“21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir.
22 Diziam, pois, os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vir?
23 E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
24 Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
25 Disseram-lhe, pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse.
26 Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo.
27 Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.
28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou.
29 E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
30 Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele.” (João 8.21-30)
A grande misericórdia de Deus para com os seus inimigos (Rm 5.10) está plenamente manifestada nestas palavras de Jesus, porque Ele alertou os Seus confrontadores do que lhes ocorreria caso não cressem que Ele havia sido enviado pelo Pai para salvar os pecadores.
Eles morreriam eternamente nos seus pecados porque é somente pela fé nEle que os nossos pecados podem ser perdoados por Deus, e sermos reconciliados com Ele, deixando de ser Seus inimigos, por causa da natureza pecaminosa que temos, e portanto, sermos livrados da Sua ira que haverá de se manifestar no juízo na condenação eterna daqueles que não tiveram seus pecados perdoados por causa da fé em Cristo.
Mesmo tendo continuado a zombarem do Senhor depois de lhes ter dito que não poderiam ir para onde Ele iria (céu), caso não tivessem os seus pecados perdoados, Jesus continuou lhes advertindo de maneira que chegassem ao arrependimento para que fossem salvos; especialmente pelo fato de lhes ter revelado que poderiam saber quem Ele era depois que o levassem à cruz.
Muitos deles poderiam então, lamentar e se arrependerem dos seus pecados, porque o Espírito Santo seria derramado para produzir neles este convencimento.
O tom de voz de Jesus ao dizer estas palavras não deve ter sido áspero, mas muito terno e convincente, demonstrando todo o Seu amor e paciência, apesar de estar sendo tão duramente contraditado, e com isto muitos creram nEle.
No entanto, Jesus colocou à prova a qualidade da fé destes que creram como veremos a partir do verso 31, e eles revelaram que não era a fé genuína, porque ao lhes ser dito que a fé seria verdadeira se eles permanecessem na Sua Palavra, eles não demonstraram estar dispostos a isto.
A verdadeira fé que salva gera contrição no nosso coração ao vermos com os olhos da fé Jesus crucificado e sofrendo por carregar os nossos pecados sobre Si na Sua morte na cruz.
E esta fé verdadeira nos moverá a amar ao Senhor e à Sua Palavra.
Há também muito de sentimentos envolvido em nossa salvação. Ela não é um ato frio de assentimento intelectual a uma verdade. A fé não é uma mera aceitação intelectual de um fato, mas todo um trabalho que é realizado em nós para mudar o nosso coração de pedra num coração de carne. É uma transação espiritual real de experiência do cristão com o Seu Senhor e Salvador.
Estas palavras de Jesus deixam estas verdades declaradas de modo muito implícito. Ele declarou que muito teria que falar contra aqueles judeus e julgá-los por causa dos seus pecados, mas não o faria condenando a nenhum deles porque recebeu o mandamento do Pai de vir a este mundo para salvá-lo e não para condená-lo, enquanto durar a dispensação da graça, até que Ele volte.