Mateus 21: 28 a 32
28) “O que acham?”. Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: ‘Filho, vá trabalhar hoje na vinha’.
29) “E este respondeu: ‘Não quero!’. Mas depois mudou de idéia e foi.”
30) “O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa”. Ele respondeu: ‘Sim, senhor!’ Mas não foi.
31) “Qual dos dois fez a vontade do pai?”. “O primeiro”, responderam eles. Jesus lhes disse: “Digo-lhes a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus.
32) Porque João veio para lhes mostrar o caminho da justiça, e vocês não creram nele, mas os publicanos e as prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, vocês não se arrependeram nem creram nele.
É impressionante esta parábola, porque parece que relata os fatos dos dias de hoje, bem à nossa frente.
Eu tenho tido o privilegio de ensinar em muitas congregações, e de realizar congressos e conferências por todo o Brasil. Também tenho participado de eventos de outros lideres e pastores. E sempre que são feitos apelos sobre compromisso com Deus, sobre consagração de vida, ministério, dinheiro, sonhos, projetos, o resultado é “emocionalmente” impressionante. Pessoas chorando, literalmente em prantos, entregam seus corações, ministérios, sonhos. Mas, onde estão eles agora? O que aconteceu segunda feira de manhã quando o congresso ou conferência, ou reunião de avivamento terminaram e cada um foi para sua casa?
Nessa parábola acima, parece que o primeiro filho era considerado “o rebelde”, tal vez preguiçoso. Nessa geração podemos observar varias pessoas assim; mas ao mesmo tempo são pessoas que quando se quebrantam o fazem de uma maneira radical. Eu mesmo era desse jeito, sempre fui rebelde, “rockero”, noturno, dava muito trabalho aos meus pais, e não ouvia seus conselhos, que hoje apreciaria tanto. Mas quando conheci Jesus, e permiti a Ele trabalhar em meu coração, tudo mudou. Na verdade pessoas que buscam a verdade são assim: Nada deste mundo as convence. Mas quando conhecem A Verdade, se rendem completamente e de todo coração.
Isso me lembra de uma pregação que ouvi uma vez do meu amigo Gregório McNutt, a respeito de Nínive e Nazaré. Nínive era uma cidade que aparentemente não queria nada com Deus, e Nazaré era a cidade de Jesus. Através da pregação do profeta Jonas, Nínive se quebrantou e se arrependeu, fazendo jejuns desde o rei até o menino de colo, incluindo os animais. Por outro lado Nazaré rejeitou o Senhor. Nínive era uma cidade de assassinos sanguinários, mas se quebrantou. Nazaré era a cidade do Salvador, mas foi a cidade que o rejeitou.
Ao mesmo tempo em que ministro em cultos, em igrejas e congressos, também tenho o prazer de poder levar isso para as ruas. É impressionante, como existe sede e fome de Deus nas pessoas. Tenho falado com prostitutas, homens adúlteros, viciados em drogas, bêbados, e percebo um brilho nos olhos deles quando falo do amor de Deus. Eles não conhecem nada de nossas formulas emocionais utilizadas nas igrejas. Apenas ouvem a verdade e a verdade os liberta.
Nas nossas igrejas cantamos cânticos onde juramos amor e fidelidade ao Senhor, frases “profundas” como: Eu me entregarei, Eu quero ser todo teu, Envia-me a mim. Mas quando acaba o efeito “entorpecente”, parece que tudo volta ao normal. Como o segundo filho da parábola: Digo que vou mas não vou.
Muitos atendem a esses chamados emocionais porque estão sendo observados, como se estivessem representando um papel num filme. Muitos outros ficam sentados pensando, e aparentemente não foram “tocados”. Mas na verdade muitas vezes são os que realmente estão sendo tocados de verdade.
À vezes no final do culto sou procurado por pessoas que não atenderam ao apelo e ficaram sentadas. E elas dizem:- Cara! Deus falou muito comigo hoje, eu vou para casa pensar no assunto e orar a respeito!
Enquanto que os outros que estavam rolando no chão, esperneando, jurando fidelidade até a morte, já estavam brincando ou lanchando ou fazendo qualquer outra coisa. O momento passou, a emoção passou, o tempo de representar o papel passou.
Esse é o problema de padronizar o mover de Deus.
Hoje eu aprendi a não julgar pelo que as pessoas aparentam, eu não me preocupo mais com que as pessoas levantem as mãos para adorar, nem exijo que todos se ajoelhem, porque eu acho que isso é uma forma que o pregador tem de obter um retorno do publico, ou dizendo de uma forma um pouco mais pesada, de manipular a congregação. Eu entendo que cada pessoa tem um jeito e um estilo. Alguns gostam de pular e dançar, outros de ficar ajoelhados; outros adoram de uma forma mais contemplativa. E quando eu forço as pessoas a fazerem todos a mesma coisa, estou manipulando; querendo um retorno para mim, e não para Deus.
Esse tipo de manipulação tem forçado as pessoas a tomarem decisões precipitadas, que depois não conseguem sustentar ou cumprir.
Eu tenho certeza de que Deus está nos levando a um tempo de maior reflexão, de pensarmos sobre nosso papel real no reino de Deus, de gastarmos mais tempo coma leitura da palavra e na oração. Nossas pregações devem fazer as pessoas pensar mais e refletir mais sobre a fé.
Chega de provocar emoções no povo, vamos provocar arrependimento verdadeiro que dê fruto verdadeiro.
O mesmo vale para as pessoas que correm atrás de emoções, que ficam pulando de congresso em congresso, de evento em evento, procurando mais uma dose de entorpecente ministrada pelo “cara” do momento; busquem a Deus em nome de Jesus, comecem a pensar a fé, a refletir, nos princípios e no caráter de Deus, para poder imitar o nosso Senhor. Quando pensamos a fé, até a nossa adoração fica mais espontânea e sadia. Quando meditamos nas escrituras e gastamos tempo em oração, os salmos brotam das nossas bocas com simplicidade e sinceridade.
Paz para o teu coração,
Jorge Russo
Fonte: Portal Adorando