Vivemos em uma época de grandes cristãos, em uma época em que as pessoas declaram abertamente na igreja que odeiam o pecado, mas que amam o pecador, pessoas que dizem que denunciam o pecado do pecador por amor, pessoas que dizem que em suas congregações as doenças mais graves são curadas como simples resfriados, vivemos em uma época diferenciada no cristianismo pela santidade.
Mas como em todas as outras vezes em que o cristianismo chegou nesse patamar de “santidade absoluta” alguns absurdos começam a acontecer.
Nos tempos de Cristo a “santidade absoluta” da seita dos fariseus fez com que Jesus fosse crucificado, porque ele não atendia aos requisitos pedidos pela religião.
Na época da Reforma na Igreja Católica (conhecida pelos protestantes como “Contra-Reforma) a “santidade absoluta” e a ação extremamente “inspirada” dos padres e papas fez com que milhares de homens “hereges” queimassem na fogueira à vista de toda a população, pela chamada Santa Inquisição, criando assim os primeiros mártires da igreja protestante.
No início do século a segregação social que imperava até mesmo dentro dos seminários dos Estados Unidos fez com que um jovem estudante, William Seymour tivesse que assistir as aulas de seu seminário do corredor, pois não podia entrar na sala por ser negro, este, William Seymour foi um dos precursores do movimento pentecostal, que perdura até hoje.
Mas uma pergunta que não para de me vir à mente é como que nós temos tratado as pessoas nos tempos de hoje, que sentimento que nós, como cristãos, como detentores da verdade temos tido sobre as pessoas que ainda não tem a Cristo?
Será que temos tratado o povo como deveríamos? Será que a nossa “santidade” não nos tem feito estar mais distante do povo do que deveríamos? Será que a nossa “santidade” tem assustado ou aproximado as pessoas da Palavra e do Testemunho de Cristo?
Será que temos agido como uma Santa Inquisição, onde aqueles que não aceitam a Cristo sofrem com o nosso preconceito e ouvem que irão queimar no inferno? Qual a nossa atitude frente a um mundo descrente do amor de Cristo?
Judas respondeu à essa pergunta com o modo como devemos agir:
“Tenham compaixão daqueles que duvidam” Jd. 22
No dicionário está escrito que compaixão é uma “participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor”, ao contrário do que geralmente pensamos, compaixão não é ter dó, pelo contrário, é começar a sentir a infelicidade, a tristeza alheia e assim tomar uma atitude de ternura para com aquele quem sofre.
E Judas nos fala para termos essa compaixão para com aqueles que duvidam da Palavra de Deus.
Ou seja, temos que participar no sofrimento dessas pessoas que não tem a Cristo, um sofrimento não somente físico, um sofrimento não somente emocional, mas um sofrimento espiritual intenso, sofrimento que todos sofrem antes de conhecerem a Cristo, pois não tem a perspectiva eterna em seus corações, perspectiva que é necessária desde que Deus colocou em nossos corações uma ânsia pela eternidade.
E temos que participar não de forma a destruir estas pessoas, mas temos que ter um ímpeto, temos que tomar um impulso de ajudar, de auxiliar esses que sofrem sem o Senhor.
E será que é isso que temos vivido?
Será que temos tido compaixão pelas nações, pelos estados, pelos povos, pelas pessoas, pelos nossos próprios amigos que não tem a Cristo? Será que temos tido essa mesma compaixão que Cristo tinha quando via as multidões sedentas de sua Palavra e sem um rumo a trilhar?
Irmãos, compaixão não é um sentimento somente, mas é o impulso também, é a ação, se nós temos tido somente um sentimento, mas não temos feito nada, estamos tendo dó e na Bíblia não diz para termos dó e sim compaixão, temos que nos mover, temos que fazer algo pelas pessoas que não tem a Cristo ou ainda duvidam de sua Palavra, mesmo que essas estejam em meio à nossas igrejas.
Temos que parar de expulsar pessoas de nossas igrejas por causa de nossos usos e costumes, temos que parar de expulsar pessoas de nossas igrejas por falta de auxílio, temos que parar de expulsar pessoas por falta de amor, temos que parar de expulsar pessoas de nossas igrejas por falta da compaixão genuína, compaixão que gera uma atitude diferenciada, uma atitude de amor, atitude que prega a Cristo e não um legalismo pernicioso anti-bíblico.
Temos que mudar nossa forma de ser igreja, temos que tentar ser santos, mas não somos e nunca seremos santos a ponto de podermos nos separar das pessoas do mundo, nossa santidade somente se deve à nossa fé em Cristo, que nos limpa de nosso pecado, fora isso somos tão pecadores e ainda mais pecadores que as pessoas do mundo secular.
Irmãos, precisamos ter em nós um novo clamor, um novo sentimento pelas nações e pelas pessoas carentes de Cristo, um sentimento que produza ações e não somente orações, porque as ações são apenas o início de nossa ação, Jesus orou no Getsêmani pela obra que haveria de realizar, mas Ele realizou a obra depois, Ele não parou na oração, como muitos de nós tem feito até hoje.
Temos que tomar uma atitude, temos que ter um sentimento correto pelos povos carentes de Cristo, temos que ter uma compaixão resultante em atitudes, para que o Nome de Cristo seja propagado e todas as pessoas salvas.
Que Deus o abençoe!