Se tentarmos entender as coisas que se passam neste mundo, desde a sua fundação, e especialmente em nossos dias, segundo o ponto de vista meramente humano, conforme o padrão de justiça humano, sem o auxílio da sabedoria de Deus para que possamos fazer a nossa avaliação segundo a instrução recebida do Espírito Santo, é certo que chegaremos a conclusões totalmente distorcidas e incorretas quanto ao que seja justo, por mais sensatas que elas possam parecer aos nossos olhos.
Por exemplo, um assunto de difícil compreensão é o relativo às injustiças sociais, para cuja solução, pensa-se incorreta e utopicamente que poderiam ser resolvidas caso houvesse meramente uma melhor distribuição de renda, e que não houvesse acumulação de riquezas por parte de ninguém, inclusive de instituições financeiras, ou mesmo cobranças de taxas e impostos de toda a população.
Todavia, o que permite a manutenção e organização de sociedades imensas e complexas como as de hoje em dia, é justamente este mal necessário da acumulação por parte de grupos empreendedores que tocam a economia e finanças, de forma a ser patrocinado todo o desenvolvimento necessário do qual desfrutamos direta ou indiretamente.
Toda a infra-estrutura básica, na área de transportes, saúde, construção civil, eletricidade, saneamento, agricultura, entre outros, depende de financiamento bancário. E o mundo moderno foi e tem sido erigido por esta via.
Entretanto, como já dissemos antes, em um mundo dominado pelo pecado, a vida prossegue atrelada a este mal necessário. Se não houvesse pecado no mundo, evidentemente, seria de outra forma, mas Deus o tem permitido, assim como permite outros males, como por exemplo, que se dê carta de divórcio, apesar de que seu propósito original relativo ao casamento nunca tenha sido mudado, que é o da fidelidade e indissolubilidade. Por causa da dureza do coração humano tem permitido, mas não consentido com o divórcio, para evitar males maiores, como a prática da violência e do abuso dentro do casamento.
Mas, voltando ao nosso assunto referente ao uso e distribuição do dinheiro, é importante notar que Jesus o chama de “riquezas de origem iníqua” em Lucas 16.9, confirmando o seu conhecimento de que há todo um processo injusto no uso e circulação da moeda neste mundo. E ainda que não sejamos desonestos, podemos estar certos de que os bens e dinheiro que adquirimos, chegam às nossas mãos tendo sido gerados anteriormente por uma fonte injusta e má, e não santa e boa, conforme seria do propósito de Deus, caso não vivêssemos num mundo de pecado, dominado e liderado por pecadores.
Todavia, Jesus estabelece assim mesmo, um padrão de fidelidade e de honestidade para os cristãos quanto ao uso que devem fazer do dinheiro, porque é na fidelidade no uso daquilo que é de procedência geral injusta, que comprovamos que estamos habilitados para entrar na posse daquela riqueza santa e justa que será o padrão no reino de Deus que será manifestado no final desta dispensação em que vivemos.
E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam. Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus. – Lucas 16:9-15
Estas promessas que citaremos a seguir foram feitas por Deus à nação de Israel como um todo, e não a um grupo de pessoas ou a pessoas individualmente da citada nação. Israel seria abençoado para ser bênção para as demais nações do mundo, conforme o propósito de Deus para eles, notadamente o referente ao anúncio do evangelho que ainda viria a ser proclamado na dispensação da graça, na plenitude do tempo, quando Jesus, o Messias prometido nas Escrituras, fosse manifestado.
Enquanto vigorasse a antiga aliança no período do Velho Testamento, isto deveria ser observado por Israel, até que o Messias viesse.
O propósito deste dispositivo da Lei tinha por alvo garantir a sobrevivência de Israel como uma nação soberana em sua própria Terra, e estimular os israelitas à obediência aos mandamentos de Deus, para que mostrassem às demais nações, por suas próprias vidas e comportamento, o elevado padrão moral e espiritual que se encontra somente no único Deus verdadeiro.
O texto de Deuteronômio 15.1-11, se refere ao chamado ano da remissão, contado a cada sete anos, no qual as dívidas deveriam ser perdoadas e totalmente liquidadas. Isto tinha em vista evitar a cobiça e a prática da usura entre os israelitas, coisa que já era muito comum em todo o mundo conhecido de então.
Observe que nos versículos 3 e 6 Deus fez a promessa aos israelitas que caso toda a nação fosse obediente a todos os seus mandamentos, para uma vida santa e justa, lhes seria dada uma tal abundância de bens e riquezas que não necessitariam se preocupar com a liquidação das dívidas de seus irmãos ou cobrança de juros em empréstimos para se compensarem de possíveis perdas. Esta era uma lei para Israel, de modo que se desejassem poderiam estendê-la às nações estrangeiras, nas dívidas contraídas por estas com o povo de Israel, mas caso contrário, seria lícita seguirem as regras do mercado mundial no assunto relativo à liquidação de empréstimos contraídos pela via de contrato.
Ao fim de cada sete anos, farás remissão. Este, pois, é o modo da remissão: todo credor que emprestou ao seu próximo alguma coisa remitirá o que havia emprestado; não o exigirá do seu próximo ou do seu irmão, pois a remissão do Senhor é proclamada. Do estranho podes exigi-lo, mas o que tiveres em poder de teu irmão, quitá-lo-ás; para que entre ti não haja pobre; pois o Senhor, teu Deus, te abençoará abundantemente na terra que te dá por herança, para a possuíres, se apenas ouvires, atentamente, a voz do Senhor, teu Deus, para cuidares em cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno.
Pois o Senhor, teu Deus, te abençoará, como te tem dito; assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás empréstimos; e dominarás muitas nações, porém elas não te dominarão. Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre; antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade. Guarda-te não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado. Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes. Pois nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na tua terra. Deuteronômio 15:1-11
”A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou qualquer coisa que é costume se emprestar com juros. Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a qual passas a possuir. – Deuteronômio 23:19-20
Sempre existiu e existirá a necessidade de se tomar empréstimos entre as nações, entretanto, Israel seria abençoado de tal forma caso andasse nos caminhos do Senhor, que Ele lhes fez a promessa de Dt 28.12,13, de sequer necessitarem tomar empréstimos para o progresso da nação, uma vez que teria tanta riqueza que seria o credor mundial.
” O SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
O SENHOR te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do SENHOR, teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.”
A condição imposta para Israel ser abençoado e ser bênção para as nações dependia da fidelidade a Deus, notadamente no que se refere à obediência aos Seus mandamentos justos e santos, de modo que, em caso contrário lhes sobreviriam todas as maldições proferidas em Deuteronômio 28.15-68, das quais destacamos as seguintes:
O estrangeiro que está no meio de ti se elevará mais e mais, e tu mais e mais descerás. Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda. Todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído, porquanto não ouviste a voz do Senhor, teu Deus, para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou. Serão, no teu meio, por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência, para sempre. Porquanto não serviste ao Senhor, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo. Assim, com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos inimigos que o Senhor enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te haja destruído. – Dt 28.43-48
Vemos assim a imparcialidade da justiça divina, inclusive em relação ao próprio povo de Israel, o qual, diga-se de passagem tem sofrido sanções divinas mais do que qualquer outra nação da Terra, especialmente nos dias do Velho Testamento, em razão de ter sido feita com eles a Aliança mediada por Moisés.
Concluímos portanto que não é Deus o promotor de toda a injustiça que se pratica no mundo não somente no que se refere ao uso do dinheiro, como em todas as demais áreas de nossas vidas.
Muitos pensam que com a quebra do monopólio e controle financeiro mundial por parte de uns poucos, os problemas da humanidade seriam resolvidos. Entretanto, não cogitam que isto passaria para as mãos de outros, pois é o sentimento do corações de muitos homens exercer o domínio e o controle sobre todo o mundo.
Isto é injusto, sabemos, mas como vimos, Deus o tem permitido porque não há outro meio da roda do progresso continuar girando num mundo sujeito ao pecado. Prova disso se encontra na falência do comunismo em todo o mundo, e aqueles que insistiram na plena manutenção do regime têm cometido maiores injustiças e ficaram alijados do desenvolvimento econômico, como é por exemplo o caso de Cuba.
Só para exemplificar e fechar o nosso assunto, podemos citar que a família dos grandes banqueiros mundiais, como os Rotchilds (que estão por mais de 250 anos seguidos no controle das finanças mundiais), Morgans, Rockefellers e outros, acumularam riquezas inimagináveis através do estabelecimento de bancos centrais com a prática do chamado fractional reserve lending, que significa realização de empréstimo sem lastro, com uso de dinheiro virtual. Seria algo como emprestar o que não se tem, por se recorrer aos imensos fundos depositados pela população nos bancos. Entretanto, com este dinheiro virtual foi financiada, por exemplo, a construção da ponte Rio-Niterói. Deste mal que mais enriqueceu os banqueiros com o dinheiro do próprio povo americano, e com os juros pagos pelo povo brasileiro, surgiu um bem, que é a ponte, e assim ocorre com tudo o mais neste mundo.
Lembram que Jesus chamou a isto de “riquezas de origem injusta”?
O sistema é injusto porque aquele que o comanda não é Deus, mas Satanás, agindo nos corações de homens ímpios e gananciosos, que seguem as suas instruções.
Vem chegando entretanto, o dia em que o próprio Deus porá um termo em tudo isto, quando criar o novo céu e a nova Terra nos quais a justiça habitará para sempre.