Eu nasci em Santo André, morei por pouco tempo em São Bernardo do Campo, e cresci em Campinas – todas grandes cidades do Estado de São Paulo. Portanto, eu não conhecia de perto a agricultura, até que em 1993 eu me mudei para o Paraná, um dos Estados de maior produção agrícola do Brasil. Morando em cidades do interior como Guarapuava e Irati, foi inevitável conhecer de perto os agricultores e as suas lavouras. Aprendi com eles muitos dos princípios que regem a semeadura e a ceifa, não somente do mundo natural, mas também do mundo espiritual. O princípio da semeadura e colheita foi instituído por Deus, e, enquanto a terra durar, este princípio jamais deixará de funcionar. Foi isto que o Senhor declarou depois do julgamento através do dilúvio:
“E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo… enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” (Gênesis 8.21a,22)
Podemos ver a seguir o mandamento de Deus para o homem plantar e colher desde o início, lá no Jardim do Éden:
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gênesis 2.15)
O homem foi colocado no Jardim do Éden para cultivá-lo. A palavra hebraica “abad” também é traduzida como “lavrar” e, basicamente, significa “trabalhar”. No natural, “semeadura e ceifa” significa “trabalho”, e devemos entender a importância deste aspecto no plano da providência divina. Há pessoas ensinando que o sustento do homem não depende da aplicação da lei da semeadura e ceifa, e usam como base do seu argumento a seguinte afirmação do Senhor Jesus:
“Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mateus 6.26)
Jesus disse de fato que a base de provisão das aves é o Senhor, e que elas não precisam semear ou colher, e nem ajuntar em celeiros. Mas, ao declarar isto, Ele não anulou o princípio, encontrado em toda a Bíblia, de que o homem deve semear e colher. Ele disse apenas que, se a ave, que não semeia, já tem o seu sustento, quanto mais o homem, que semeia (e também colhe), e que vale muito mais que as aves, terá o seu sustento!
O Senhor Jesus também falou sobre os lírios do campo, que não trabalham nem fiam, mas são belamente vestidos por Deus, e disse que, se o Pai Celestial os veste, então muito mais Ele vestirá a nós! Porém, Ele não estava dizendo que não precisamos trabalhar ou que temos que deixar de nos vestir para que Deus faça isto literalmente em nosso lugar! Foi apenas uma maneira de mostrar que, se eles têm tudo isto sem trabalho e sem possuírem o mesmo valor que nós, então temos uma grande vantagem sobre eles!
Assim como não podemos desvincular o sustento da semeadura natural, assim também não podemos desvinculá-lo da semeadura espiritual!
ENTENDENDO O TRABALHO
O trabalho é um mandamento bíblico e foi estabelecido por Deus desde o início da história da humanidade como a maneira pela qual o homem promoveria o seu sustento:
“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” (Gênesis 3.19)
Depois da queda do homem, o trabalho tornou-se mais árduo por causa da maldição que sobreveio à terra (Gn 3.17-19). No entanto, o trabalho em si não é maldição nem conseqüência do pecado, pois, antes da Queda, Adão já havia sido colocado no jardim para cultivá-lo. É o meio de o homem sustentar a sua casa e viver dignamente; além disso, por meio do seu ganho, ele também pode servir ao Reino de Deus e aos necessitados:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.” (Efésios 4.28)
Ninguém que diz que serve a Cristo deve negligenciar o cuidado de sua casa, pois a Escritura também declara:
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente.” (1 Timóteo 5.8)
Há princípios que Deus instituiu e que não podem ser quebrados. As Escrituras declaram que há uma ligação entre o trabalho da pessoa e o seu sustento. Adão teria que suar para comer o seu pão, e quem não quer trabalhar não tem direito a comer:
“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão.” (2 Tessalonicenses 3.10-12)
Paulo se “orgulhava” de nunca ter sido um peso a ninguém e do fato de que muitas vezes as suas próprias mãos – o seu trabalho – proporcionaram o seu sustento (At 20.34).
A igreja deve socorrer as viúvas que não têm condições de se sustentarem, mas, quando há alguém em casa que pode trabalhar para trazer o seu sustento, então a igreja é instruída a não sustentar estes lares em caráter sistemático, mostrando assim a importância e o dever do nosso trabalho:
“Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma viúva tem filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria casa, e a recompensar os seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus.” (1 Timóteo 5.3,4)
Porém, além de mostrarem a importância do nosso trabalho, pois é um meio de produzirmos o nosso sustento e o aumento dos nossos bens, as Sagradas Escrituras também ensinam os filhos de Deus a irem além destes resultados:
“Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem.” (Salmos 127.2)
Mais do que “trabalharmos”, somos ensinados a “edificarmos” com a bênção de Deus! A graça do Senhor pode nos levar mais longe que o nosso esforço, mas isto não significa que não precisamos trabalhar. Desde o Antigo Testamento, Deus já admoestou o Seu povo a não achar que prosperariam sozinhos.
O trabalho tem o seu lugar, mas a bênção divina nos leva além dos nossos próprios resultados. Então, não podemos dizer que a liberação da provisão de Deus sobre as nossas vidas depende somente de nós, nem que não temos parte nela:
“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê.” (Deuteronômio 8.17,18)
É lógico que há exemplos bíblicos em que a provisão também flui onde não há condições de gerá-la com o nosso próprio trabalho, como no caso do povo de Israel em sua jornada no deserto, ou de Elias junto ao Ribeiro de Querite.
A falta de trabalho impede o fluir da provisão quando ela está ligada à negligência, mas não no caso de impossibilidade. Mesmo assim, não podemos desassociar o padrão divino da semeadura e ceifa da Sua provisão em nossas vidas. Primeiro o homem faz a sua parte e depois Deus faz a parte d’Ele.
O ASPECTO ESPIRITUAL
Assim como o homem deve plantar e colher para ter o seu sustento na dimensão natural, assim também ele deve gerar recursos e conquistas por meio da semeadura na dimensão espiritual!
As Escrituras Sagradas nos revelam que a Lei da Semeadura e Ceifa não é só uma lei natural. Ela também é aplicada pela Palavra de Deus como uma lei espiritual:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.” (Gálatas 6.7,8)
Além de revelar que este princípio opera em nossa vida cristã, a Palavra de Deus ainda nos mostra de forma bem específica a operação desta lei na esfera da contribuição:
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.” (2 Coríntios 9.6)
O apóstolo Paulo comparou as ofertas com uma semeadura. Portanto, se há um paralelo entre as nossas ofertas e a Lei da Semeadura e Ceifa, há também uma série de lições que podemos extrair dos princípios de semeadura e ceifa encontrados na Bíblia e aplicá-las ao funcionamento das ofertas e dos demais níveis de contribuição.
Na verdade, há vários aspectos interessantes a ser destacados neste assunto do paralelismo entre a “semeadura e ceifa” e as nossas contribuições. Gostaríamos de abordar em seguida alguns destes aspectos.
VOCÊ COLHE O QUE VOCÊ PLANTA
Vemos que o apóstolo Paulo declarou que quem semeia na carne colhe de acordo com o tipo de semente que plantou, e quem semeia no Espírito colhe do Espírito. Esta é uma lei imutável. Deus determinou, desde a Criação, que cada semente gere segundo a sua própria espécie.
Portanto, se você quer uma colheita financeira, você precisa fazer uma semeadura financeira. Se você ajudar alguém com o seu tempo e talento, você colherá de volta este mesmo tipo de semente que você plantou. Mas, se você ofertar os seus bens no Reino de Deus, você terá uma colheita financeira!
Muitos de nós não temos conquistado mais em Deus justamente pela nossa falta de entendimento das leis por Ele estabelecidas. Oséias profetizou: “O meu povo perece porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6).
O entendimento destes princípios nos ajuda a plantarmos intencionalmente, com a expectativa de colhermos. Sei que o Senhor não quer ofertas interesseiras, pois Ele ama ao que dá com alegria. Mas isto não anula o fato de que Ele estabeleceu a Lei da Semeadura e Ceifa e nos instruiu a respeito dela em Sua Palavra. Tenho a certeza de que, ao agir assim, Deus esperava que nós usássemos esta Sua lei para o nosso próprio bem!
ENTENDENDO O PROPÓSITO
Por que precisamos semear e colher? Por duas razões distintas. O apóstolo Paulo falou sobre elas aos coríntios:
“Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça.” (2 Coríntios 9.10)
Ele afirmou que Deus dá semente ao que semeia e pão para alimento, o que revela um duplo propósito na semeadura:
1) Deus quer que semeemos mais.
2) Deus quer suprir as nossas necessidades.
Portanto, podemos afirmar que o propósito da semeadura é a ceifa, e que esta, por sua vez, se divide em duas partes distintas: a de Deus e a nossa.
Vemos este princípio em vários textos bíblicos. Escrevendo aos efésios, Paulo declarou: “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Ef 4.28). Ou seja, o propósito do trabalho não é a obtenção dos meios de subsistência somente para mim. É necessário que haja sobras para que eu possa repartir com outros!
O propósito divino não é apenas suprir as minhas necessidades, mas é também liberar mais transbordan-temente para que eu derrame a Sua bênção e provisão nas vidas de outros!
Há muitos crentes egoístas que só querem o que é necessário para eles viverem. Mas não podemos ter somente o necessário para vivermos! Temos que ter bem mais do que isto! Precisamos ter a nossa parte e a parte de Deus! Numa certa ocasião, Pedro teve a oportunidade de ser ensinado por Jesus de um modo bem prático acerca deste princípio:
“Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por mim e por ti.” (Mateus 17.24-27)
Este é, aos meus olhos, um dos mais belos milagres de provisão na Bíblia! O Senhor não somente supriu a necessidade de Pedro, para que ele pagasse a sua dívida de impostos, mas Ele também forneceu mais do que o necessário. Para quê? Para que ele também pudesse pagar a parte do Senhor Jesus! A instrução foi bem clara: “Toma-o e entrega-lhes por Mim e por ti”. Sempre que uma colheita chega em nossas vidas, é para cumprir este duplo propósito: suprir a parte de Deus (para uma nova semeadura) e também a nossa parte (para o nosso sustento). Observe a instrução dada pelo apóstolo ao seu discípulo Timóteo. Ele falava sobre finanças:
“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” (1 Timóteo 6.17-19)
Ao falar sobre os ricos, ele tanto diz que Deus nos proporciona tudo, para o nosso aprazimento, como também ele nos exorta a praticarmos o bem, a sermos ricos de boas obras, prontos a repartirmos. Assim sendo, ele nos mostra que o propósito das nossas riquezas é duplo:
1) Para o nosso aprazimento, para desfrutarmos de uma parte do que nos foi confiado.
2) Para repartirmos e assim abençoarmos as vidas de outras pessoas.
Tenho encontrado muitos cristãos “humildes”, que não ousam orar para pedirem nada a Deus que seja de ordem financeira. Eles não querem ser abençoados em suas finanças, porque acham que isto é querer se aproveitar de Deus!
No entanto, se você não for abençoado, você não poderá abençoar! Para podermos transbordar recursos para o Reino de Deus e suprir aos necessitados, precisamos da colheita financeira!
Se você não quiser a sua parte da colheita (o pão para alimento), então semeie tudo de novo! Mas não seja omisso em sua responsabilidade de semear no Reino de Deus e em outras vidas! A sua colheita não é importante apenas para você! Ela é importante para Deus! A sua colheita também é importante para outras vidas! Eu não quero colocar uma ambição materialista em seu coração. Incluí neste livro o Capítulo “Aprendendo o Contentamento”, não só para não ser mal-interpretado, mas também para plantar o tipo de atitude correta em seu íntimo. O fato de não podermos ficar presos ao dinheiro não significa que não possamos tê-lo!
Numa certa ocasião, Deus abriu os meus olhos para isto. A Kelly e eu já havíamos ofertado o nosso carro para ajudarmos na conclusão da construção do templo da igreja em que ajudávamos no pastoreamento. Depois disto o Senhor nos pediu mais. Como não tínhamos nenhuma reserva, nem jóias, ou qualquer outro bem, pedi a Deus que me orientasse, pois eu não sabia como ofertar mais. Então me veio uma luz. Nós nos mudamos do apartamento em que morávamos, no centro da cidade, para uma casa de um bairro mais afastado, e ofertamos a diferença do aluguel durante um ano. Estávamos na nova casa há poucos meses, quando o Senhor me pediu que eu ofertasse mais. Ele me orientou a dar R$ 1.000,00 a cada um dos três missionários que Ele me mostrou claramente. Entrei em pânico! Eu não tinha de onde tirar os R$ 3.000,00, e eu achava impossível obedecer tal direção interior que eu recebera do Espírito. Foi aí então que eu orei, dizendo ao Senhor que a única forma de eu conseguir aquele dinheiro seria com Ele, e eu passei a orar fervorosamente por aquela quantia. Algum tempo depois, um irmão bateu à porta de casa e disse que ele sentia em seu coração o desejo de me dar R$ 3.000,00, e ele não sabia o motivo. Dei glória a Deus e então contei-lhe a história, para que ele soubesse que o Senhor realmente o estava dirigindo a fazer aquilo.
Depois que tudo isto aconteceu, fiquei muito intrigado com todo este processo. Achei que era muita burocracia Deus me pedir um dinheiro que eu não tinha, para então eu ter que pedir a Ele para mandar alguém para me doar o dinheiro, para que eu então pudesse doá-lo de novo a outras pessoas, que o próprio Deus havia me mostrado que estavam precisando.
Por que Deus não mandou este dinheiro diretamente a estes missionários, sem ter que me colocar na história?
Porque Ele queria ensinar-me algo!
Devemos ser canais do fluxo das finanças enviadas por Deus. O Senhor não nos pede que ofertemos porque Ele quer tirar de nós o que temos, e sim porque Ele quer criar em nossas vidas um ciclo progressivo de semeadura e ceifa.
Deus fez isto só para me mostrar que Ele quer nos dar mais recursos financeiros. Precisamos de mais do que o suficiente para as nossas necessidades. Precisamos de mais recursos, para sermos um canal de bênçãos no Reino de Deus e nas vidas de outros!
COLHEITA NA PROPORÇÃO DO PLANTIO
Vemos de forma clara um princípio importante no versículo citado anteriormente: “…aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará” (2 Co 9.6). Isto fala da colheita na exata proporção do plantio! Deus não impõe o quanto devemos plantar. Cada um semeia segundo propôs em seu coração. A decisão é nossa! Usamos da nossa vontade e poder de escolha para determinarmos o quanto semearemos!
Não é Deus que decide o quanto eu semeio! Sou eu mesmo que faço a minha escolha e tomo a minha decisão! Contudo, ninguém colhe mais do que aquilo que semeou! Ou seja, o tamanho da colheita também não é determinado por Deus. Ao permitir que nós tomemos a decisão sobre o quanto plantaremos, Deus também deixou em nossas mãos o poder de determinarmos o quanto colheremos!
Nós mesmos determinamos o quanto plantamos. E, ao mesmo tempo, determinamos a colheita, pois ela sempre é proporcional à quantia de sementes que plantamos. Ninguém poderá dizer que Deus o forçou a plantar, mas também não poderá reclamar com Deus por não estar colhendo! Se quisermos “romper” na área financeira e andar na bênção do Senhor, teremos que plantar mais!
HÁ UM TEMPO ESPECÍFICO
Outro aspecto que deve ser enfatizado é que a colheita não é automática, mas precisa de tempo. Alguns plantam a semente num dia, e, no outro, já estão cavando a terra para verem porque ela ainda não brotou. Eu colho hoje a semente que eu plantei ontem, e colherei amanhã a semente que eu estou plantando hoje. Há um processo por trás desta lei, e as coisas não são imediatas, mas a colheita é certa e não falhará!
Estou colhendo hoje algumas sementes financeiras que eu plantei há muitos anos atrás e que eu nem imaginava que ainda tivessem a possibilidade de produzirem frutos.
No reino espiritual não ocorre a mesma cronologia de desenvolvimento e amadurecimento da semente que ocorre no reino natural. Mesmo depois de germinar, a semente ainda tem diante de si todo um processo de desenvolvimento e amadurecimento, antes de chegar o momento da colheita.
Jesus apresentou este processo na seguinte ordem:
“Primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.” (Marcos 4.28,29)
Muitas vezes podemos colher num tempo que aos nossos olhos parecerá ser rápido, e, em outras situações, talvez colhamos num tempo que nos parecerá demorado. O fato é que a colheita somente poderá ocorrer quando o fruto estiver pronto.
A SEMENTE TEM QUE MORRER
Outra verdade importante sobre a Lei da Semeadura e Ceifa, e que também precisa ser entendida, é que a semente só frutifica se vier a morrer. O Senhor Jesus declarou isto:
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (João 12.24)
A lição que extraímos deste paralelo entre o reino natural e o reino espiritual é que não ofertamos para recebermos, e sim, pelo propósito da entrega em si. Além de honrarmos ao Senhor, ainda estaremos suprindo as necessidades do Reino de Deus e de outras pessoas. Quando ofertamos, estamos lançando uma semente que trará uma colheita. E devemos semear com a consciência de que isto produzirá frutos, mas não podemos lançar a semente só pensando na colheita!
O desejo de abençoar nos faz abrir mão de algo que liberamos em favor do Reino de Deus ou de alguém. Esta atitude de abrirmos mão é o momento em que a semente “morre” para nós e poderá frutificar.
Uma atitude egoísta e interesseira pode impedir que a semente germine. Fazer o bem pensando em nós mesmos não é fazermos o bem de verdade, mas é usarmos do benefício como um trampolim apenas para alcançarmos a bênção! Esta é a mesma filosofia apregoada pelos espíritas. Eles fazem o bem para melhorarem o seu carma. Ou, como dizia o meu pai, eles fazem caridade passando um recibo. Mas, as Escrituras Sagradas nos ensinam a fazermos o bem sem esperarmos nada em troca:
“Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. Se amais os que vos amam, qual é a vossa recom-pensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.” (Lucas 6.31-35)
É logo depois desta afirmação, que devemos fazer o bem sem esperarmos nenhum pagamento ou retribuição, que Jesus diz que se dermos, receberemos de volta.
“Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.” (Lucas 6.38 – NVI)
Logo, não podemos negar o ensino bíblico e as promessas divinas de que todo aquele que dá recebe de volta. Mas também não podemos dar somente com a intenção de recebermos, pois aí estaríamos anulando a Lei da Colheita, pois a semente plantada, que não morre, não germina. É uma semente desperdiçada!
Tudo o que não é movido por fé e amor, em essência é pecado. Não é errado pregarmos e dizermos ao povo que, quando dão a Deus, eles recebem de volta, porque certamente este princípio é verdadeiro. Mas precisamos motivá-los a dar por amor e honra ao Senhor, bem como por misericórdia e compaixão pelos seus irmãos. Se as nossas ofertas não expressarem honra, o Senhor também não nos honrará. Ao ofertarmos por amor, e não por interesse, permitimos que a semente morra para nós. É aí que o processo de germinação ocorre e faz com que a colheita venha a seu tempo.
A oferta de Ananias e Safira não foi considerada uma semeadura que trouxe uma boa colheita, nem tampouco a oferta de Caim, lá no início da história da humanidade, porque ofertar com a motivação errada rouba de nós os benefícios prometidos por Deus.
A Palavra de Deus diz que Ele ama ao que dá com alegria, ao que se compraz no ato de dar.
PERSEVERANÇA
A semeadura deve ser uma prática regular e uma expressão de perseverança. A Bíblia nunca nos aconselha a lançarmos uma só semente! Em todos os exemplos bíblicos, há sementes que frutificam, e há sementes que não frutificam. Mas, a insistência e a constância nos levarão aos frutos:
“Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.” (Eclesiastes 11.6)
Já abordamos o princípio de que a semente tem que morrer para nós no momento da semeadura. E esta atitude, de não podermos contar com todas as sementes lançadas, retrata uma parte do ensino. Por outro lado, não podemos perder de vista que Deus quer nos manter cientes de que a colheita virá! Ele alimenta em nós uma expectativa genérica de que, em algum momento, algumas destas sementes produzirão o seu fruto.
Precisamos deste equilíbrio, de termos, por um lado, a consciência de que há bênçãos prometidas para quem aciona este princípio, e, por outro, de mantermos a consciência de darmos com o espírito e a motivação corretos.
Muitos perdem a sua colheita financeira por falta de perseverança. É como se você plantasse a sua semente na terra, e, alguns dias depois, você a cavasse para ver se ela está germinando ou não. Ou ainda, é como se você esperasse pouco tempo após o plantio, e, então, você virasse as costas para a terra semeada, desistindo da colheita, porque ela não foi instantânea.
Além de sabermos esperar, precisamos ter perseverança. Refiro-me a insistência, a continuidade, a longanimidade. Não podemos desanimar! Não podemos desistir! A colheita financeira virá somente aos que perseverarem em sua semeadura. O apóstolo Paulo ensinou isto na Epístola aos Gálatas:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” (Gálatas 6.9 – ARC)
O texto relaciona a colheita ao fato de não desfalecermos. Portanto, não se canse nem desanime! Seja perseverante!
NÃO FAZER ALARDES
Um outro impedimento à bênção da colheita é a falta de ética na questão da discrição ao ajudarmos os outros. Se fizermos alardes com relação ao que foi feito por nós, perderemos a bênção de Deus para as nossas vidas. Esta abordagem foi feita por Jesus no assim-chamado “Sermão da Montanha”:
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mateus 6.1-4)
Como no caso de Paulo, ao falar aos filipenses sobre a oferta recebida, a pessoa que foi ajudada pode fazer alardes sobre a bênção recebida, mas aquele que ajuda… jamais!
TODAS AS NOSSAS ATITUDES SÃO SEMENTES
Alguns erroneamente pensam que a semeadura (seguida de colheita) é um princípio que funciona só na dimensão material e financeira, quando se dá uma oferta em dinheiro. Mas, na verdade, assim como o emprego correto do nosso dinheiro em favor do Reino de Deus ou de pessoas nos leva a uma boa colheita, assim também as nossas atitudes erradas com relação ao uso do dinheiro são igualmente uma semeadura.
E, quando a semente é ruim, a colheita também será igualmente ruim!
Toda quebra de princípios na área das finanças é uma semeadura negativa: a retenção dos dízimos, a sonegação dos impostos, o roubo, a desonestidade nos negócios, o alarde com relação às ofertas, etc. Por isso tenho afirmado desde o primeiro capítulo que a bênção não vem apenas pela entrega dos dízimos ou das ofertas, e sim por uma soma de princípios bíblicos que são praticados em conjunto.
A forma como vivemos influi muito. Não basta fazer a coisa certa, temos que fazer do jeito certo. A semeadura não é só aquilo que fazemos, mas a forma como fazemos.
A PRÁTICA É MELHOR QUE O CONHECIMENTO
O último aspecto que eu gostaria de destacar sobre o plantar e o colher tem a ver com o aspecto prático.
A importância de conhecermos de forma mais ampla a Lei da Semeadura e Ceifa é porque este entendimento certamente nos estimulará a praticá-la. O conhecimento não fará absolutamente nada além disto. A verdade é que não interessa o quanto sabemos sobre esta lei, e sim o quanto a usamos!
Por exemplo, não interessa quem planta uma semente: se é um engenheiro agrônomo que conhece tudo sobre germinação, ou se é alguém completamente ignorante acerca de plantio. A semente brotará pelo ato do plantio, e não pelo dimensão de conhecimento de quem a plantou.
Foi Jesus que nos ensinou este princípio, com um paralelo do reino natural:
“Disse também: o reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse, sem ele saber como. A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.” (Marcos 4.26-28)
Quando comecei a praticar regularmente a lei da semeadura em minha vida, eu não conhecia tudo o que hoje eu sei que está por trás dela, mas, mesmo assim, passei a desfrutar da colheita, pois o que vale não é o quanto você conhece sobre a Lei da Semeadura e Ceifa, e sim o quanto você a pratica! Se você se tornar um “doutor” em semeadura e ceifa, mas não praticar o que você aprendeu, de nada valerá o seu conhecimento! Mas, se você perseverar em semear, você certamente colherá conforme a promessa divina!