Todo pecador que se encontra em comunhão com Deus é um pecador que foi salvo, porque ninguém pode vir verdadeiramente a Deus a não ser que tenha sido salvo por Jesus Cristo.
Mesmo depois de convertido é por causa de Jesus Cristo que todo homem pode continuar se aproximando de Deus, como lemos em João 14.6.
Todos os que agora são cristãos se encontravam antes da sua conversão mortos nos seus delitos e pecados, e foram vivificados por Cristo quando se uniram a Ele, e é esta união com Cristo que lhes torna santos e fiéis (Ef 2.1-3).
Cristo é a salvação, a justiça e a santificação deles (I Cor 1.30).
Nada do que têm que seja celestial, espiritual e divino é propriamente deles, mas de Cristo, que manifesta tal novidade de vida neles.
Assim nada temos que nos gloriar em nós mesmos, porque não temos qualquer santidade e fidelidade de nós mesmos.
Isto está em Cristo e é dEle que o temos recebido por meio da Sua bondade e graça, que são favores imerecidos, que recebemos livre e gratuitamente de Deus.
Cristo fez tudo o que era necessário para sermos livrados do pecado e da condenação eterna, e agora Deus pode nos oferecer livre e gratuitamente a salvação, sem que seja exigida qualquer obra de nossa parte, a não ser a nossa fé nEle.
Esta salvação, que recebemos deve ser desenvolvida (crescer, amadurecer) pela nossa obediência à verdade, porque foi para este fim que fomos salvos, e isto deve ser feito principalmente pelas boas obras de justiça que Deus preparou desde antes que houvesse mundo, para que as praticássemos e vivêssemos nelas, em demonstrações, principalmente, do nosso amor ao próximo.
Este é o trabalho da graça com a qual somos salvos.
Não inclui nada de nós mesmos senão o ato voluntário de nos entregarmos a Deus, porque até mesmo a fé e o arrependimento, que são necessários à salvação, também são recebidos dEle, pela Sua graça e misericórdia manifestadas a nós.
Por isso se diz em Ef 2.5: “pela graça sois salvos”, e no verso 8: “pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.”
Tendo sido salvos pela graça, Deus nos colocou na condição de ressuscitados juntamente com Cristo, porque pela fé nos tornou participantes, tanto da Sua morte na cruz, para a nossa redenção, quanto da Sua ressurreição, para a nossa justificação, regeneração, santificação e glorificação; porque morremos em Cristo, para podermos participar da plenitude da Sua vida, como se afirma em Ef 2.6.
Por isso se diz no mesmo verso que Deus nos assentou nas regiões celestiais em Cristo Jesus.
Isto indica uma posição de descanso espiritual que foi alcançada nEle, por meio dEle, isto é, a de termos acesso às coisas celestiais, as quais jamais poderíamos alcançar sem Cristo.
Na comunhão com Ele temos sido feitos participantes destas realidades celestiais, espirituais e divinas.
Assim, não devemos tocar a vida cristã pela nossa própria virtude e poder (Atos 3,12), mas permitindo que Jesus manifeste a Sua virtude e poder em nós; porque a ninguém foi dado poder para reproduzir esta vida de Cristo pelo próprio mérito e esforço – é Ele próprio que deve viver e atuar em nós. O ramo não pode viver e frutificar fora da Videira Verdadeira.
Devemos portanto orar para que o Senhor nos use, nos transforme, nos aquiete com Sua paz, nos faça amar, perdoar, louvar, e lhes sermos gratos em toda e qualquer circunstância.
Como serei livrado se Ele não me livrar?
Como estarei em paz e sossegado se Ele não controlar meu coração e emoções?
Tudo o que é agradável a Deus em nosso viver se encontra em Cristo e não propriamente em nós. É nEle então que devemos buscar todas as coisas que se referem a uma genuína vida cristã.