Começamos aqui uma seqüência de reflexões sobre a vida atual. Nesta série: Na Contramão, vamos abordar assuntos que estão em evidência e fazer um paralelo para ver o que a Palavra de Deus nos diria sobre eles e o seu nível de importância.
No período Vétero-testamentário, o povo de Israel era o povo de Deus. Não havia culto ao Deus Verdadeiro e nem salvação fora do arraial do povo de Jacó. Pelo menos era isso que a maioria dos israelitas tinha em mente e acreditavam como verdade absoluta. Todos os outros povos eram pagãos e destinados única e exclusivamente a perdição.
Quando analisamos o texto Bíblico vemos que esta nunca foi à intenção do coração do Eterno. Ele desejava fazer de Israel um modelo a ser seguido e um instrumento de evangelização a todos os outros povos. A missão do “povo santo” era a propagação das verdades de Adonai a todos os outros povos, tribos e nações; contudo, tão acostumados a olharem apenas para si o povo muitas vezes achava absurdo ter salvação para aqueles que não eram do arraial (caso de Jonas e os Ninivitas é um dos exemplos).
Jesus veio à Terra e com todas as letras e quem sabe até desenhou (caso da mulher adúltera – Jo 8) fez questão de anunciar que o evangelho, que a graça era para todos e por isso nos deixou o IDE.
Muitas vezes Jesus cumpriu o próprio IDE se assentando com prostitutas, pecadores, publicanos e fora, pelos próprios fariseus, chamado de “Comilão e Beberrão” (Lc 7.34). Jesus andava na contramão do sistema. Jesus não se encaixava nos moldes religiosos da época. Será que se encaixaria hoje?
Se o evangelho tem a finalidade de agregar e trazer a comunhão, nossas ações precisam cativar aqueles que, não fazendo parte do nosso meio, desejem se achegar a nós. O mundo oferece ódio, nós temos amor para dar; o mundo oferece guerra, nós podemos apresentar o príncipe da paz; o mundo julga e condena, nós mostramos que não existe acepção de pessoas. Será?
Será que o ímpio entenderia uma expressão como: “Você tem que entrar no prumo” ou “É vaso, vigia na terra”? Ou será que eles fariam analogia a alguma construção – prumo ou algum vaso sanitário ou de plantas?
Não sou contra essas e tantas outras frases do universo evangélico, contudo, fico pensando se ela não nos afasta ao invés de nos mostrar receptivos, ou será que o evangelho é uma dádiva concedida apenas a uns poucos privilegiados?
Passamos dias, meses evangelizando uma pessoa, tratando uma vida de pecado, e quando um de nossos arraiais cai em tentação o excluímos como se fosse a própria encarnação do “Demo”. Lutamos para ter e quando temos jogamos fora!
Não sou, jamais, contra a disciplina, pois um pai, pastor, líder que ama, deve disciplinar. Mas a disciplina é feita com vara (correção), mas também com o cajado (trazer para perto). É deixar as 99 no aprisco e correr atrás daquela que escorregou no meio do caminho.
Nossa diferença precisa se encontrar numa linguagem sadia, edificante, contrastando com a linguagem promíscua do mundo e não em criar um dialeto que somente alguns entendem. Nossa diferença está em amar e continuar amando aqueles que o mundo despreza, mas Jesus nunca desprezou. Nossa diferença está em, mesmo à controvérsias e opiniões diferentes, saber que o que importa é a Salvação em Jesus e não briguinhas e discussões para saber quem é o mais certo ou mais santo.
Temos que olhar para o Antigo Testamento e identificar se não estamos agindo exatamente como o povo de Israel se dizendo o dono da verdade enquanto o Verdadeiro Dono da Verdade permanece de braços abertos a todos que queiram o abraçar. E com especial atenção olhar para dentro de nós e para os lados quando ficamos medindo santidade por uma ou outra ação.
Apenas um conhece o coração e este um não é você.
Na paz DAquele que fez a diferença pelo amor e mão estendida,
Att,
Pr. Felipe Heiderich