No próximo dia 26, Cristina Poli, a Supernanny, estréia a terceira temporada do Programa que conquistou as famílias brasileiras. Em entrevista ao portal Lagoinha.com, Cristina Poli fala dos desafios na criação dos filhos, como impor limites às crianças e do relacionamento entre marido e mulher
Por Ana Paula Costa
Ela é de nacionalidade argentina (o sotaque pode ser percebido quando apresenta os programas), e está no Brasil há trinta e um anos. Casada há quase quarenta anos, ela é mãe de 3 filhos já casados, dois homens e uma mulher, e avó de 3 netos de 9, 6 e 1 ano e 8 meses. É educadora de profissão e declara entusiasmada: “Amo o que faço”. Estamos falando da “babá” mais famosa do Brasil – a Supernanny. Sobre o convite para fazer o programa, Cristina diz: “Fui convidada para fazer um teste no SBT. Eles gostaram da minha performance e, então, me contrataram. Hoje estou gravando a terceira temporada do programa”, enfatiza.
Desde a estréia do programa, em 2006, exibido pelo SBT, o reality show conseguiu unir famílias inteiras diante da televisão para compartilhar o mesmo desafio: a criação dos filhos.
Nos programas, a educadora Cristina Poli socorre as famílias que têm dificuldades na educação dos pequeninos e que não conseguem controlar os ataques de histeria dos seus filhos.
Evangélica há dezessete anos, além de aplicar a metodologia pedagógica ao contexto do programa, Cristina utiliza os preceitos bíblicos para ajudar tanto as crianças como seus pais. “Os preceitos bíblicos são parte de minha vida, do que eu acredito e vivo, e estão impregnados no meu comportamento diário, dentro ou fora das gravações”, ressalta Cristina, que se converteu na Igreja Vida Nova da qual ela e sua família são membros até hoje.
Segundo Cristina Poli, a repercussão do Programa tem sido muito boa, com demonstrações de carinho por parte das pessoas.
Além de continuar na apresentação do programa, Cristina conta que tem outros projetos. Ela está finalizando o seu segundo livro sobre pais separados. O primeiro, “Pais autônomos, filhos felizes”, já está em sua terceira edição.
Confira abaixo a entrevista na íntegra e conheça um pouco mais sobre a vida desta mulher de Deus que tem usado seus dons para abençoar às famílias brasileiras.
Você concorda com a máxima: “Filhos nervosos, pais estressados”?
O estresse dos pais não é conseqüência de filhos nervosos, mas do ritmo de vida da época em que vivemos. O estresse dos pais acaba dificultando o relacionamento com os filhos e isso deixa todos nervosos.
Você segue à risca o script e as regras do programa ou a sua sensibilidade e experiência a levam a ir além?
O programa tem um formato que precisa ser seguido, fora isso não tem script ou regras. Cada família é uma família e recebe tratamento individual conforme suas necessidades. Na decisão do que tem que ser feito entra minha experiência e sensibilidade.
De acordo com o SBT, desde a estréia do Programa, mais de 15 mil famílias já preencheram as fichas de inscrição disponíveis na internet, solicitando o seu apoio. Como você avalia esta avalanche de “pedidos de socorro”?
Creio que é a necessidade das famílias brasileiras e uma amostra da situação em que se encontram as famílias hoje em dia.
Segundo a emissora, o reality show Supernanny, registrou no dia 4 de junho de 2006, das 15h50 às 16h49, média de 15 pontos e picos de 18, garantindo ao SBT o segundo lugar isolado de audiência. A que você atribui tanta audiência?
As famílias se sentem identificadas com os problemas apresentados no programa e querem assistir para serem ajudadas também.
Durante o seu programa, além do papel de educadora, você também age como conselheira dos casais. Ao perceber que o relacionamento entre o casal está desgastado, você tem procurado unir marido e mulher. Além da função óbvia, o que isso representa para você? Como o casal procede fora das câmeras?
O meu objetivo é ajudar na restauração das famílias. Muitas vezes há conflitos entre o casal e o mesmo motivo que me leva a ajudar na mudança do comportamento das crianças, me leva a querer ajudar a unir marido e mulher. O comportamento do casal fora das câmeras é o mesmo que o programa mostra, não tem nada fingido ou armado.
No programa do dia 27 de maio de 2006 (com reprise no dia 28) você fez uma dinâmica pedindo ao casal que escrevesse em um papel cinco qualidades um do outro. Você se surpreendeu quando viu que o marido teve dificuldades para relacionar as cinco qualidades da esposa. Como você analisa a dificuldade dele nessa situação?
Surpreendi-me ao perceber essa dificuldade do marido, mas depois entendi que isso era reflexo do distanciamento que havia entre os dois e que devia ser restaurado.
Assistindo ao programa, percebemos que os pais andam meio perdidos na criação dos filhos. Mesmo não desfrutando tanto progresso, por que parece que nossos pais tiveram mais facilidade em criar seus filhos? Qual a razão de tanta dificuldade na criação dos filhos neste século 21?
A maneira de educar os filhos mudou muito ao longo dos anos. Houve uma época de muita permissividade na educação dos filhos e isso deixou essa geração de pais confusos e perdidos. Hoje eles vêm uma juventude agindo de uma maneira que eles não gostam, não querem isso para seus filhos, mas não sabem como resolver o problema.
Filhos que hoje se tornaram pais concedem uma educação muito liberal aos filhos. Será que toda essa liberalidade tem contribuído com a dificuldade que a maioria dos pais tem para educar bem seus pequenos?
Sem dúvida que essa liberalidade tem contribuído com a dificuldade que os pais têm para educar seus filhos.
Na maioria dos programas, percebemos que o pai está ausente e sem autoridade na educação dos filhos, o que acarreta uma sobrecarga de responsabilidade para a mãe criar os filhos. Por que isso tem acontecido?
Porque o pai não sabe como assumir a autoridade em sua casa e, mesmo estando presente fisicamente, está ausente no posicionamento frente aos filhos e aos problemas da educação. Então a mãe acaba assumindo os dois papéis.
Quais são os problemas mais comuns nas famílias de hoje?
Os problemas mais comuns nas famílias de hoje estão nos pais. Eles não conseguem assumir a autoridade que eles têm como pais, acabam delegando essa responsabilidade para empregados, avós ou babás, e têm medo de colocar limites em seus filhos.
Hoje em dia é muito comum que as famílias tenham uma televisão em cada quarto – algo notório em seus programas. Este é um conforto que pode acarretar isolamento e até a desunião familiar. Como você aconselharia uma família que adota esse procedimento?
As famílias que têm um televisor em cada quarto e que assistem TV cada um no seu quarto, estão vivendo um relacionamento individualista, longe de serem companheiros ou de viverem em família. O pior é que os filhos aprendem isso com os pais. Meu conselho é que a família tenha um tempo juntos com atividades em que todos possam participar em unidade. Se quiserem assistir TV que escolham um programa que todos possam usufruir.
Em um dos programas, você tentou ajudar uma mãe que sofria de baixa auto-estima, chegando a levá-la a um salão de beleza. Essa mãe, porém, sentiu-se ofendida e rejeitou sua atitude. Como você analisa essa atitude? Agirá assim
novamente quando achar necessário?
Essa mãe tinha problemas de relacionamento com o marido e sua auto-estima estava com problemas. No momento rejeitou minha orientação, mas depois de um tempo entendeu o que eu estava querendo dizer e pediu desculpas.
Até hoje, qual foi o caso mais difícil ou complexo de lidar?
Um caso complexo foi o da família dos quadrigêmeos, pela quantidade de crianças, quatro de quatro anos.
Deixe uma mensagem para todos os internautas do portal Lagoinha.com e em especial para os pais.
Pais, não tenham medo de colocar limites para seus filhos. Eles precisam de limites. Isso dá segurança para eles. O amor que vocês têm por seus filhos precisa estar acompanhado de limites. Porque você ama seu filho você deve colocar limites.
Nota: O programa Supernanny volta ao ar no dia 26 de março, às segundas-feiras, no horário das 20h15, pelo SBT.
Ana Paula Costa
Da Redação Lagoinha.com
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Extraído do portal Lagoinha.com