nada, mas por outro lado encontramos as que são realmente úteis.
É aí que entra a necessidade de seleção do conteúdo, uma atividade difícil de ser feita pelas crianças e adolescentes, uma vez que são tomados pela euforia de compartilhar informações com outras pessoas que possuem interesses e idéias comuns às suas. Mas se o ambiente da rede é imprevisível, como saber que amigos e influências estão presentes na vida dos filhos?
Segundo a analista de sistemas Nice Figueiredo, a melhor maneira de controlar essa questão é dedicar uma atenção especial aos filhos, o que implica em compartilhar com eles esses amigos virtuais, acompanhar o seu comportamento no dia-a-dia familiar e dar liberdade com confiança, porém sem esquecer que os filhos devem respeito aos pais.
Nice conhece bem essa realidade. Ela tem dois filhos, o Vinícius, de 20 anos, e o Bruno, de 22 anos, ambos antenados com a web. A analista afirma que mesmo mantendo todas as suas atividades, ela sempre procurou estar ligada no que os seus filhos estavam fazendo. Existem estratégias que os pais precisam criar para afastar as crianças daquilo que não é bom. “Criar sua própria sala de bate-papo em casa, se importar com o que eles fazem quando estão sozinhos. Isso faz com que eles se sintam responsáveis pelos seus atos”, garante.
No livro de Provérbios 22.6, a Bíblia ensina: “Educa a criança no caminho em que se deve andar e, até quando envelhecer, não se desviará dele”. Muitas vezes, as estratégias e tentativas parecem ser frustradas quando se trata da educação de crianças e adolescentes, mas a Palavra de Deus ensina que a criança deve ser educada para obedecer aos pais.
O que acontece atualmente é que com o excesso de atividades e a enxurrada de avanços tecnológicos, muitos pais deixam de repreender os filhos, colocando-os à mercê das informações da mídia, que hoje já é conhecida e utilizada por muitos como uma “babá eletrônica”. A publicitária Ingrid Leão conta que, por várias vezes, já foi confrontada pelos filhos João Pedro (16) e Camila (12) sobre assuntos polêmicos que circulam na rede. Para a publicitária, a melhor opção é ter uma conversa franca com os filhos e ensiná-los a respeitar o que a Bíblia diz sobre determinados assuntos.
“Meus filhos sempre tiveram liberdade para assistir a programas de TV, navegar na Internet e conhecer as coisas que as pessoas julgam erradas. Quando o João Pedro teve interesse em saber mais sobre drogas, não me fiz de rogada. Falei sobre o assunto, mostrando que no Brasil é considerado ilegal e que não é bom para a saúde. Quando a Camila quis saber sobre sexo, sentei com ela e expliquei tudo o que achava que sua cabecinha podia absorver. Meus pais me deram uma excelente educação e eu nunca fiz nada escondido, pois o diálogo era constante dentro de nossa casa. Nasci num lar evangélico e nunca me afastei de Jesus para experimentar “o mundo” porque dentro da minha casa recebi todo o aparato necessário para perceber que Jesus é maravilhoso e que as coisas que o mundo oferece são ilusões. Por essa razão, procuro mostrar aos meus filhos aquilo que diz o apóstolo Paulo no livro de 1 Coríntios 10.31: “Quer comamos, quer bebamos, façamos tudo para glória de Deus”. É assim que devemos educá-los e ensiná-los. Que nascemos e vivemos para o louvor desse Deus maravilhoso”.
Quando a criança passa a entender o que deve ou não fazer, ela, conseqüentemente, irá selecionar quais sites, portais, salas e chats irão freqüentar. Além desse trabalho de conscientização, também é papel dos pais selecionar que tipo de ambientes o filho deve estar e impor os limites necessários.
Nice Figueiredo conta que embora dê liberdade aos seus filhos, como mãe ela precisa estar ciente de tudo o que eles fazem. “Os pais precisam manter o controle; quem dita as regras somos nós e não os filhos e, sem essa de que com isso vamos tirar a liberdade e tudo o mais. Tem de haver regras e, se elas são quebradas, há sempre o velho e útil castigo”.
As regras valem também para serem aplicadas em relação ao tempo gasto no computador. Tudo em excesso é prejudicial, até mesmo informações e entretenimento. Pesquisas mostram que muitas crianças preferem navegar na internet, ocupando a mente com vídeos e games eletrônicos, do que desfrutar do tempo com os pais. O estudo feito pelo Conselho de Consumo do Reino Unido apontou que as crianças que se tornaram materialistas por conta da grande quantidade de tempo gasto na web eram mais prováveis que outras a discutir com sua família, não ligar para a opinião de seus parentes e sofrer de baixa auto-estima.
A psicopedagoga Marlene Souto afirma que teve muitas ificuldades para controlar o tempo gasto pela sua filha na web. “Desde bem pequena a Nathália aprendeu a mexer no computador. Quando entrou na adolescência, ela varava as noites na frente do micro. Não satisfeita, passou a freqüentar lan houses. Percebi que se tratava de uma fase e que ela ia porque as amiguinhas estavam todas lá. Mas, como sei que filho pede limites desde pequeno, procurei contornar a situação mostrando os prós e os contras. Hoje, consigo administrar bem essa questão e ela já não fica tanto tempo navegando na internet”.
Mantendo o controle
As táticas de mercado e campanhas publicitárias estão investindo, cada vez mais e com toda força, em mentes frescas e abertas como as dos jovens. Diante disso, os pais precisam desenvolver um trabalho intenso e eficiente para que seus filhos não se contaminem com a avalanche de informações desnecessárias que recebem. Embora a aplicação de regras e a constante supervisão sejam fatores eficazes no controle do acesso dos filhos a determinados assuntos, existem também estratégias práticas para a obtenção de resultados.
Especialistas da área de informática afirmam que, hoje, já existem vários métodos técnicos que os pais podem utilizar para manter os filhos longe daquilo que é inútil. Serviços de bloqueios de portais e filtros de determinadas informações já podem ser encontrados em alguns sites que se dedicam especificamente à
criação de softwares pessoais, que podem controlar o acesso daqueles que tentam burlar as regras.
Quando se trata da educação dos filhos, até mesmo as medidas enérgicas são eficazes para a obtenção de resultados. No livro de 1 João 5.19 está escrito: “…O mundo jaz no maligno” e, por isso, a busca dos pais pela orientação de Deus deve ser constante para que seus filhos se mantenham longe das investidas do mal.
Por Juliana Miguel
Artigo extarído do site www.elnet.com.br