Viver é um exercício de solidão. Talvez, com oito ou nove bilhões de pessoas no mundo você possa dizer que estou enganado, mas não falo aqui de uma solidão física e sim sentimental. Você, na maior parte de sua vida está sozinho, desamparado, ilhado.
Essa ilha de solidão aparece diversas vezes no trajeto de nossa existência: quando perdemos uma companhia; quando nos distanciamos de certas pessoas, quando deixamos de confiar àqueles que estão perto; quando vivemos uma desilusão; quando sonhamos e sentimos que o sonho não se realizará.
Em todas essas situações, ainda que cercados pela multidão, sentimo-nos sós. E a solidão dói. Dói porque não fomos feitos para viver sozinhos. Temos braços para cumprimentar, antebraços para abraçar, pernas para alcançar e corações para amar. Todo o nosso corpo, todo nosso ser pede que nos relacionamentos, senão para que existiria a língua, a fala, a escrita, as artes?
E num dia de solidão li na Bíblia:
Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse. A ti clamo, Senhor, e digo: tu és o meu refúgio, o meu quinhão na terra dos viventes. Sl 142.4-5
Pode ser o dia em que vivo, mas esse salmo fala para mim sobre essa solidão. Quando nos sentimos só poderíamos nos descrever como o salmista o faz. Sentimos que não há quem nos reconheça, por maiores sejam os laços que nos unam, parece que ninguém jamais nos conheceu, parece que por mais que tenham atos em nosso favor, que ninguém se interessa por nós, nos sentimos sós.
E vazios de nossa própria companhia o que fazemos é clamar a Deus e nesse clamar descobrimos: Deus é o nosso refúgio, nosso quinhão, nosso direito, nossa companhia, nosso real relacionamento, nossa verdade, nosso Deus em meio à esse mundo.
Talvez, como eu, você se sinta só, talvez desamparado por pensamentos que o afastem da sociedade, talvez desamparado pela distância de irmãos ou amigos que lhe façam bem, talvez desamparado por seus próprios sonhos ou distante daqueles a quem ama. Se você se sentir assim eu posso te dizer, não há solução.
Ninguém, por mais amável que seja, nenhum prazer, por mais doce que parece pode acabar definitivamente com essa solidão. O único que pode te acompanhar e te fazer se sentir novamente aconchegado em sua própria vida é o Senhor. Ele é nosso refúgio e não há outro a quem possamos nos apegar.
Por isso, se a solidão o acompanhou até agora, acompanhe o Senhor e acabe com a solidão.