Filhinhos guardai-vos dos ídolos. (1 João 5. 21)
A primeira carta do apóstolo João foi escrita em 85 d. C. Temos informações sobre a longa vida deste dedicado homem, que por sua fé e fidelidade aos ensinamentos de Cristo foi desterrado para a ilha de Patmos e posteriormente sentenciado à morte em Éfeso, por causa de seu ardoroso testemunho.
O fato de João recomendar de forma veemente aos cristãos, a se guardarem dos ídolos está profundamente relacionado ao conhecimento das verdades fundamentais do cristianismo, que expressam o pensamento de Deus e, por outro lado, quanto ao perigo que a idolatria representava para os cristãos, considerando também que ela sempre produziu ameaças para a fé e confiança no Deus verdadeiro, a exemplo da relação histórica entre Deus e o povo de Israel. Quando lemos: “Filhinhos guardai-vos dos ídolos”, nota-se que vem precedido pelo o entendimento de que, os cristãos fazem parte daqueles que – conhecem o verdadeiro.
Conhecer o verdadeiro acontece através do conhecimento da verdade. O centro da mensagem de Cristo era a verdade. Partindo dela é que, a luz se manifesta para trazer libertação e vida. Lamento profundamente o fato de muitas denominações, consideradas cristãs estarem se rendendo às massas, aos mitos e se afastando cada vez mais da verdade. Os grandes apelos que se fazem hoje para as pessoas se aproximarem de Deus não considera o princípio da verdade, mas do erro, do engano, da alienação, que estão escondidos no mito, um caminho que leva à idolatria e à mentira, e não à verdade libertadora. Quando alguém, ou uma instituição deixar de girar em torno da verdade, só sobrarão os mitos e pessoas alienadas.
O que é ídolo e o que representa? Ídolo do Gg – eidolon, pelo lat. ídolu que quer dizer: imagem, estátua ou qualquer outro elemento, objeto, cultuados, venerados, admirados como deuses ou deusas, ou em quem se reconhece atribuições divinas, por exemplo – que tenha poder, autoridade de proteger a pessoa ou responder orações. O ídolo representa uma forma de desviar a glorificação, culto e reconhecimento; inferiorizar a supremacia de Deus e manter as pessoas sob a égide da ignorância, que o faz refém tanto dos homens, quanto de satanás.
É bom afirmar que existe uma inteligência humana ou diabólica, ou a combinação das duas, por detrás de todo o processo idolátrico, que leva de maneira sorrateira e perspicaz, as pessoas menosprezarem Deus, mesmo na forma inconsciente e enganosa. E nesse caso, só para ilustrar, posso perceber que muitos cristãos adotaram suas denominações, lideres, estranhas teologias, e até a Bíblia como ídolos. Será que existe os bibliólatras? Sim! São aqueles que a tem como amuleto, ou instrumento de proteção, ou que se escondem atrás de versículos isolados, para se protegerem, ou defenderem suas pseudo-verdades.
A Bíblia é uma enciclopédia composta de vários livros nos quais estão inseridas verdades objetivas nas várias categorias e modalidades, que devem ser absorvidas, objetivando nos levar à verdade libertadora. Ela é como um favo de onde se extrai o mel, uma flor na qual se encontra o néctar, o princípio da verdade, que gera luz para as vidas, pois nela está a Palavra de Deus, de vida, salvação e libertação, pois ela é – lâmpada para os pés e luz para o caminho.
A produção de um ídolo é resultado do fanatismo religioso, sutileza humana que tem por finalidade o exercício comercial, ou a manipulação popular que visa a auto-promoção humana. Que o ídolo por si só não produz nenhum resultado positivo à pessoa, isto está bem evidenciado nas escrituras. Quando Davi propôs no seu coração a distinguir Deus como o merecedor do culto, fez alusão a ineficácia dos ídolos: “Prata e ouro são os ídolos deles, e obras das mãos de homens. Têm boca mas não falam; têm olhos mas não vêem; têm ouvidos mas não ouvem (….) Tornem-se semelhantes a eles os que o fazem, e quantos neles confiam. (Salmos 115. 4-8)
O fato de muitos idólatras não compreenderem o Evangelho está relacionada à sua condição, pois tornam-se semelhantes aos ídolos. Ídolo não tem fé, não tem vida. Aí está o segredo da ignorância espiritual: “Nada sabem os que carregam o lenho das suas imagens de escultura. (Isaías 45. 20)
E mais sobre os ídolos, à luz das sagradas letras: “Os ídolos são como um espantalho no pepinal, e não podem falar, necessitam de quem os leve, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer mal e não está neles o fazer o bem. Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor, tu és grande e grande é o poder do teu nome. (Jeremias 10. 5, 6)
Quando o apóstolo Paulo chegou a Atenas deparou-se com um povo que apesar de sua educação vivia refém dos ídolos e “seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante”. O areópago se preparava para receber, segundo alguns filósofos epicureus e estóicos, um estranho tagarela que pregava Jesus e a ressurreição. O areópago estava mais para um altar a Ares, o deus da guerra, do que um púlpito no qual se prega sobre Deus, mas Paulo não se atemorizou ao afirmar: “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer. É precisamente aquele que vos anuncio. O Deus que fez os céus e a terra e tudo o que nele existe…(Atos 17. 22-34) O resultado dessa exposição dividiu-se em três atitudes: 1) O grupo que escarneceu; 2) O grupo que adiou – a respeito disso te ouviremos em outra ocasião; 3) O grupo que aceitou e creu – houve porém, alguns homens que creram, entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e com eles outros mais. (Atos 17. 33, 34)
Qual a sua posição em relação a este importante assunto, que envolve o coração do Evangelho? Em qual grupo você prefere pertencer? Você é livre! Você pode escarnecer e abandonar; pode deixar para outra ocasião; mas pode também, abrir o coração para Deus e dizer: Senhor te reconheço como o único a quem se deve cultuar, reconhecer, servir!
Francisco Meirinho
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