Meu filho primogênito tinha crises constantes de amigdalite, que iam se agravando à medida que o tempo passava até cerca de cinco anos de idade.
Tantos eram os antibióticos que ele tinha que tomar, que veio por fim a apresentar um quadro de anemia profunda, que lhe impossibilitava que fosse submetido a uma intervenção cirúrgica.
Era de doer o coração o seu sofrimento, a ponto de sequer poder beber água, sem que tivesse um grande desconforto.
Em suas últimas crises, chegou a perder tanto peso que seu corpo ficou quase somente no esqueleto. Nós orávamos insistentemente por ele, para que o Senhor o curasse, mas, por anos, o seu quadro de saúde ficava cada vez mais grave.
Em sua última crise (aos 5 anos), numa sexta-feira, ele ficou tão debilitado que o pediatra nos disse que era para aguardar até na próxima segunda-feira, a fim de que fosse internado caso não melhorasse, já que estava tomando 3 antibióticos juntos, pois seu organismo não reagia mais aos medicamentos, não se alimentava, nem bebia água.
Ardendo em febre, no culto de domingo pela manhã, na Igreja, estando em meu colo, pediu-me que falasse com os demais pastores para que orassem por ele ungindo-o com óleo, e disse-me que tinha a certeza que Jesus o curaria.
Levantamos um clamor por ele, cumprindo aquilo que é ordenado pela Bíblia:
“ Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tg 5.14,15)
Ao sairmos do gabinete pastoral, a febre em vez de baixar aumentou ainda mais.
Olhando para o interior da boca do menino o que se via era apenas secreção purulenta, não apenas na garganta, como também em muitas aftas que haviam sido abertas em todo o aparelho bucal.
Ele reclamava de fortes dores e não podia se alimentar.
Retornando para casa, derramei minha queixa diante do Senhor, porque considerei algo brutal que tivesse despertado fé no coração de meu filho, para deixá-lo numa condição ainda pior. Eu reclamava no fundo do meu coração: “tomamos o tempo dos pastores em vão”.
Que idéia o menino formaria sobre o amor de Cristo, e o valor da fé, tendo crido para nenhum propósito?
Foi com o coração apertado e em grande amargura que fui dormir aquela noite. Mas o sono me fugia, tal a grandeza de inquietação do meu espírito. Todavia, ao acordar, meu filho veio até comigo dizendo que estava com fome e sede.
Muito estranhei aquilo, porque ele estava rejeitando veementemente toda oferta de comida e bebida. Eu lhe pedi que se achegasse para junto da janela, para que eu visse como se encontrava o estado da sua boca.
Ao abri-la, a claridade do sol que nascia revelou que não havia, miraculosamente, nenhum vestígio de secreções purulentas, e sua garganta e boca eram de um rosado saudável, que indicava que Deus havia operado poderosamente.
Dei muitas glórias ao Senhor, e pedi-Lhe que perdoasse a minha impaciência e incredulidade.
Desde então, passados dezesseis anos, meu filho nunca mais teve qualquer crise de amigdalite, tendo sido curado de modo definitivo pelo poder de Deus.
Pr Silvio Dutra