João 6:44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
Arbítrio é o poder de identificar o que é bom e correto e aprová-lo, e também de identificar o que é mau e errado e reprová-lo. Assim, a expressão livre arbítrio, significaria a capacidade que todo homem teria em si mesmo de /ou influência externa relativa à sua vontade. Teria o homem de fato tal liberdade de arbítrio? Se o homem fosse o senhor absoluto de suas escolhas e decisões, sempre para o que é bom e aprovado, por que então está sujeito a disciplinas, a ordenanças, e a penalidades, quando seu comportamento não é correto?
Deus impõe disciplina a seus filhos e a juízos condenatórios aos transgressores de Sua vontade. E quando e por que isto sucede? Não é porventura em razão de o homem não poder ser e agir de modo agradável a Deus, quando não submete a sua vontade à vontade divina? Além disso, Nosso Senhor disse que de modo universal e absoluto, o homem não é livre porque é escravo do pecado.
Há então no homem esta incapacidade inata, por causa do pecado que o domina, inclusive e principalmente a sua vontade e razão, impedindo-lhe de reconhecer sempre o que é efetivamente bom ou mau, e também o que é certo ou errado, sobretudo no que se refere às realidades espirituais, e especialmente aquelas que se referem ao seu destino eterno. Mas nosso Senhor afirmou também que há somente nEle a possibilidade de o homem ser libertado de tal escravidão.
Não significando isto que estaria capacitado a partir da sua conversão a escolher e praticar somente o que é bom e correto. Porque tal plenitude de libertação somente ocorrerá no porvir. Todavia, pela fé em Jesus, todo e qualquer que vier a Ele, logo de início, poderá conhecer e fazer a maior e melhor escolha, do maior bem que existe, que é o conhecimento de Cristo, por meio da conversão, por Lhe ter sido conduzido pelo poder e revelação que lhe é feita por Deus Pai, e conforme a Sua exclusiva vontade de usar de misericórdia com quem quiser usá-la. Isto sucede, porque o homem foi criado para ser à exata imagem e semelhança de Deus. Ou seja, homem, segundo Deus, na verdadeira acepção do seu significado, é somente aquele que funciona conforme a vontade e o poder de Deus. E para tanto, é necessário estar ligado vital e espiritualmente a Deus, não apenas em pensamento, mas em realidade, na plenitude do seu ser.
E isto é possível somente por meio de Cristo, por meio de quem podemos viver a vida de Deus. Então, é fácil concluir, que sem tal ligação com o Senhor, é impossível se fazer um juízo correto e bom, sobretudo em relação às realidades do mundo espiritual, celestial e divino. Por conseguinte, o homem não possui o tão proclamado livre arbítrio, conforme se costuma pensar, porque na cegueira e escravidão ao pecado, não pode enxergar e reconhecer a sua necessidade vital de Cristo, para que seja livre e tenha vida eterna. Tanto isto é verdade, que caso tivesse tal capacidade de fazer tal descoberta por si mesmo, e poder se ligar a Deus do modo e no momento que bem desejasse, certamente, toda pessoa de bom senso e em são juízo, o faria. Mas por que isto não é feito por toda humanidade, senão por algumas pessoas?
Certamente porque isto é possível, conforme palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, somente àqueles aos quais tal é concedido por Deus Pai. Mat 13:11 Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. E mais uma vez é declarada a razão de ser feita apenas aos eleitos tal concessão de poder conhecer os mistérios do reino dos céus.
João 6:65 E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. E os próprios crentes necessitam ir continuamente a Cristo e permanecerem nEle para receberem poder, instrução, unção, direção e revelação da parte de Deus, senão o Senhor jamais teria proferido as palavras que disse aos crentes da Igreja de Laodicéia.
Apo 3:17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Assim, para que veja as realidades espirituais e celestiais, o próprio crente necessita buscá-las em oração, pedindo-as humildemente a Deus, em plena certeza de fé, de obtê-las, não por causa dos seus próprios méritos, mas por causa de Cristo. Todo arbítrio bom e correto em relação às coisas que são essenciais à vida, terá sido resultante de tal busca com fé, e não pelo mero exercício da nossa razão.
Contaminada, como se encontra pelo pecado, a própria razão poderá nos trair, nos levando a fazer escolhas más e erradas, e até mesmo nos enganar, gerando em nós convicções acerca da verdadeira espiritualidade, que na realidade sejam falsas, tal como estava ocorrendo com os crentes da igreja de Laodicéia. Se até mesmo os crentes podem errar no exercício de um exercício sincero e bem intencionado da razão, quando agem por sua própria conta, deixando Jesus do lado de fora de nossa vida, tal como fizeram os crentes laodicenses, quanto mais os ímpios não somente errarão, como até mesmo estarão impossibilitados de fazer um juízo adequado em relação a Deus, à salvação e a tudo o mais que é eterno?
Que valor terá diante da verdade e da real graça de Jesus a nossa afirmação de que somos livres para escolhermos o que seja melhor para nós? Temos de fato esta capacidade de escolha? Perguntamos mais uma vez. Em vez de fazermos afirmações precipitadas sobre este assunto, não seria mais conveniente, confrontá-las antes com a Palavra de Deus, e especialmente com tudo o que nosso Senhor Jesus Cristo e os apóstolos afirmam na Bíblia?
Pela exposição bíblica somos convencidos que o homem é verdadeiramente livre somente quando é escravo de Cristo, e quando coloca não somente o seu arbítrio, como toda a sua vontade, mente e coração nas mãos do Senhor.
Sem isto, a vontade do homem permanecerá escrava do pecado, dos seus próprios desejos e paixões, de suas imaginações, das atrações do mundo, e das tentações do diabo e seus anjos caídos.
Pr Silvio Dutra