Nesse prático, Tim Hughes desembrulha os segredos – e destaca as etapas óbvias que às vezes perdemos – na construção de uma banda.
Os doze apóstolos tinham um dilema. A comunidade foi crescendo maravilhosamente enquanto Deus realizava o mover. No entanto, os judeus de língua grega estavam reclamando que suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de comida. Alguma coisa tinha que ser feita rapidamente. Os apóstolos decidiram escolher sete homens para lidar com o problema.
Quais as qualificações que eles buscaram no que era essencialmente o trabalho de um garçom? Talvez uma temporada no “TGI Fridays” (o TGI é uma cadeia e restaurantes dos EUA e Reino Unido especializada em jantar casual) teria sido mais útil. Em vez disso a qualificação que os apóstolos buscaram foi o de ser cheio do Espírito Santo e de sabedoria.
“Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então, os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”. (Atos 6:1-4)
Se as principais qualidades necessárias para servir às mesas eram espirituais, o princípio de louvor e adoração está claro. As qualificações, acima de tudo, para tocar em uma equipe de louvor e adoração devem ser espirituais e não técnica.
Estar envolvido em uma equipe de louvor é muito diferente de estar envolvido em uma banda de rock. Como uma banda de louvor o seu foco está em Deus e liderar o seu povo. Não se trata de entreter as pessoas com alguns hits clássicos cristãos. Um líder de louvor e adoração precisa ser parte de uma equipe de pessoas que está trabalhando em conjunto, que serve um ao outro, e que são apaixonados por Deus. É importante estar rodeado de músicos que são em primeiro lugar adoradores. É também essencial que os membros da banda aprendam a deixar os seus egos da porta pra fora e se tornem músicos de uma equipe.
Como a composição de uma banda é essencial para tudo, vejamos primeiro como escolher os membros da banda.
O que um líder de louvor e adoração procura em um Banda
Muitos líderes de louvor sabem o dilema que é ter que decidir se alguém está ou não apto para fazer parte da equipe de louvor. Para algumas igrejas existem tantos músicos que gostariam de estar envolvidos que praticamente não há espaço suficiente para todos. Para outras igrejas, naquele ano é constituída a banda quando alguém admite que toca um pouco de bateria depois de ter realizado um outro serviço. Em ambos os casos, no entanto, é importante pensar e orar sobre cada pessoa envolvida.
Líderes de louvor diferentes podem procurar diferentes qualidades e características em membros da banda. Eu tentei ser honesto e pontuar as coisas que eu acho que são fundamentais. Dons musicais não é a primeira qualificação para tocar em uma equipe de louvor e adoração. Na verdade os melhores músicos, por vezes, se tornam os piores membros da equipe.
Como vimos, uma equipe de louvor pela sua definição deve ser composta por adoradores. Isso parece óbvio, mas às vezes pode ser tentador colocar a ênfase na qualidade musical, comprometendo os valores do coração. Devemos escolher o coração mais do que a qualificação técnica. Muitas vezes somos mais relaxados sobre quem colocamos no palco. Precisamos aprender a distinguir entre dom e vocação, e devemos ter sempre o cuidado com quem liberamos para ministrar o louvor assim como temos ao escolher quem vai pregar. Nem todo mundo que gosta de cantar será necessariamente chamado para estar envolvido em uma equipe de louvor.
Caráter
Em termos específicos de caráter, eu já falei no capítulo dedicado às normas do coração. Há, no entanto, mais coisas específicas que vale a pena pensar. Para mim é importante envolver os músicos cuja motivação não é a de impressionar os outros. Isso pode ser difícil porque os músicos são treinados freqüentemente em um ambiente onde a ênfase é sobre impressionar as pessoas. Na adoração, não há espaço para o desempenho tendo Jesus como luzes da ribalta. Se eu estou pensando em usar alguém em uma equipe de louvor, eu tento observá-los na igreja. Agora, eu não estou falando de perseguição obsessiva e escutas telefônicas, mas de gastar tempo com eles e observar para ver se eles mergulham em adoração, regularmente. Como eles tratam os outros?Já serviram de outras formas? Estas são todas as pistas para o caráter de uma pessoa. Precisamos ter cuidado, é claro, pois em última análise não cabe a nós julgar, mas certo nível de discernimento é necessário. Para o bem da Igreja e dos indivíduos envolvidos, é preciso ter cuidado com quem vamos dar uma plataforma. Temos que procurar o melhor nas pessoas, mas também precisamos ser sábios. Como disse Jesus aos doze discípulos, quanto a estas decisões precisamos ser “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.” (Mateus 10:16).
Compromisso com a Igreja
Estar envolvido em adoração implicará, inevitavelmente, estar envolvido com uma igreja. A adoração deve estar sempre no coração de qualquer igreja, e o estilo e direção vai nascer a partir da visão da igreja como um todo. Não é saudável se os músicos só vão à igreja quando eles tocam. Também não é saudável se o líder da equipe vai para outro lugar durante o sermão, após ter ministrado o louvor na igreja. Ele pode apresentar uma atitude “nós e eles”. É importante que a equipe de louvor esteja envolvida em todo o serviço e fazer parte da família da igreja. Ela não só traz a unidade, mas vai ajudar o líder do louvor saber o que Deus está dizendo à igreja de outras maneiras.
Ser um líder de adoração implicará pastorear as pessoas que servem de alguma forma. Por isso eu prefiro ter músicos que também estão cientes de seu papel pastoral com as pessoas que os rodeiam. Faz uma grande diferença quando os membros da banda são acessíveis e estão incentivando as pessoas dentro da congregação. Uma das coisas que eu valorizo na banda, e me envolvo com isso freqüentemente, é quando nós ministramos em diversos eventos fora da igreja e os músicos da equipe se envolvem com as pessoas além das reuniões. Esse é um modelo muito importante. Ele quebra as barreiras e demonstra que toda as pessoas estão unidas seguindo a Cristo. Ele ajuda a acabar de uma só vez com o mito de que os da “frente” são mais especiais que os outros.
É sempre gratificante quando aqueles que estão envolvidos nas equipes de louvor também se envolvem em servir a Igreja de alguma outra forma, seja ajudando com o café ou em um grupo pequeno. Em nossa igreja temos uma diretriz – que de forma alguma é um conjunto de regras – incentivar as pessoas a se envolverem com a igreja pelo menos seis meses antes de envolvê-los na plataforma.
Em nossa igreja, vamos usar apenas músicos que estão firmemente empenhados. Em um caso observamos que um músico que freqüentava a igreja há apenas alguns meses já estava escalado para o louvor. Quando desafiado por isso, ele disse que só poderia adorar a Deus tocando seu instrumento. Neste ponto, percebi que havia um problema. Nós o levamos para comer alguma coisa e manifestamos a nossa preocupação. E a fim de ajudá-lo a aprender adorar a Deus sem o seu instrumento, lhe pedimos para renunciar temporariamente a equipe de louvor.
Um compromisso com a igreja local é crítica. A Bíblia é muito clara sobre Jesus ser apaixonado pela igreja – a noiva. Seu desejo é construir sua igreja (Mateus 16:18). Devemos, portanto, procurar fazer o mesmo, e como aqueles envolvidos em equipes de adoração, precisamos estar ligados à igreja local. Parte do nosso chamado para amar a Deus é também o amor à igreja. Isto é essencial se queremos conduzi-la em louvor e adoração. Tenho visto que muitos líderes de louvor estão realizando o seu ministério menos eficaz devido à sua atitude crítica à igreja.
Construindo uma Equipe
Ser parte de uma equipe de louvor pode ser uma coisa muito íntima. Você gasta muito tempo juntos ensaiando, passando som, conversando e ministrando o louvor. Suas melhores amizades, estreitas e profundas são formadas. Quando as coisas são fortes em um relacionamento, isto ajuda a banda a fluir junto tanto musicalmente quanto espiritualmente. Sai muita coisa dessas amizades sólidas. Se houver confiança e humildade dentro de uma banda, isto libera o líder para ministrar o louvor. É fundamental, portanto, construir uma equipe e investir um no outro. Os membros da banda devem ser os músicos em equipe, tanto na sua atitude em relação um ao outro quanto na maneira como eles tocam musicalmente. Pode ser frustrante quando os músicos desaparecem em seu próprio mundinho, totalmente inconscientes do que todo o resto está tocando. Um simples sinal de um músico da equipe é sentido no outro lado do palco. Todos devem manter seu instrumento em um nível que prefiram os outros membros da equipe de louvor. Essa forma de demonstrar respeito e amor um para o outro ajuda a forjar o senso de equipe.
Se você está conduzindo uma banda cuide em ter um tempo para socialização. Também é importante como líder de um grupo alimentar e encorajar os outros membros. Naturalmente os membros da equipe estarão olhando para você, e uma simples palavra de encorajamento ou uma nota de agradecimento vai fazer a diferença. Uma parte essencial do líder envolve o servir em sua equipe. Se optar por servir, amar, encorajar e afirmar os que estão no grupo, tanto pelo que são quanto pelo que trazem musicalmente, vamos liberar vida. Também vamos desenvolver um senso de comprometimento, lealdade e unidade na equipe. Isso permite que a banda cresça unida e enfrente os tempos difíceis que, inevitavelmente, virão.
Por Tim Hughes
Texto extraído de ´Here I Am To Worship´ publicado por Survivor
Fonte: www.kingsway.co.uk / Adorando