Pertencer a uma denominação é suficiente para a fiel permanência nas verdades cristãs?
Há quem imagine que a cobertura denominacional salvaguarda “…o povo de Deus dos erros doutrinais.” (Frank A. Viola).
“…As crenças centrais de nossa fé… não pertencem a nenhuma denominação” (Frank A. Viola), elas dão testemunho das verdades fundamentais do cristianismo e soa a herança dos genuínos servos de Deus.
O que assegura a fiel permanência nas verdades cristãs não é o denominacionalismo, mas a permanência nos credos históricos, que sabemos, não substitui as Escrituras, mas são contribuições que orientam nossa fé comum. O que dizer das verdades do Credo de Nicéia, dos Apóstolos e outros mais que esclareceram as verdades fundamentais do cristianismo, como: “… Jesus Cristo é Deus e homem, que nasceu de uma virgem, que foi crucificado por nossos pecados, e que ressuscitou em forma corporal”? (Frank A. Viola).
A formação do denominacionalismo baseado nas declarações teológicas de seus fundadores demonstrou o perigo da rigidez e da inflexibilidade ao restringir quaisquer interpretações divergentes do que se considerava a doutrina reta, enquanto que “… definiam a sua identidade em oposição à das demais igrejas…” (Dr. José Carlos de Souza). O denominacionalismo ou mesmo as denominações guiadas por clérigos que se distanciaram da ortodoxia cristã e basearam-se exclusivamente em normas doutrinárias e definições teológicas próprias, criando intolerância e fanatismo, achando que somente suas denominações são as verdadeiras igrejas de Deus, demonstraram que a mútua sujeição só poderá ser, de fato, uma realidade quando combinada com a verdadeira ortodoxia cristã.
No tempo de ortodoxias, ou seja, na consolidação da reforma protestante, houve mais divisões do que unidade. Em defesa de suas normas, sacrificavam o amor e fizeram distinções entre si, dividindo-se. Vê-se uma proliferação da divisão do Corpo de Cristo, ao invés de unir-se naquilo que era comum, dando vazão às criações teológicas, vê-se, portanto, a criação da barreira que Cristo já havia derrubado: divisão entre os irmãos. Mais uma vez a unidade foi quebrada.
As denominações foram formadas dentro desse contexto: Luteranos, Reformadores, Calvinistas, Armenianistas, Puritanos.
As normas doutrinárias e definições teológicas que deveriam definir um padrão para que os crentes pudessem estar mais ligados a Cristo e uns aos outros, acabou por dividi-los, ainda mais; que por sua vez criou subdivisões perturbadoras, sempre baseadas em normas doutrinárias e definições teológicas, que serviu de base para a formação do denominacionalismo que, na realidade, provocou mais disputas e mais intrigas entre irmãos.
É verdade que a denominação não protege o povo de Deus de erros doutrinários, mas também, se a sujeição mútua não estiver alicerçado na Ortodoxia Cristã e nas Sagradas Escrituras, de maneira nenhuma haveremos de ter êxito e as divisões continuariam: devemos unir nas semelhanças e não implicar nas divergências.
Penso que um dos maiores desafios para a reflexão teológica contemporânea é definir em quais linhas a igreja pode tornar-se una, isto é, dentro de verdades irrefutáveis da cristandade, sem provocar mais rupturas e conduzi-la à submissão ao Espírito da verdade.
A Deus toda glória!