“Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gálatas 5.1)
Tendo argumentado no capítulo anterior (4º) quanto à liberdade que os cristãos têm em Cristo da condenação e da maldição da Lei, é seu dever viverem para Cristo, não como escravos, mas como livres que são.
A carne sempre tentará trazer o cristão de novo à sujeição total que exercia sobre ele, quando andava no mundo sem Cristo.
O mundo também faz o mesmo tentando cativar totalmente a vontade e os afetos do cristão.
Satanás, o diabo, dispensa comentários quanto a isto, quer agindo diretamente, quer usando os seus ministros que se transfiguram em ministros de justiça, para enganar os cristãos.
Aprouve a Deus salvar e libertar os pecadores através da fé, conforme revelou ao profeta Habacuque (Hc 2.4). Então a mensagem de salvação e libertação do evangelho é a pregação da fé e não das obras da Lei.
Assim, os muitos “evangelhos” que não ensinam que Cristo é o tudo da nossa salvação, e que ensinam que não é somente olhando para Ele com os olhos espirituais da fé, que progredimos espiritualmente, sempre produzirão o efeito de nos separar da comunhão com o Senhor, ainda que afirmemos que seja em Seu nome que venhamos a nos submeter às práticas que são estranhas ao evangelho.
Uma vez estando separados da comunhão com o Senhor, por se entristecer e apagar a atuação do Espírito Santo, com este pecado de ingratidão e de desconsideração para com Ele e com tudo o que fez por nós, e que nos tem ordenado no evangelho, a consequência imediata é a de se decair da graça, isto é, não a perda da salvação, mas ficar privado do crescimento na graça, e das consolações da graça pelo Espírito.
“Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei.
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.” (Gál 5.2-4)
Os gálatas estavam se circuncidando e guardando os mandamentos cerimoniais da Lei de Moisés com o fim de alcançarem a salvação e a santificação. Quando nem mesmo nos dias do próprio Moisés estas práticas haviam sido designadas por Deus como meios de salvação ou de santificação, senão como emblemas, figuras da comunhão que se tem com Ele pela graça e mediante a fé.
Era nisto que os gálatas corriam o perigo de decaírem da graça, porque não estavam usando os meios que são adequados para a santificação do cristão (oração, vigilância, prática do evangelho, andar por fé e não por vista etc), uma vez tendo sido salvo por Cristo simplesmente pela graça e mediante a fé, quando se arrependeu do pecado e confiou nEle para ser o Seu Salvador e Senhor.
A propósito, faremos bem em considerar que a graça não é uma filosofia ou um dogma, mas um poder – na verdade, o maior poder operante neste mundo, porque é por ela que se destrói o pecado, e que se transforma progressivamente pecadores em santos, pela regeneração (novo nascimento espiritual), e pelo processo da santificação, que são operações realizadas pelo Espírito Santo.
Os gálatas haviam sido encantados e estavam cegos quanto a esta verdade que lhes havia sido ensinada por Paulo, e na qual eles não haviam ficado firmes.
Eles não permaneceram firmes na graça, e decaíram da mesma.
Porque não há outro modo de permanecer na graça a não ser o de ficar firme na palavra do evangelho, sem se deixar remover na mente ou no espírito, e não dar crédito a doutrinas que afirmam o oposto da nossa segurança em Jesus.
Este decaímento, como afirmamos anteriormente é consequente da desonra que se dá ao poder do Senhor, à Sua graça e Palavra, quando se pensa que há outro modo de se agradar a Deus a não ser pela fé.
A falta de fé naquilo que Deus tem afirmado no evangelho é incredulidade, e isto é um pecado terrível.
Deixar de crer naquilo que a boca de Deus tem proferido, e em vez disso, dar crédito ao homem ou ao diabo, é falta de fé, e desonra ao Senhor, e é por isso que Paulo afirma que é pelo Espírito da fé que aguardamos a esperança da justiça, isto é, esta fé e operada pelo Espírito, de modo que temos plena esperança da justiça que temos recebido em Cristo Jesus.
“Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.” (Gál 5.5)
De modo que não há diferença em ser judeu ou gentio quanto à salvação, mas ter esta fé que opera pelo amor.
“Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gál 5.6)