“temos a razão e devemos ver os agentes da fé e da ciência…”
O divórcio entre a fé e a ciência, ou entre a física e a metafísica, marcou o fim da Idade Medieval e o início do Iluminismo. Não me entenda mal. Creio que este divórcio trouxe inestimáveis benefícios para ambos os lados, mas não sem um alto preço. Como os divórcios são caraterizados por brigas, mal entendidos, rotulações preconceituosas ou até mesmo xingações dos dois lados, também a ciência e a teologia sofrem de grande dificuldade de comunicação. Além disto, com o amadurecimento da ciência, cresce a convicção popular que a ela pertence o campo de fatos enquanto à religião pertence o campo de valores. Curiosamente ao campo de fatos se aplica a regra de singularidade e dogma. Isto é, a respeito de determinado fenômeno, cientificamente falando, os fatos são únicos, e uma vez estabelecidos, se tornam dogmas. O inverso ocorre na percepção do papel da religião para quem é relegado campo de valores. Estes valores, não como fatos, são múltiplos e por isso culturalmente não devem ser entendidos como dogmas universais, apenas do gosto do freguês.
Digo isso a princípio só para ilustrar a dificuldade de intercâmbio que historicamente existe entre estes dois paradigmas. Uma uma parábola vai ajudar (a primeira regra da teologia é se não souber da resposta, conte uma parábola!).
Em julho de 1979, na famosa universidade, Massachusetts Institute of Technology na cidade de Cambridge, Massachusetts, igrejas do mundo inteiro, protestantes, católicos romanos e católicos ortodoxos, se-reuniram (com o apoio do Concílio Mundial de Igrejas) para discutir o tema, “Fé e ciência num mundo injusto”. O astrônomo australiano eminente, Robert Hanbury Brown, foi convidado para dar início à conferência com uma definição da ciência e uma interpretação da sua natureza. Dois dos seus temas eram especialmente interessantes.
Começando com uma definição clássica, ele descreveu como a “industralização” da ciência – sua aliança com instituições políticas e econômicas – modificou a compreensão clássica como uma busca pela verdade objetiva e verificável. Mesmo assim, como o bom cientista que é, Brown afirmou a importância da objetividade e a verifiabilidade para toda tarefa científica.
Ao mesmo tempo, Brown enfatizou que os conceitos científicos são metáforas e abstrações relacionadas a uma realidade essencialmente misteriosa. Disse ainda, que dentro da própria ciência, há metáforas e abstrações diferentes que podem ser consideradas “complimentares” e não antagônicas. Com base neste último ponto, ele argumentou que uma ciência devidamente modesta e a fé podem ser vistas como respostas complimentares aos mistérios últimos da existência.
Depois da palestra de Brown, havia duas reações convidadas. Uma veio duma cientista africana, Matu Maathai, que era basicamente uma aprovação entusiástica da ciência, mesmo com algumas ressalvas a respeito do perigo do abuso da ciência no terceiro mundo, especialmente para o aumento de armas de destruição.
A segunda reação veio dum teólogo e filósofo social brasileiro, Rubem Alves, então professor da UNICAMP e atualmente psicanalista e meu vizinho do lado da minha casa. Típico do espírito brasileiro poético e brincalhão, Rubem Alves deu sua resposta contando a seguinte estória:
Era uma vez um cordeiro, que amando o conhecimento objetivo, resolveu descobrir a verdade sobre os lobos. Já sabia de muitos contos ruins sobre os lobos. Eram verdadeiros? Resolveu investigar de primeira mão. Então ele escreveu uma carta para um lobo filósofo com uma pergunta simples e direto: O que é um lobo? O lobo filósofo respondeu a carta explicando o que os lobos são: seus formatos, seus tamanhos, suas cores, seus hábitos sociais, seu pensamento, etc. Pensou, entretanto, que era irrelevante falar dos seus hábitos alimentícios já que tais hábitos, de acordo com a própria filosofia do lobo filósofo, não pertenciam à essência dos lobos. Pois bem, o cordeiro ficou tão impressionado com a carta que resolveu fazer uma visita na casa do seu novo amigo, o lobo. Foi somente então que aprendeu para sua infelicidade que os lobos têm uma fraqueza por churrasco de cordeiro.
Seria fácil confundir as personagens da parábola de Rubem Alves. Poderia imaginar que para ele, o lobo representa o cientista puro e o cordeiro o religioso. Também não seria difícil imaginar o contrário. Mas o próprio Dr. Alves explica: o lobo somos todos nós que pretendemos nos definir com objetividade e distância pessoal. Os lobos são os cientistas, religiosos, políticos, economistas e até professores universitários. Entretanto o tom bastante negativo de Alves ilustra a difícil relação entre a ciência e a religião. Esta relação tênua tem uma longa história que não dá para relatar adequadamente aqui. Mas é um relacionamento que não precisa ser, e não é o único relacionamento possível. Gostaria de propor um outro, não de incompatibilidade entre lobo e cordeiro, mas do desconhecimento mútuo entre dois gêmeos que são criados separadamente.
Já aparece nas reportagens na televisão: dois gêmeos, ou duas gêmeas que eram separados logo depois do nascimento se encontram décadas depois. A alegria é enorme, mas na própria reportagem dá para perceber que os dois já são bem diferentes, devido a influência não só de fatores psicológicos que levam quaisquer irmãos, gêmeos ou não, a terem suas próprias personalidades, mas também devido a criação em contextos totalmente diferentes que os gêmeos sofrearam. Talvez eu esteja exagerando na analogia, mas prefiro ver a fé e a ciência como gêmeos criados separados. Deveriam ter mais em comum do que de fato têm, não idênticos, pela mesma razão que gêmeos idênticos não são idênticos na sua personalidade. Faço esta fantástica afirmação que a fé, certamente a fé cristã, literalmente começa e termina com uma preocupação cosmológica, uma preocupação que normalmente relegamos a ciência. Enquanto isso, a ciência sem dúvida está fazendo perguntas cada vez mais teleológicas e estéticas, que se refere à finalidade e a beleza da realidade conhecível.
A prioridade cosmológica da fé bíblica
A fé, pelo menos a fé bíblica, não é de maneira alguma, contra a ciência. Pelo contrário, do ponto de vista teológica, a fé incentiva e exige a ciênciano que se refere geralmente de qualquer busca pela verdade e no que se refere especificamente da incumbência humana de classificar, compreender, e explicar abstratamente a natureza (Gênesis 2.19-20).
1. A busca da verdade
(Salmo 25.1-5; Provérbios 1.7; 2.1-6; 23.23; Daniel 2.20-21; João 14.6; Romanos 12.1-2; Filipenses 4.8)
Paul Tillich definiu uma vez a religião como qualquer “procupação última” que alguem tenha. Assim foi além das definições tradicionais que restringia a religião ao campo do místico, ou do sobrenatural. Mesmo com esta definição ampla de Tillich, não é difícil associar a fé bíblica com uma preocupação com o divino. Interessantemente as Escrituras antigas fazem uma nítida ligação entre o divino e a verdade. Em João 14.6, Jesus alega ser a verdade, não só saber ao seu respeito, mas de ser a verdade. Não estava inovando. No Antigo Testamento já dizera que o conhecimento (daath) pertence a Deus (1 Samuel 2.3). E onde a sabedoria é personificada, ela adquire caraterísticas divinas. Alías, em Provérbios 1-8 ela é ao mesmo tempo personificada e divinizada. Agora, é importante esclarecer que a afirmação teológica “Deus é a verdade”, deve ser entendido inclusivamente, não exclusivamente. Não é uma negação da ciência. Pelo contrário, é uma afirmação de tudo na ciência e em qualquer paradigma humana que é verdadeiro. Quem busca a Deus, busca a verdade. E quem de fato busca a verdade, está no caminho a Deus, mesmo que não intencionalmente, quer seja teísta, deísta ou ateu. Portanto a fé, pela sua busca pela verdade e de modo geral, incentiva e exige a ciência.
2. A incumbência científica
Também especificamente a fé cristã, nas primeiras páginas da sua constituição, a Bíblia, começa com uma preocupação cosmológica: “no princípio criou Deus os céus e a terra.” E nas suás últimas páginas lemos da recriação dos mesmos. Os diversos relatos da Bíblia sobre o início do universo (só em Gênesis há duas versões logo no início e há outras nos salmos, nos profetas e também no Novo Testamento) demonstram um interesse nos elementos da natureza em si e por si só que em muito supera o interesse que se encontra nos escritos teológicos e que em muito coincide com as descrições científicas.
Agora esta última frase, “a preocupação bíblica…em muito coincide com as descrições científicas” precisa de explicação. Duas observações quanto à linguagem não científica da Bíblia e o papel de auxílio que ciência presta para uma leitura retrospectiva da Bíblia.
Primeiro, tem havido verdadeiras revoluções a partir do fim do século passado e especialmente nas últimas duas décadas sobre métodos de interpretação da Escrituras. Alguns métodos são mais controvertidos que os outros. Mas de grosso modo tem havido uma compreensão e apreciação cada vez mais dos meios culturais e historicamente limitados da composição literária dos diversos livros da Bíblia. Sem necessariamente abrir a mão da autoridade das Escrituras (alguns abrem, outros não), e baseado na analogia da encarnação do divino no ser humano Jesus, e francamente com o auxílio do desenvolvimento da antropologia cultural e social, os teólogos começam a apreciar e dar espaço cada vez mais para a expressão de verdades divinas através de forças de expressão culturalmente influenciadas. Talvez para muitos de vocês estou falando o óbvio. Mas para outros não é tão óbvio. Por exemplo, se Davi não era o pai de Jesus, por que Jesus é chamado constantemente “filho de Davi”? A resposta é simples: a palavra “filho” (ben) em hebraico se refere à descendência, não apenas filiação imediata. Semelhantemente o arranjo de eventos na vida de Jesus varia entre os Evangelhos simplesmente porque aqueles que relataram os eventos – Mateus, Marcos, Lucas, e João – não seguiram, por razões óbvias, a metodologia da historiografia moderna e ocidental. Escreveram dentro das normas culturais da sua época e a inspiração divina veio através de tão humanidade, não ultr-passando-a.
Tendo isto em vista, volto a afirmação anterior: “a preocupação bíblica,dentro da linguagem bíblica, …em muito coincide com as descrições científicas” Por exemplo, Gênesis fala do surgimento de toda a raça humana, não apenas dum indivíduo. A palavra, “Adão” significa simplesmente “ser humano” e é uma derivação da palavra “terra”, de onde o ser humano surgiu. Não é isto a perspectiva científica: que a raça humana se constitue dos mesmos elementos da terra?
Em segundo lugar, a perspectiva bíblica, nem sempre a mesma dos teólogos, não se restringe à criação da terra, muito menos da raça humana, mas começa numa escala mais abrangente, a criação do universo. E apesar de tudo que alguns cristãos bem intencionados dizem, a linguagem hebraico a respeito dos “dias” da criação não só permite mas exige o conceito de períodos longos, não somente de 24 horas (como já acreditavam os pais da igreja: Irineu, Orígenes, Basil, Agostinho nos primeiros séculos (1-5), e Tomás Aquinas no século 13, certamente não sob a influência da modernidade). Dentro do campo semântico da palavra, yom, está o cnceito de períodos. Só para dá um exemplo, pelo menos mil anos depois do relato da criação, o autor de Hebreus no Novo Testamento, disse que podemos entrar no descanso de Deus, a nomenclatura do sétimo dia da criação, dia este no qual ainda passamos conforme o autor de Hebreus.
Em terceiro lugar, todos os relatos da criação na Bíblia pressupõem um alto grau de ordem num relacionamento dinâmico com o caos (Josué 10.12; Juízes 5.20; Gênesis 49.25; Êxodo 15.8,11; Números 16.30; Deuteronômio 33.14ss; Jeremias 31:35-36 e Salmo 29 e 8). A construção ordeira da criação sobressai em Provérbios 8.22-36 como a arquitetura da sabedoria personificada. Também, a ordem é imediatamente evidente no relato de Gênesis 1 da ação inicial de Deus sobre e contra todo o caos (compare Gênesis 1.2 com Isaías 45.18!). Essa ordem, ou subordinação da criação, continuamente recebe destaque em vários salmos, especialmente Salmo 18.7-15. Hoje, as teorias de caos e especialmente de complexidade (fenômenos de estudo interdisciplinar) confirmam esta relação necessária para o surgimento de sistemas complexos (talvez a relação entre a entropia e as forças kenéticas ilustre este ponto).
Antigamente, os teólogos tinham basicamente duas opções para a interpretação do relato cosmológico de Gênesis 1 e 2. Alguns trataram os relatos de Gênesis 1 e 2 como pura invenção sem nenhuma relação com acontecimentos históricos. Isto parecia-lhes a única solução a tantas incompatibilidades com a ciência moderna. Outros estudiosos, no intuito de ser fiel a autoridade das escrituras, forçam uma seqüência restritamente cronológica nos relatos propondo interpretações cada vez mais fantásticas e inacreditáveis.
Hoje, com a lições da antropologia, é mais fácil descartar estas duas interpretações tão preocupadas com a cronologia (ou pela sua negação ou pela afirmação) ambas partindo de conceitos contemporâneos e ocidentais do tempo e da história, em contraposição aos conceitos hebraicos antigos. Nos relatos da criação, Israel não estava interessado na natureza física da criação em si, como nós hoje em dia procuramos entender pela ciência natural a origem das coisas. Para Israel, o relato da criação era importante à medida que explicava seu relacionamento com o plano de Deus, para este mundo todo. Isto é, devemos entender os relatos não cronológicamente mas topicamente, o tópico sendo o propósito de Deus para a sua criação, ou mais precisamente, o reino de Deus.
Desta perspectiva, Deus primeiro cria três grupos básicos de reinos, ou domínios, durante os primeiros três dias. Nos próximos três dias, Deus cria os reis para governarem nos reinos, anteriormente criados. O último rei a ser designado (constituindo a primeira Grande Comissão!) é o homem, que recebe o mandato representativo e real como governador-administrador sobre todos os outros reis e reinados. Por representativo, quer dizer que a humanidade foi criada por Deus à sua imagem (çelem) e semelhança (dêmûth), isto é, segundo a sua espécie (Gênesis 1.26,11).
O importante no relato, então, é ressaltar o propósito da criação do homem, e não tanto a forma que assumiu. Semelhantemente, o relato se importa mais com o propósito do resto da criação, do que com a forma e com a natureza desta origem em si, sendo estas últimas, preocupações da ciência moderna.
Dentro do esquema apresentado a humanidade tem um chamamento representativo para reinar como Deus reina. Por esta razão, o ser humano é não somente o servo do Senhor, como também representante dele. Assim como Deus faz, o representante deveria fazer, refletindo as características do Criador. Nisto, a realeza e o domínio de Deus são refletidos no domínio e na administração apropriados da humanidade sobre a criação. A função que a imagem de Deus no ser humano tem, portanto, é exatamente o que o texto bíblico elabora em Gênesis 1.28, “ter domínio” (râdhâh) e “sujeitar” (kôbhash) a terra. Isto é o seu status como senhor no mundo. Deus coloca a humanidade no mundo como sinal da sua soberania. E de acordo com Gênesis 2.19-20, esta soberania é exercida pela incumbência (divina) de classificar, compreender, e explicar abstratamente a natureza. A incumbência e o destino do ser humano estão ligados ao universo e vice versa (Romanos 8.19-21).
O Salmo 8 concorda com este conceito de Gênesis 1 de que a humanidade realiza sua comissão como rei do reino terrestre, assim como Deus é Rei do reino celeste, e o status do ser humano sendo por um pouco menor do que Deus. Daniel Thambyrajah Niles, teólogo e missionário indiano ilustra esta relação da seguinte forma:
O homem é a única criatura que Deus fez cujo ser não está em si mesmo, e que por si mesmo não é nada. A “canicidade” do cão está no cão, mas a “humanidade” do homem não está no homem. Está na sua relação com Deus. O homem é homem porque reflete Deus, e somente quando ele assim o faz [tradução] (1958:60-61).
O ser humano é homo Dei, ou está aquém da sua própria humanidade. As implicações desta incumbência divina do ser humano para a tarefa da ciência são grandes. Repare, por exemplo, que tal incumbência é da essência da humanidade, e não um derivado da sua salvação. Pois em Gênesis 1 e 2 não se fala da salvação simplesmente porque não havia ainda a queda. A queda aparece somente no capítulo 3. Novamente afirmo: a incumbência divina para governar o mundo natural especialmente através da sua classificação nominal das suas diversas partes (sem dúvida a ciência é campião na fabricação de palavrões!) É da essência de toda a humanidade, não só dos religiosos. Precede a queda. Aliás, mesmo depois da queda a incumbência permanece em pé (Gênesis 9.1-7). Na teologia esta incumbência comum é denominada “graça comum” ou “revelação comum” e se distingui da “graça especial” pela salvação, ou a “revelação especial” através das Escrituras. Só que “especial” não significa que a revelação é verdadeira que a revelação comum (por exemplo, através da ciência). A qualificação, “especial”, se refere ao meio da revelação – as Escrituras – não a sua qualidade.
O interesse estético e teleológico da ciência
Acima usei a analogia de gêmeos criados separadamente para descreve a relação entre a ciência e a fé. Disse que a fé, certamente a fé cristã, literalmente começa e termina com uma preocupação cosmológica, uma preocupação que normalmente relegamos a ciência e elaborei um pouco sobre isso. Também disse que a ciência está fazendo perguntas cada vez mais teleológicas e estéticas, que se refere à finalidade e a beleza da realidade conhecível, perguntas que geralmente relegamos à religião. Já que tal afirmação foge da minha competência profissional, não vou arriscar uma elaboração deste ponto. Vou apenas ilustrá-lo através de alguns cientistas mundialmente conhecidos e respeitados.
Primeiro, algumas citações do astrônomo John Barrow (co-autor com Frank Tipler do livro que elabora o princípio cosmológico antrópico), no seu livro, The Artful Universe (Oxford: Oxford University, 1995):
da contra-capa: “incrivelmente, descobrimos que algumas das propriedades do Universo que são esseciais para a existência de qualquer forma de vida fazem um papel chave na determinação de respostas psicológicas e religiosas para o Cosmos.”
Página viii: “a fascinação científica com o fruto da complexidade organizada em todas as suas formas deveria levá-los às artes criativas aonde se encontra m exemplos extraordinários de precisão estruturada.”
Segundo, John Holland, um dos maiores matemáticos e simuladores de inteligência no cumputador de MIT, no seu livro, Hidden Order: How Adaptation Builds Complexity (Reading, Massachusetts: Addison-Wesley, 1995):
Página 146: “a construção de modelos é a arte de selecionar aqueles aspectos dum processo que são revelantes para a pergunta sendo feita…esta seleção é guiada por gosto, por elegância e por metáfora; é uma questão de indução ao invés de dedução. A alta ciência depende desta arte.”
Terceiro, o prêmio nobel, Steven Weinberg, no seu livro, Dreams of a Final Theory (New York: Pantheon Books, 1992):
Página 17: “o progresso na física é frequentemente guiado por julgamentos que somente podem ser chamados de estéticos”
Página 98: “acredito que a aceitação geral da relatividade geral se deve em grande parte à atração da teoria em si – em síntese, à sua beleza.”
Página 104: “cientistas e historiadores da ciência já há muito tempo desistiram da perspectiva antiga de Francis Bacon, que as hipóteses científicas deveriam se desenvolver pela observação patente e sem preconceito da natureza.”
Página 149: “não somente nosso julgamento estético é um meio para chegar às explanações científicas e julgando sua validade – faz parte daquilo que queremos dizer por uma explanação.”
Página 219: “o alvo da física no seu nível mais fundamental não é somente descrever o mundo mas explicar por que ele é do jeito que é.”
Conclusão
Portanto é tanto pelo interesse científico – explicar por que o mundo é do jeito que é – quanto pelo interesse da fé bíblica – que de grosso modo incentiva e apoia a investigação cientifica, que prefiro ver a fé e a ciência como gêmeos, ou para diminuir o exagero, pelo menos como irmãos. Mas ainda não falamos dos métodos e muito menos das conseqüências dos dois paradigmas que tanto os distinguem. Quem sabe, tanto Rubem Alves quanto eu, no fim, temos a razão e devemos ver os agentes da fé e da ciência, isto é os religiosos e os cientistas como lobos gêmeos, embora criados separadamente.
Passagens bíblicas para meditação:
· Salmo 25.1-5
· Provérbios 1.7; 2.1-6; 23.23
· Daniel 2.20-21
· João 14.6
· Romanos 12.1-2
· Filipenses 4.8
Fonte: Tim Carriker / Sepal