Andei pensando seriamente a respeito das diversas formas de ensino que se espalham entre as igrejas e as razões do crescimento evangélico entre alguns grupos. Cheguei a uma conclusão, talvez, assustadora para alguns.
Me parece que certas pessoas assimilam Deus de forma muito mesquinha, miúda, egoísta. É mais ou menos como a famosa história da lâmpada de Aladim, que bastava uma esfregada, e… pronto, aparecia o gênio disposto a fazer todo e qualquer desejo do seu “amo” que, por tê-lo achado, tinha agora todo o direito de pedir o que quisesse; o gênio estaria pronto a satisfazê-lo, sem questionar – não interessava se o pedido era lógico ou não, santo ou profano… não importava, bastava exigir e já estava feito. O Amo pedia, o Gênio obedecia.
É incrível como o Evangelho anda “caindo de preço”. Oferecem um Evangelho que mais parece mercadoria de terceira, de fim de feira. Ensinam por aí um evangelho onde Deus é apresentado como aquele ser “todo poderoso” e capaz de fazer tudo quanto desejarmos sem importar muito a maneira como estou vivendo. Em outras palavras, a ênfase da mensagem é mais ou menos esta: “Tudo que você precisa fazer é passar para o nosso lado!”, ou ainda “Vinde como estais, e permaneçais como estais, Deus é bom à bessa!”. Deus, para esses, é “o nosso gênio da lâmpada” e nós agora somos os seus “Amos”, basta pedir que Ele está pronto a responder com urgência. É como se a lâmpada mágica fosse “aquela” igreja, é ali, e somente ali, que encontramos o “Gênio”! “Aqui você não é obrigado a certos compromissos. Leitura de Bíblia, jejum, oração – nada disso, Jesus Cristo mudou meu viver para melhor. Pobreza, doença, dificuldade… Tô noutra agora! Jesus Cristo é um Gênio sem igual!”. Até parece que já não são mais três pessoas que formam a Trindade – certas pessoas se vêem como a “QUARTA”…
Um outro detalhe que pode ser notado na história da lâmpada é que todas as pessoas que se apoderavam da “lâmpada mágica” só pensavam nelas mesmas, em obter cada vez mais bens materiais, algo que satisfizesse o seu ego. As respostas do “Gênio da lâmpada” eram limitadas ao mundo material. Muito semelhante aos ensinos que ouço por aí, onde o evangelho é pregado afim de tornar as pessoas capazes de viverem felizes e confortáveis nesta vida. Fico pensando na agonia destas pessoas quando enfrentam crises, pois não foram ensinadas que ainda somos meros humanos sujeitos a aflições, enfermidades e crises. Quando se deparam com isso, não possuem raízes, ou seja, não edificaram a casa sobre a rocha – por isso, infelizmente, será grande a sua ruína.
Será que essa história está bem contada? Será que é este o Evangelho que Jesus deixou? Não, de forma nenhuma! A Palavra de Deus é que é a lâmpada para os nossos caminhos, conforme se expressa o salmista no Salmo 119:115, e esta, transforma-nos. Só o conhecimento do autêntico Evangelho, caracterizado pelo sacrifício de Jesus, é capaz de mudar-nos de míseros pecadores para pessoas lavadas, purificadas e reconhecedoras de que agora, somos mais que vencedores, testemunhas de Cristo, as verdadeiras lâmpadas para o mundo (Fil. 2:15; Mat. 5:14-16), capazes de iluminar as trevas através da luz que refletimos e que não é nossa: recebemos de Cristo e a transmitimos, da mesma forma como a lua, que não possui luz própria, mas transmite a luz que recebe do sol. Devemos ser conforme expressa Paulo na Epistola aos Filipenses, “Astros no mundo”, refletindo a luz que recebemos do “Sol da Justiça!”.
Ao contrário daqueles que achavam a “lâmpada mágica”, devemos pensar nos outros, esforçando-nos ao máximo para alcançá-los e levar-lhes ao conhecimento Daquele que é capaz de tirar das mais densas trevas qualquer ser humano e transformá-lo em lâmpada, em luz para o mundo.
Não queridos, não podemos comparar o Grandioso Deus criador de tudo a um mito, um simples gênio que nem sequer existiu; além do mais, para compreendermos a vida e conhecermos melhor o Grande autor da eterna salvação, é necessário aprendermos a sublime lição da submissão a Ele. Ele sim é capaz de dar-nos tudo o que precisamos, conforme sua soberana vontade.
Precisamos estar atentos a tudo que ouvimos e não nos deixarmos iludir por toda qualidade de ensino, afim de não confundirmos a Teologia de “ser” lâmpada com “a teologia da Lâmpada”!
Autor: Ivanildo Barros Dias