Vacilante: Olha Confirmado, eu não vejo grande vantagem ou diferença prática na vida, entre ser fiel ou infiel a Deus. Quanta gente eu conheço que é crente, ou que pelo menos pensa que é, que frequenta regularmente a sua igreja, e que não está nem aí com o que seja a vontade de Deus revelada na Bíblia. Assim mesmo, elas afirmam que têm sido abençoadas por Deus. Na verdade, é mais fácil ver crente fiel passando por aflições, do que eles. E então, Confirmado… de que vale se esforçar para guardar os mandamentos de Deus já que no final das contas o bem e o mal sucedem neste mundo tanto ao fiel quanto ao infiel?
Confirmado: Você acabou de comprovar com estas palavras que é de fato verdadeiro o que a Bíblia ensina acerca da longanimidade de Deus. Ele é tardio em se irar, e nesta dispensação da graça tem adiado todo o juízo para o grande dia de ajuste de contas no Tribunal de Cristo, por ocasião da sua segunda vinda. Somente então será julgado todo o bem ou o mal que tivermos feito através do corpo aqui neste mundo. Vemos assim que há uma grande vantagem e diferença em ser fiel. E quanto ao fato de que é mais fácil ver crentes fiéis sendo mais atribulados do que os demais, isto é por conta do grande amor e misericórdia de Deus para com eles, que por meio de provações lhes aperfeiçoa fé e lhes conduz ao amadurecimento espiritual que lhes permitirá ter uma maior intimidade com ele.
Vacilante: Mas em relação à bênção? Quem vive de modo negligente, indiferente e deliberadamente contrário às ordenanças de Deus na Bíblia, pode dizer que tem tido, ainda assim, um viver abençoado por Deus?
Confirmado: Primeiro de tudo devemos entender o que significa a palavra bênção em sentido bíblico. Ela é vertida do grego eulogia, que significa literalmente “palavra boa” – eu: bom, logos: palavra. Seu sentido em aplicação nos diversos textos bíblicos se refere à palavra proferida para a realização de coisas boas em nossas vidas, especialmente as relativas às graças espirituais do evangelho em nossa transformação pessoal; de forma que um viver abençoado é aquele que agrada a Deus e traz a sua aprovação ao nosso comportamento. Não importa o que tenhamos a nosso favor ou contra, seja tristeza ou alegria; tribulação ou bonança, seja o que for; podemos dizer que temos um viver abençoado por Deus quando perseveramos na fé, em santidade de vida, guardando a Palavra do Senhor, com paciência, alegria e paz nos nossos corações, no poder do Espírito Santo.
E agora sou eu que lhe pergunto Vacilante: quem vive o oposto disto pode dizer que tem tido um viver abençoado por Deus?
Vacilante: Eu não sei responder ainda, porque tenho muitas dúvidas. Como pode ser explicada a alegria de viver que têm mesmo estes que vivem de modo infiel a Deus?
Confirmado: Aí estaremos entrando em outra esfera diferente. Isto nada tem a ver com o viver realmente abençoado ao qual nos referimos. Uma pessoa pode estar com a sua consciência tão insensível, endurecida e cauterizada quanto ao pecado, que pensa de fato que tudo o que ela faz, pensa, sente, diz ou deixa de dizer, é aprovado e correto. Ela se mede pela sua própria régua, e não pela régua de Deus e da Sua Palavra. Assim, como a consciência não lhe condena no que deveria reprovar, ela se sente livre e feliz, mas esta não é a verdadeira felicidade e alegria que procedem de uma fé não fingida e de um coração puro. Ela vive, por assim dizer, se autoenganando. E não podemos esquecer, como já dissemos antes, que toda essa infidelidade, seja ela consciente ou não, será passada em revista no dia do Juízo de Deus. Ninguém vive para si mesmo. Este comportamento traz no presente grande prejuízo para a causa do evangelho. É uma pedra de tropeço para que muitos não venham a abraçar a fé, pelo mau exemplo que veem no comportamento de tais pessoas. E muitos outros prejuízos e inconveniências poderiam ser citados, mas não é nosso propósito tentar esgotar este assunto agora.