SARA: EXEMPLO PARA MÃES SANTAS QUE ESPERAM EM DEUS
Gênesis 23.1-2
Sara viveu cento e vinte e sete anos 2 e morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, em Canaã; e Abraão foi lamentar e chorar por ela.
MENSAGEM PARA O DIA DAS MÃES
Nossa igreja está seguindo os passos do patriarca Abraão. Ou seja, nos últimos domingos temos mergulhado no livro de Gênesis e estudado a biografia do pioneiro da fé. Tem sido uma aventura interessante e bastante edificante.
Hoje é Dia das Mães e enquanto eu orava, buscando a direção de Deus sobre o que pregar nesta ocasião tão especial, ocorreu-me de pregar sobre a vida de Sara – esposa de Abraão. Desta forma, mantemo-nos na história de Abraão e abençoamos a vida das mães e mulheres (principalmente daquelas que planejam casar e ser mães) que estão entre nós, usando a vida de Sara que tem muito a nos ensinar.
Antes que os homens se desliguem, achando que essa mensagem não tem nada a ver com eles, digo-lhes que eu e você também podemos e devemos aprender com Sara – (1) sobre alguns princípios de vida e, principalmente, (2) sobre como encorajar e auxiliar nossas mães, esposas, namoradas, noivas e irmãs em Cristo a continuarem (ou se prepararem para) a caminhada nesta tão maravilhosa jornada da maternidade.
O fato é que nós homens, segundo o que se conclui de Provérbios 31 e Efésios 5, somos todos chamados a encorajá-las, auxiliá-las e, no caso dos esposos, santificá-las, para que no final de tudo elas “recebam a recompensa merecida e as suas obras sejam elogiadas” (Pv 31.31).
POR QUE SARA?
Por que Sara pode ser um grande exemplo para as mães desta geração?
A meu ver, por pelo menos dois motivos: (1) o seu temperamento e (2) o seu tempo.
(1) O TEMPERAMENTO DE SARA
Tudo bem que Sara era esposa de Abraão, o pioneiro da fé, mas ela estava longe de ser perfeita. Observando com cuidado o seu temperamento, nós podemos identificar muitas das atitudes que permeiam a vida e os lares de muitas mães.
John MacArthur Jr., escrevendo sobre a vida de Sara, sabiamente destaca as seguintes características de seu temperamento, que se revelaram no episódio de Hagar e Ismael: impaciente, manipuladora, conveniente, temperamental, instável, ciumenta, queixosa, imoderada, egoísta, cabeça dura, impenitente, etc. Que lista hein!
Quantos de nós nunca viram esses e outros traços em nosso temperamento ou no temperamento de nossas mães? É claro, somos todos humanos e pecadores!
O temperamento de Sara revela que ela é de carne e osso como qualquer mãe. Sob pressão, ela expurga o que há de bom e pior no seu coração.
(2) OS TEMPOS DE SARA
Sara viveu em tempos de muitas mudanças (mudança de cultura e sub cultura) – Ur, Harã, Canaã (Siquém, Betel, Ai, Neguebe etc.), Egito, etc.
Tempos de mudanças abruptas requerem das pessoas habilidade de adaptação rápida. Dessa forma, Sara tem muito a ensinar para as mães dessa geração, onde tudo muda e muda muito rápido.
Um mundo em mudança
Se buscarmos uma característica para o mundo de hoje, encontraremos palavras como confusão, perplexidade, impacto, transformação e incerteza, entre outras. Os especialistas no assunto usarão termos ainda mais complicados: pós-modernidade, modernidade tardia ou quebra de paradigmas etc.
Podemos afirmar que não estamos vivendo apenas uma época de mudanças, mas rigorosamente uma mudança de época. O que, à primeira vista, pode parecer somente um jogo de palavras, pura retórica para dizer a mesma coisa, na verdade, revela a radicalidade das mudanças que, em poucas décadas, o mundo vem experimentando, ainda que em graus distintos de afetação.
As épocas de mudança referem-se à transformação que acontece em determinados aspectos da vida, aspectos que, em termos quantitativos, até podem ser muitos, e, em termos de importância para a vida, significativos. Permanecem, contudo, inalterados os critérios de julgamento, os valores mais profundos.
Já as mudanças de época trazem não apenas elementos novos para a vida, como também atingem os critérios de julgamento.
Épocas de mudança atingem o que vemos. Já as mudanças de épocas atingem como julgamos e, conseqüentemente, como agimos – atingem nossa escala de valores.
* As conseqüências do mundo em mudança
INSTITUIÇÃO X INDIVÍDUO
Em baixa podemos indicar a instituição. Não esta ou aquela instituição em particular, mas a própria categoria instituição. Tudo que é institucional tende a ser visto com reserva. É por isso que as grandes instituições produtoras e garantidoras do sentido apresentam-se em crise. Entre as principais instituições, encontram-se a família, a igreja, o estado e a escola. Em contrapartida, encontra-se em alta o indivíduo, visto e assumido como o centro do mundo, senhor praticamente absoluto de suas escolhas, de suas opções.
O que acontece quando falamos, por exemplo, de ética sexual dizendo que a Bíblia orienta deste ou daquele modo? Como as pessoas reagem quando falamos sobre relações pré matrimoniais, justificando nossa fala a partir do sermão do pastor? Não somos confrontados com expressões do tipo “quem é o pastor para saber sobre a minha vida?” ou então “a igreja está desatualizada”, ou então, “quem dirige minha vida sou eu”?
TRADIÇÃO X NOVIDADE
Em baixa, encontra-se também a tradição, entendida aqui no sentido de transmissão de valores, sentidos e referências de uma geração para outra. Em alta, encontram-se a novidade, a diferença e a mudança de rumos.
Um dos exemplos mais interessantes é o que diz respeito à tradição religiosa familiar. Em outras épocas, ser filho(a) de crente significaria ser crente. Neste alvorecer de uma nova época, ser filho(a) de uma família tradicionalmente evangélica pode significar qualquer coisa, inclusive ser evangélico. A nova época que vemos surgir traz consigo a inversão da tendência. Enquanto, antes, a tendência era a de permanecer no caminho do grupo, da família, hoje, a tendência é a oposta, ou seja, exatamente a de não manter a tendência da família, pois, em alta, se encontram a novidade, a diferença e a escolha.
SONHO E UTOPIA X PALPABILIDADE
Em baixa, o sonho e a utopia. Em alta, a palpabilidade, o almejar o que está ao alcance das mãos. Nada de coisa muito distante como vida eterna ou sociedade mais justa e fraterna para as próximas gerações. Portanto, em baixa, a renúncia e o sacrifício. Em alta, a fruição, o gozo, o prazer imediato.
ETERNO X TEMPORÁRIO
Em baixa, o eterno, o perene, o definitivo. Em alta, o momentâneo, o transitório, o eterno enquanto dure. Tudo muda, tudo passa, nada é visto como sendo para sempre. Em baixa, o estático, o fixo. Em alta, o movimento, a mobilidade, a transformação – o ficar.
ÉTICA X ESTÉTICA
Em baixa, a ética. Em alta, a estética. Em baixa, a racionalidade. Em alta, a emotividade. Já não contam tantos os motivos e os caminhos, mas sim o resultado. Não se trata mais de questionar tanto os meios para se chegar a um resultado. Predomina a alegria do resultado, a emoção experimentada, mesmo que a preços altos em termos de racionalidade.
* Dois perigos
O primeiro perigo é o não reconhecimento da mudança de época. É achar que este novo jeito de lidar com a vida é questão de mau comportamento ou ignorância religiosa. É dizer que as coisas sempre funcionaram do jeito que conhecemos e, portanto, o caminho consiste em continuar fazendo o que sempre foi feito, do modo como sempre foi feito. Este é o perigo de quem não consegue ou não quer enxergar a mudança.
O segundo perigo consiste em mergulhar de tal modo na nova realidade que já não se consiga fazer o discernimento entre o que é evangélico e o que não é. Este perigo consiste na total identificação com as expectativas da época que está surgindo, de modo que a nossa ação acabe perdendo sua capacidade de interpelação, de questionamento, de profetismo e dimensão escatológica. O segredo, consequentemente, é o discernimento.
Todas essas mudanças requerem de nós novas posturas. Isso nos leva ao exemplo de Sara.
Continua…
Fonte: Missão Aupe