A cidade de Worms, na Alemanha, estava apinhada de gente.
Pessoas de todas as partes da Europa se dirigiram para a Assembléia convocada pelo imperador Carlos V. O motivo da Assembléia eram os escritos de um monge agostiniano chamado Martinho Lutero. As pessoas estavam interessadas em conhecer aquele homem, que havia se levantado contra os ensinamentos da Igreja Católica. Todos conheciam o poder que a Igreja Católica possuía. Todos podiam se lembrar de que, anos antes, a igreja havia mandado queimar João Huss. E todos sabiam que os ensinamentos que levaram João Huss à fogueira eram os mesmos que estavam sendo defendidos por Martinho Lutero. Por isso aquela ida de Lutero à cidade de Worms havia mobilizado tantas pessoas.
Uma vez na cidade, “(…) sabendo que tinha de comparecer perante uma das mais imponentes assembléias de autoridades religiosas e civis de todos os tempos, Lutero passou a noite anterior em vigília. Prostrado com o rosto em terra, lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos ouviu-o orar assim: ‘Oh, Deus todo-poderoso! A carne é fraca, o diabo é forte! Ah, Deus, meu Deus; que perto de mim estejas contra a razão e a sabedoria do mundo! Fá-lo, pois somente tu o podes fazer. Não é a minha causa, mas sim a tua. Que tenho eu com os grandes da terra? É a tua causa, Senhor, a tua justa e eterna causa. Salva-me, ó Deus fiel! Somente em ti confio, ó Deus! Meu Deus… Vem, estou pronto a dar, como cordeiro, a minha vida. O mundo não conseguirá prender a minha consciência, ainda que esteja cheio de demônios, e se o meu corpo tem de ser destruído, a minha alma te pertence e estará contigo eternamente(…).” (BOYER, Orlando. Heróis da fé. CPAD: 2002, p.24).
Naquela noite, durante aquela vigília de oração, Lutero venceu a guerra contra os seus inimigos. Por causa daquela noite em oração, no dia seguinte Lutero conseguiu permanecer firme na fé, desmascarando os enganos que cegavam a igreja do seu tempo. Hoje, se nós podemos experimentar a nossa liberdade em Cristo, devemos, em grande parte, ao tempo de oração que Martinho Lutero dedicou a Deus naquele ano de 1521.
A oração é uma das mais importantes práticas da vida cristã. Lutero venceu a sua mais difícil batalha através da oração. Ele sabia que a oração era um dos meios que Deus utilizava para transformar as situações. Por isso mesmo, era comum que Lutero, quando tinha muitas tarefas para executar num determinado dia, orar uma hora a mais, além do tempo normal que costumava orar diariamente. Tal prática de oração Lutero não aprendeu por si mesmo. Antes, ele a aprendeu de Jesus.
A Bíblia nos mostra que Jesus orava com bastante freqüência. Apesar das multidões, das tarefas e das pressões das pessoas, Jesus nunca deixou de dedicar tempo para estar a sós com Deus.
Em Lucas 5.15-16 nós lemos: “Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Mas Jesus retirava-se para lugares solitários e orava.” Jesus considerava a oração uma prática extremamente importante na sua vida e ministério. Por isso, ele buscava se retirar para lugares solitários a fim de orar. Seguindo o exemplo de Jesus, devemos nos dedicar à oração.
Devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente
É estranhamente interessante, mas algumas pessoas param de buscar Deus em oração por se acharem muito bem espiritualmente. Pensam que por já terem uma longa caminhada com Deus, por já serem crentes há bastante tempo, por já terem obtido várias respostas de oração, por já desenvolverem um ministério tão bem sucedido, por possuírem o reconhecimento de vários outros cristãos, pensam que não precisam mais dedicar tanto tempo para a oração a sós com Deus. Imaginam que não precisam separar um período de oração diária, pois pensam que a sua vida, as suas atividades e o seu trabalho em favor do Reino dos céus já são uma oração a Deus.
Contudo, Jesus não pensava como essas pessoas. Apesar de ser o Filho de Deus, completamente sem pecado, totalmente perfeito, dedicado ao ministério e cheio do Espírito Santo, Jesus separava um período no seu dia para se dedicar à oração. Ele não considerava que o desenvolvimento e o sucesso do seu ministério o dispensavam de orar diariamente. Pelo contrário, Jesus, apesar de todas as suas qualificações “retirava-se para lugares solitários, e orava” (Lucas 5.16).
Tal atitude de Jesus tem muito a nos ensinar. Ele nos mostra que devemos nos dedicar à oração ainda que nos achemos bem espiritualmente. Não importa se estejamos nos sentindo fortes espiritualmente, nem se pessoas estão sendo curadas através de nossas vidas e nem se o nosso nome está se tornando conhecido das pessoas e dos demônios. Devemos separar períodos no nosso dia para entrarmos em uma comunhão íntima com Deus. Nós precisamos orar porque disso depende a nossa comunhão e relacionamento com o Pai.
Devemos nos dedicar à oração ainda que as atividades sejam muitas
A maior parte das pessoas justifica a sua negligência com a oração dizendo que não tem tempo. São homens e mulheres que afirmam estar ocupados demais para orar. Dizem que precisam acordar muito cedo e deitar muito tarde, e que por causa das tantas atividades não possuem tempo para se dedicarem à oração.
Jesus também era uma pessoa extremamente ocupada. Constantemente as pessoas vinham procurá-lo, desejando receber uma palavra de aconselhamento, o esclarecimento de uma dúvida, o ensinamento acerca do Reino de Deus ou uma ministração de cura. As pessoas não se perguntavam sobre a disponibilidade de Jesus. Elas não estavam preocupadas se Jesus precisava comer, dormir ou descansar. Elas queriam simplesmente obter a satisfação dos seus anseios. Jesus era tão requisitado que houve ocasiões em que Ele não conseguia nem mesmo comer, porque as pessoas iam e vinham para ouvi-lo e tocá-lo (Marcos 3.20). Contudo, apesar disso, ele sempre encontrava tempo para se dedicar à oração.
A Bíblia diz que apesar das multidões virem para ouvi-lo e para serem curadas, “Jesus se retirava para lugares solitários e orava” (Lucas 5.16). Apesar de tudo, Jesus se afastava das pessoas e buscava se dedicar à oração. Jesus não se deixava levar pelas pressões das pessoas e nem do seu ministério. Ele entendia que mais importante era o seu relacionamento com o Pai. Por isso, o seu tempo de oração era o seu tempo de relacionamento pessoal, de encontro e de comunhão com o Pai.
Por isso, você também, por causa do seu relacionamento com Deus, precisa separar algum período do seu dia para se dedicar à oração. Ainda que sejam muitas as suas atividades, que você acorde cedo e vá se deitar tarde, que você tenha várias horas do seu dia ocupadas com o seu estudo e trabalho, que aos seus olhos não exista tempo para se voltar para Deus em oração, você precisa se esforçar para separar um período do seu dia para orar. Além disso, essas muitas atividades e pressões são, na verdade, mais um motivo pelo qual você precisa parar para se dedicar à oração. Você está ocupado demais para deixar de orar!
Concl
usão
O Senhor Jesus, durante todo o seu ministério, mostrou a importância da vida de oração. Ele não somente orava, mas também incentivava as pessoas a se dedicarem à oração. O exemplo de Jesus foi seguido pelos apóstolos, pelos primeiros cristãos e por muitos crentes durante toda a história da igreja. O quanto você ouvir sobre o relato de grandes milagres, maravilhosas e constantes manifestações do poder de Deus, curas tremendas, conversões em massa, cidades transformadas, você pode ter a certeza de que, por trás de todos esses acontecimentos, existe um crente ou um grupo de crentes que está se dedicando à oração. Deus decidiu agir, em muitas ocasiões, através da oração dos crentes.
Lembre-se do apóstolo Paulo e da grandeza do seu ministério. Lembre-se de Martinho Lutero e do impacto da sua vida em todo o mundo. Lembre-se de João Wesley e do avivamento que varreu a Europa e os Estados Unidos. Lembre-se de Smith Wigglesworth e das milhares de pessoas que foram curadas. E lembre-se de que, por trás de todas essas pessoas, existe uma vida de oração. A igreja pode transformar o mundo; você pode transformar o mundo. O caminho? Uma vida de oração.
Artigo extraído do site www.diantedotrono.com.br