Uma das coisas que mais gosto de fazer na vida é brincar com meu filho. E uma das brincadeiras que o Samuel mais gosta é aquela em que eu o lanço ao alto e o seguro novamente em meus braços. Às vezes gosto de me afastar um pouco e dizer-lhe: “Vem! vem que o papai te segura”. É muito prazeroso notar que ele sem questionamento algum, simplesmente se lança, se entrega aos meus cuidados. É emocionante saber que em momento algum há dúvidas quanto àquilo que lhe digo: “venha, eu lhe seguro”. Ele confia em mim. Ele se entrega a mim.
Quando penso nisso, percebo que é esse tipo de Entrega que O Deus Pai ensina a nós, seus filhos, em sua palavra. Em Salmos capitulo 3 e versículo 5 lemos Davi fazendo uma linda declaração sobre sua Fé. Ele diz: “Eu me deitei e dormi; despertei, pois o Senhor me sustenta”. O que a olhos despercebidos pode parecer uma frase simples e vaga, revela na verdade a profunda confiança que Davi tinha nos cuidados do Senhor. Davi compôs esse Salmo quando estava refugiado, quando era um rei praticamente falido, desonrado, desrespeitado pelo seu próprio filho. Ameaçado de morte. Entende? Como alguém em tal circunstancia poderia deitar-se e dormir? Ele mesmo responde: “Porque o Senhor me sustenta”! Em outras palavras: Há alguém cuidando de mim. Alguém que tem palavra. Alguém que não mente. Alguém que quando me lanço, me segura. O Evangelho precisa de pessoas que acreditem nisso. E não apenas pessoas que cantem sobre isso.
O Evangelho precisa de pessoas que acreditem no sustento integral por parte de Deus em suas vidas. Que reconheçam que da mesma maneira que Deus as permite levantar pela manhã, também é capaz de alimentá-las e cuidá-las se disserem sim ao Seu chamado. Num tempo em que há Igrejas com departamentos e ministérios cada vez mais institucionalizados, organizados, burocratizados… Há departamentos de música, da melhor idade, de finanças, de empresários e cada vez mais os ministérios e departamentos de missões estão se tornando simbologias e quando não inexistentes. Onde são feitos cultos de missões mostrando fotos, vídeos, e lágrimas rolam do rosto, mas não atingem o coração. Não geram ação. Do contrário não acharíamos apenas bonito ou triste, mas tão urgente que também nos entregaríamos a tal obra. Jovem não haja como aqueles que disseram a Jesus: “Te seguirei mas deixa-me primeiro isso ou aquilo”… O nosso Primeiro é “se entregar”.
E o resto, todo o resto, é apenas resto. Falamos e cantamos sobre confiar. Mas não temos confiado tanto. Um dia, pregando em uma Igreja de cidade grande, uma irmã me disse: “Puxa como eu acho lindo esse seu desejo de morar em um lugar longe, de viver distante da família, andar quilômetros a pé…” e eu disse: “Quem disse a senhora que eu desejo isso?” Eu desejo coisas bem diferentes dessas. Mas o meu desejo não é mais importante do que o desejo do Senhor. Isso é missões. Não é sentir, é obedecer. Não ver, é crer. Entregar-se a Deus é entregar tudo. Seus sonhos, seus projetos, seus planos. Suas finanças. E ter a total convicção de que está em boas mãos.
Pois quem melhor pra cuidar do filho do que o Pai? E não estou falando de um pai humano. Mas de um Pai que diz a bíblia que nos ama além de um amor de mãe. Um Pai Onipresente. Que está ao nosso lado em cada momento. Um Pai Onisciente que conhece cada uma das nossas fraquezas conhece a nossa estrutura e exatamente por isso, não nos permite ser tentados além daquilo que possamos suportar. Fazer isso é saber que cada alimentação, cada casa visitada, cada individuo alcançado, cada canção brotada de ação… É providência divina. Saber que vale a pena. Vale a pena se lançar, vale a pena confiar, vale a pena dizer: Deus, meu Pai, Eu Me Entrego a Ti.