A pessoa de coração dobre é aquela cujo coração está dividido entre aquilo que é de Deus e o que não é dEle.
Ela ama a Deus em sua mente, mas ama o mundo e o pecado em suas ações, e até mesmo em seus pensamentos.
Ela não pode servir ao Senhor e estar em comunhão com Ele, porque Ele não aceita um coração dividido.
Um coração quebrantado é agradável ao Senhor, mas nunca o será um coração dividido.
Então quando o apóstolo nos ordena a purificação de nossos corações, mais do que a purificação do pecado cotidiano, está em vista a necessidade de nos definirmos somente pelo Senhor, e sermos íntegros e constantes em nossa adoração e serviço a Deus, livrando-nos de tudo aquilo que está em inimizade contra Ele e à Sua vontade.
Isto é um trabalho que será operado pelo Espírito Santo, mas não sem a nossa participação determinada e efetiva, notadamente no que se refere a nos sujeitarmos à disciplina de Deus, e a toda a Sua vontade.
Enquanto houver qualquer indisposição neste sentido, jamais veremos o propósito de Deus se cumprindo em nós neste mundo.
Uma vida de vitória espiritual está intimamente atrelada à nossa obediência ao Senhor, porque é Ele quem realiza tudo em nós.
Não podemos ser submetidos ao trabalho do Grande Oleiro, enquanto estivermos fugindo de suas mãos.
Ninguém será constante na profissão de qualquer verdade, enquanto não estiver convencido em seus motivos para abraçá-la e seguí-la.
Os que são de coração dobre devem fazer um exame sincero de sua condição diante do Senhor, para que possam ser convencidos do quanto são instáveis em sua caminhada cristã.
Se o que está firme, corre o constante perigo de decair de sua firmeza por não continuar crescendo na graça e conhecimento de Jesus (II Pe 3.17,18), o que se dirá daquele que é permanentemente de coração dobre?
Como dissemos, isto não será curado com a simples ministração de poder e graça em nossos cultos, com imposição de mãos para que sejam cheios do Espírito, porque enquanto não houver tal disposição de se estar alicerçado de modo firme e constante no fundamento da verdade, não poderá haver uma vitória que atenda ao propósito divino, senão breves e intermitentes alívios de uma consciência duvidosa, inconstante e insensível ou culpada diante de um Deus temível e inteiramente santo.